Com desfalque do governo Tarcísio, Tabata e Boulos dividem palanque em evento do MEC

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Em disputa pelo campo progressista na eleição para a prefeitura paulistana, os deputados federais Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB) dividiram o palanque de um evento do Ministério da Educação nesta quarta-feira, em São Paulo, para o lançamento regional do programa Pé-de-Meia.

A ausência de membros do alto escalão do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) chamou a atenção, já que a cerimônia foi realizada no prédio da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), na Praça da República. O secretário Renato Feder alegou um compromisso de última hora, e o vice-governador Felício Ramuth também faltou — os dois tinham presença prevista. O governo paulista foi representado somente pelo secretário executivo da Seduc, Vinícius Neiva.

 

As ausências seguem a tônica vista pelo país nos últimos anos, em que adversários políticos ora evitam subir no mesmo palanque, ora até sobem, mas acabam criticados pela militância — em especial a bolsonarista. Tarcísio, por exemplo, costuma receber ataques nas redes sociais quando se encontra com o presidente Lula.

 

Camilo Santana, ministro da Educação, tentou minimizar as diferenças partidárias entre os governos envolvidos na execução do programa. Apesar de se tratar de um projeto federal, o ensino médio é atribuição da esfera estadual.

“Eu quero dizer isso em nome do presidente Lula, independentemente de questões partidárias, não interessa o partido do governador ou do prefeito. O importante é oferecer a melhor educação pública ao povo”, afirmou o ministro antes do evento, e voltaria ao assunto durante seu discurso no palco.

Instituído pelo governo Lula, o Pé-de-Meia viabiliza a criação de uma poupança para estudantes de ensino médio de baixa renda a fim de incentivar sua permanência na escola. Tabata é coautora do projeto de lei que resultou no programa.

O encontro entre Boulos e Tabata também ocorre em meio a uma saia-justa, por causa de um “troca-troca” partidário entre as legendas de ambos. Em março, a vereadora Jussara Basso, ex-liderança do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST, grupo de luta por moradia ligada a Boulos), trocou o PSOL pelo PSB em um ato com a presença de Tabata. Já nesta quarta, após o evento do MEC, Boulos vai dar o troco e abonar a ficha de filiação de Edinho Santana, que deixa o PSB para ingressar no PSOL.

Tabata foi uma das protagonistas da cerimônia, por ser coautora do projeto que deu origem ao programa federal. A participação de Boulos veio após o entendimento de que “pegaria mal” ele não estar presente em um evento do governo cujo presidente apoia sua candidatura à prefeitura. Os dois sentaram lado a lado no palanque, atrás do ministro, e não conversaram entre si.

Em seu discurso para a plateia repleta de estudantes da rede pública, Tabata enalteceu o programa e relembrou a sua própria história, quando ela dependeu de ajuda externa para continuar estudando. Também agradeceu à presença de várias lideranças sentadas ao seu lado no palanque, mas não citou Boulos.

Além de disputar lideranças locais, os dois parlamentares também brigam por espaço de ministros em seus palanques. Enquanto Boulos deve ter apoio de Lula, Fernando Haddad (PSOL), Marina Silva (Rede), Sonia Guajajara (Povos Indígenas) e outros nomes, Tabata deve ter o vice-presidente Geraldo Alckmin e Márcio França (Empreendedorismo), ambos do PSB, em sua campanha.

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