Supermercados BH: quanto fatura a rede criada pelo bilionário que comprou o Cruzeiro
Ex-carregador de caixas de supermercados de Belo Horizonte, Pedro Lourenço fundou a Supermercados BH em 1996. Cerca de 30 anos depois, seu nome passa a ser associado com outra empresa: um time de futebol.
Ele confirmou nesta segunda-feira, 29, que vai comprar as ações da SAF do Cruzeiro, nas mãos do jogador de futebol Ronaldo. O empresário também adiantou a contratação de Alexandre Mattos como “homem do futebol” e a presença do filho, Pedro Junior, no futebol do clube.
A transação gira em torno de 600 milhões de reais.
Quem é Pedro Lourenço
Filho de lavradores que moravam em Paineiras, a 250 quilômetros de Belo Horizonte, Lourenço decidiu sair de casa aos 18 anos para trabalhar em Belo Horizonte. Havia estudado até o 8º ano do ensino fundamental e, de cara, foi trabalhar em supermercados — primeiro como encarregado do depósito, depois como carregador, repositor e vendedor.
Em alguns anos, virou gerente e, em seguida, supervisor de vendas do atacadista Ferreirão. Em 1996, quando tinha 40 anos e algum dinheiro guardado, decidiu usar as economias para abrir uma mercearia em um bairro da periferia de Santa Luzia, cidade próxima a Belo Horizonte.
Usou o lucro para ampliar a loja e, em seguida, para abrir filiais em bairros e cidades vizinhas. Em 2004, vendeu cerca de 40% da empresa para dois sócios e, com os recursos, inaugurou mais lojas e comprou mercadinhos que iam mal.
“Meus amigos diziam que não ia dar certo vender na periferia e minha mulher queria que eu desistisse. Mas eu não levo em consideração o que os outros pensam”, disse Lourenço, em entrevista para EXAME em 2017.
Torcedor fanático do Cruzeiro, já chegou até a pagar os salários atrasados dos jogadores, antes do Cruzeiro virar um SAF.
Qual é a estrutura do Supermercados BH hoje
O BH, como a rede é conhecida, cresceu “comendo pelas beiradas”, abrindo lojas onde havia poucos competidores. Escolheu como alvo a periferia de Belo Horizonte e, em seguida, pequenas cidades no interior de Minas Gerais — sempre vendendo produtos de marcas mais baratas. Assim, foi beneficiado pelo aumento do poder aquisitivo das classes C e D de 1996 para cá.
Nesses locais, a competição é com pequenos mercadinhos, e a vantagem do BH é ter escala para negociar melhor com os fornecedores.
Hoje, a empresa fatura 17,3 bilhões de reais. É a quinta maior rede de supermercados do Brasil e a maior de Minas Gerais. Na frente dela, no ranking nacional, apenas Carrefour, Assaí, Grupo Mateus e Pão de Açúcar.
Atualmente, a marca está presente em cerca de 95 cidades. A maioria é em Minas Gerais, mas há operações também no Espírito Santo. São cerca de 300 lojas próprias nestes dois Estados.