Rafa Kalimann comenta sobre estreia no Carnaval e pressão estética: ‘Me acho linda e me aceito assim, vocês não têm que aprovar’
Rafa Kalimann faz sua estreia na dramaturgia e já chega com uma baita responsabilidade, interpretar uma vilã. Num bate-papo exclusivo com Marie Claire, ela conta como está sendo viver esse novo ciclo na sua vida profissional, onde interpreta Jessica, em Família é Tudo, novo folhetim das 19h da Globo, e também como concilia com a maratona de ensaios de Carnaval.
Em 2024, a – agora – atriz debuta na dramaturgia e na Marquês de Sapucaí praticamente ao mesmo tempo. A goiana desfila pela Imperatriz Leopoldinense, escola do Grupo Especial do Rio de Janeiro, que atravessa a Sapucaí na noite do domingo (11). Leia a entrevista na íntegra:
MARIE CLAIRE O que podemos esperar da sua vilã?
RAFA KALIMANN Eu acho que ainda é cedo para conseguir falar isso, mas existe uma tendência de em algum momento o público ficar do lado dela. Pode ser um achismo pessoal de como se fosse uma telespectadora dessa dessa trama [risos]. Ela é uma vilã cínica.
MC E ainda falando de vilãs da dramaturgia, Qual seria seu Top 3 para te inspirar a viver a Jessica de Família é Tudo?
RK Carminha [de Avenida Brasil] é uma uma vilã que a gente amou odiar, a Adriana Esteves fez maravilhosamente bem. Outra atriz que que entregou uma vila sensacional para mim foi Letícia Colin em Todas as Flores. A personagem, Vanessa, dava raiva mesmo, mas era uma raiva que você queria continuar assistindo [risos]. E também tem a Nazaré (Renata Sorrah) [de Senhora do Destino], que foi uma vilã que o público amou demais, foi uma obsessão.
MC E você se inspira em alguma delas?
RK A Renata Sorrah pra mim é uma das maiores. Tive a oportunidade de trocar com ela no primeiro curso que fiz na Globo, a oficina de atores, e foi fundamental para mim. Lembro que cheguei e falei que estava insegura e ela generosamente olhou para mim e disse: “Rafa, eu fico insegura até hoje”. E isso me aliviou demais, então a Renata é um estímulo de carreira.
MC Chegou a conversar com alguma ex-BBB que seguiu o caminho da atuação?
RK Sou apaixonada pela Juliana Alves, ela é maravilhosa. O coração dela é admirável. Também tive oportunidade de conversar com a Grazi Massafera e com a Jade Picon. A Grazi passou por situações internas, que ela já contou em entrevistas. Eu e Jade pegamos essa leva dos críticos da internet. Internamente, sou muito acolhida, assim como a Jade também foi.
MC Após sair do BBB, você esteve em alguns projetos e, como costuma acontecer, recebeu críticas de uma parte das pessoas na Internet. Você acredita que hoje está mais preparada para as recepções do público, sejam elas positivas ou negativas? Como trabalhou isso em si mesma?
RK Estou tranquila em relação a isso. Aliás, esperei muito por essa oportunidade e me preparei tanto! Troco muito com o meu diretor Fred Mayrink. Peço feedback, se está legal, não parei de estudar. Esse é o processo natural, já entendi também que as pessoas tem o direito de não gostar. Mas acho que o hater já caiu num lugar de algo pessoal.
MC Como está sendo encarar dois desafios de uma vez só? Esse é seu primeiro ano como destaque de uma grande escola do Carnaval.
RK Eles se somam. A preparação como atriz estava pedindo uma explosão, sabe? Para me soltar, porque a minha personagem é tensa, densa e controladora. E isso faz meu corpo também ser controlado pela atuação. Estava precisando soltar tudo e aí chegou o Carnaval.
MC Como está sendo sua preparação?
RK Muito ensaio, mas depois da Dança dos Famosos, eu consigo fazer qualquer coisa [risos], vou dar conta. E eu fui muito acolhida. Estou recebendo tanto carinho pela galera do samba de Ramos, da escola, está tão gostoso, que a probabilidade de eu sair do Carnaval é zero.
MC O que achou mais difícil?
RK O próprio samba é o mais difícil [risos]! Eu estou amando Ramos, tanto o ensaio na escola, como o de rua, receber o carinho do povo de perto é diferente. Estou amando, o meu descanso está sendo ir para Ramos, ensaiar na rua, na quadra, a minha leveza está aí.
MC E antes desse momento foliã, qual era sua ligação com o Carnaval?
RK Nenhuma ligação, só assistia. Em 2021, quase desfilei para a Imperatriz na comissão de frente, como Dalva de Oliveira. Mas comecei a gravar a Rede BBB e fiquei preocupada, porque é uma responsabilidade. Você faz um compromisso com a escola, tem que estar ali presente, conhecer a fundo, aprofundar relações. No entanto, naquele momento estava muito tumultuado. Então achei melhor não e pensei que na hora certa aconteceria e esse dia chegou.
MC O Carnaval mostra muito o corpo da mulher e traz também muitos julgamentos. Como é a sua relação com a autoestima?
RK Sou muito tranquila em relação a isso. Tem um vídeo que é tão engraçado, eu até postei [risos], que estou em Ramos e uma senhora gritou: “Ô amiga da celulite. Vem cá”. A Paolla Oliveira está fazendo uma coisa tão genial e engrandecedora para nós, mulheres, que é de assumir mesmo essas críticas. Eu me acho linda e me aceito assim e vocês não têm que aprovar ou não, sou eu comigo.
MC Sendo a saúde sempre como foco, você segue com protocolo de cuidados nesse período de folia?
RK Estou cuidando da minha alimentação e preocupada com o condicionamento físico, mas sou zero preocupada com o meu corpo por questão de estética. Discordo com isso de porque chegou o Carnaval, eu preciso mudar meu corpo completamente, para apresentar para o público uma outra aparência. Tenho que cuidar de mim pela minha saúde, continuo seguindo a mesma rotina de treino e dieta que sempre fiz. Se a consequência desses cuidados é estar com o corpo que estou, ótimo, se não, tá tudo bem também, o que me interessa é a saúde.
MC Soltamos recentemente uma matéria que constatamos que o Carnaval no Brasil não é feito para mulheres pelo fato de que os estupros aumentam 50% nessa época do ano. Como essa informação ressoa para você, que agora vive esse momento?
RK Eu fico impressionada que a gente ainda precisa falar disso, é tão absurdo. Nós estamos livres e ao mesmo tempo extremamente limitadas nesse momento de alegria. É um eterno medo que a gente sente de existir, temos que estar atentas o tempo todo. Nos condicionamos no pior lugar possível. Tenho muito medo e zelo muito pela minha segurança. Quando fui morar sozinha em São Paulo, fingia estar falando com meu pai no telefone, como se ele estivesse me esperando no destino final para nada acontecer comigo. É criar uma estratégia de precaução porque constantemente vivemos dentro desse ciclo.