De El Niño para La Niña: chuvas podem ultrapassar volumes registrados nas maiores tragédias do Rio

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O outono marca a fase de transição entre os fenômenos El Niño, que está perdendo força, e o La Niña, que se estabelece durante a estação. O período dá origem a diversos eventos climáticos, como as chuvas intensas previstas para o final de semana no estado do Rio de Janeiro, em especial para as regiões metropolitana e serrana.

Ainda como herança do El Niño, no qual a atmosfera permanece extremamente quente na Região Sudeste, haverá a chegada de uma frente fria intensa nos próximos dias, aponta o professor do Departamento de Engenharia Agrícola e do Meio Ambiente da Universidade Federal Fluminense Márcio Cataldi. Além disso, ele explicou ao O Globo como é feito o processo para realizar as previsões.

“As previsões do tempo são atualmente baseadas em resultados de modelos numéricos, desenvolvidos em diferentes centros de meteorologia espalhados pelo mundo, e avaliadas por meteorologistas que possuam experiência em previsão do tempo. Estas previsões estão baseadas principalmente nos campos atmosféricos previstos pelo modelo do centro alemão e pelo modelo do Centro Europeu”, descreveu ao O Globo.

Como vai ser o ano da La Niña?

O fenômeno trará características de frentes frias que ocorrem em períodos de La Niña. A partir de sexta-feira, a transição será intensa no Rio de Janeiro e sudeste de Minas Gerais, com a intensificação da chuva na Região Serrana do estado, e pode se alongar até a terça-feira.

“No caso da chuva prevista para o final de semana, além dos elevados volumes de chuva previstos pelos modelos, as condições atmosféricas estão bastante favoráveis para a ocorrência de chuva intensa e persistente realmente acontecerem”, completou ele.

Ciclones

Durante a passagem do evento se formarão pequenos vórtices em níveis médios da atmosfera e, entre domingo e segunda, um pequeno ciclone próximo da costa do estado do RJ. Essa configuração poderá ocasionar elevados volumes de chuva em todo o estado, revelou Márcio.

A previsão aponta que pode ultrapassar a marca do 400 mm na Região Serrana em um período de 48 horas. O professor explica que o valor supera o registrado durante o desastre do Morro do Bumba, em Niterói, que foi de cerca de 372 mm em 72 horas. Além disso, mesmo inferior, se aproxima ao catalogado na última tragédia de Petrópolis, que foi de 548 mm entre os dias 20 e 21 de março, em 2022, compartilhou ele em uma publicação a partir de dados retirados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e corrigidos com a contribuição da Meteorologista Hana Silveira.

“São valores anomalamente altos e ocorrendo em um intervalo de tempo de dois a três dias. A maior preocupação, até o momento, parece ser com o município de Petrópolis e toda a Região Serrana do estado, mas sem descartar a região metropolitana do Rio”, revelou o professor ao O Globo.

Márcio ainda ressalta que “a previsão esteja sempre sendo atualizada pelos órgãos competentes, até um pouco antes do avento, para que possam tomar as medidas necessárias e visualizarem quais serão as regiões mais críticas”.

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