Médico brasileiro detido por assédio no Egito tem registro suspenso por violação do código de ética
O médico Victor Sorrentino, conhecido por ter sido preso no Egito após assediar a vendedora de uma loja no país africano, em 2021, teve o registro profissional suspenso temporariamente por violação de artigos do Código de Ética Médica. A decisão foi publicada pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro na última segunda-feira.
Segundo o Cremerj, a suspensão de 30 dias impede que Sorrentino exerça a medicina até o dia 23 de abril, por violação aos artigos 18, 35, 68 e 112 do Código de Ética Médica, em reflexo de um processo originado no Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul em 2019.
“O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (…) referente aos autos do Processo Ético-Profissional n° 60394/2019, oriundo do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul, vem executar a sanção disciplinar relativa ao médico VICTOR SORRENTINO – CRM-RJ Nº 52 80561-0, CRM-RS Nº 28.606, ficando este impedido de exercer a medicina pelo prazo de 30 dias, no período de 25.03.2024 a 23.04.2024, por violação aos arts. 18, 35, 68 e 112 do Código de Ética Médica (Resolução CFM nº 1.931/09) (…)”, diz trecho da decisão do Conselho Regional.
Consta, ainda, no banco de dados do Conselho Federal de Medicina (CFM), que o médico também tem registro suspenso definitivamente em São Paulo. Os artigos violados por Sorrentino no âmbito da decisão desta segunda-feira tratam de responsabilidade profissional, relação com pacientes e familiares, remuneração profissional e publicidade médica. São eles:
Art. 18: Desobedecer aos acórdãos e às resoluções dos Conselhos Federal e Regionais de Medicina ou desrespeitá-los.
Art. 35: Exagerar a gravidade do diagnóstico ou do prognóstico, complicar a terapêutica ou exceder-se no número de visitas, consultas ou quaisquer outros procedimentos médicos.
Art. 68: Exercer a profissão com interação ou dependência de farmácia, indústria farmacêutica, óptica ou qualquer organização destinada à fabricação, manipulação, promoção ou comercialização de produtos de prescrição médica, qualquer que seja sua natureza.
Art. 112: Divulgar informação sobre assunto médico de forma sensacionalista, promocional ou de conteúdo inverídico.
Victor Sorrentino é dono de um perfil com mais de 1 milhão de seguidores no Instagram, onde se apresenta como “médico funcional integrativo, escritor, professor e palestrante”.
Em maio de 2021, ele foi detido após publicar um vídeo no Instagram em que constrange a vendedora de uma loja em Luxor, no Egito. Na gravação, Sorrentino pergunta em português: “Vocês gostam mesmo é do bem duro, né?”, enquanto a mulher mostrava um papiro. Depois, em tom de deboche, ainda afirma: “E comprido também fica legal, né?”. Sem entender o idioma, a atendente responde “sim”, enquanto ele e os amigos riem.
De acordo com o Ministério Público do Egito, a atitude violou os princípios e valores familiares da sociedade egípcia e desrespeitou a vida privada da vítima ao expor sua imagem na internet. Diante da repercussão negativa, na época, o médico restringiu o acesso dos perfis nas redes sociais. Ele ainda excluiu o vídeo ofensivo e publicou outro no qual pedia desculpas e dizia que foi “uma brincadeira”.
Histórico
Após a prisão, usuários resgataram um vídeo antigo em que Victor tinha comportamento semelhante com uma estrangeira que também não falaria português. Segundo relatos nas redes sociais, este episódio teria ocorrido em 2014 na Austrália.
Nessas imagens, era possível ver uma mulher repetindo determinadas palavras conforme Victor ditava, formando a frase “Eu vou transar com ele, muito”. Na sequência, o médico diz que depois “vai despachá-la”. Não fica claro se ela tinha conhecimento sobre o conteúdo da conversa, mas o episódio reforçou as críticas ao autor por suas características sexistas e, assim como o caso da vendedora egípcia, também viralizou nas redes sociais.
A liberação de Sorrentino da detenção no Egito aconteceu após a vendedora aceitar um pedido de desculpas do médico. Ele voltou ao Brasil em junho daquele ano