Folia ‘caseira’ pesa menos no bolso, enquanto viajar está bem mais caro em 2024
Os primeiros bloquinhos de carnaval já saíram às ruas neste final de semana e, embora as imagens tenham mostrado que a animação não diminuiu em relação ao ano passado, uma mudança será observada tanto para quem curte a festa quanto para quem prefere aproveitar a folga do feriado para apenas descansar: os preços de vários artigos também pularam, para um patamar mais alto em 2024.
A percepção da “inflação do carnaval”, assim como qualquer índice de preços, depende muito da cesta de produtos que as pessoas consomem. A festa estará naturalmente mais cara para quem paga pelos serviços ligados à data, enquanto quem opta por produtos do dia a dia não vai sentir tanto a variação no bolso.
O InfoMoney conversou com Rachel de Sá, chefe de Economia da Rico, que analisou uma lista de itens muito consumidos nesses tempos. Ela usou a variação do IPCA fechado de dezembro, que subiu 4,62% no acumulado de 12 meses. “A maior diferença é passagens aéreas e hospedagem. Algo com impacto direto. Está pintando um carnaval do tipo ‘fique em casa’ e vá no bloquinho”, diz a economista.
A primeira constatação de que o carnaval “caseiro” sai mais em conta vem do período de desinflação de alimentos que foi observada em vários momentos durante o ano passado. Fazer um churrasco entre amigos, por exemplo, é uma boa pedida, quando se pensa na inflação.
Picanha e cerveja
“Quando olhamos para a carne, a picanha caiu 10,6% em 12 meses em dezembro. Foi uma queda bastante acentuada. E os pescados tiveram alta de 3,45%”, lista Rachel, ao lembrar que esse último índice é inferior ao da inflação geral acumulada.
Nas bebidas, lembra a economista, não houve necessariamente o mesmo movimento, as alta observada não foi tão gritante na cerveja, que subiu 5,3%. Mas quem optar por outros tipos de bebidas alcoólicas, vai encarar outra realidade, já que a inflação nesse item foi de 11,4%.
Rachel diz que essa diferença pode ser explicada pela influência de bebidas importadas, como vinho, vodca e gim, já que em boa parte do ano passado houve uma desvalorização do real ante o dólar, algo que passou a ser revertido nos últimos meses de 2023.
O refrigerante, outro item popular no carnaval, teve um aumento de 6,74%. A alta do dólar e a alta do preço do açúcar, outro ingrediente importante, são os principais motivos, conforme comentários da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), que também fez um acompanhamento dos preços.
A menor variação para quem fizer a opção caseira fica ainda mais evidente quando se comparam a alimentação dentro e fora do domicílio. Em 12 meses em dezembro, comer em casa foi 0,52% mais barato, enquanto comer fora ficou 5,31% mais caro. – a refeição subiu 4,34% e o lanche avançou 7,24%.
“Estamos comparando um bem com um serviço. Fora do domicílio é um serviço. Ao longo de 2023, a gente teve um setor de serviços relativamente forte, que só foi perdendo força no final do ano”, explicou Rachel, que disse ainda ver resiliência em vários preços, principalmente aos mais ligados à renda das famílias.
Nas alturas
Mas é para quem não abre mão de viajar no período do carnaval que a inflação vai ser mais sentido. Os preços das passagens aéreas, um item muito volátil, mas que foi o grande vilão nas últimas divulgações dos índices de preços ao consumidor, subira 47,24% em 12 meses em dezembro.
E boa parte disso está mais ligado ao crescimento da demanda, que andava reprimida após a pandemia, do que com os custos, uma vez que o querosene de aviação caiu 20% em 2023 em relação a 2022.
E o preço da hospedagem subiu 11,6%, depois de ter experimentado uma deflação 9,75% na época do carnaval de 2023. Já o item “pacote turístico” dentro do IPCA teve uma alta de 6% em 2023. “Às vezes, fechar um pacote sai mais em conta e vale mais a pena”.
Mesmo quem for curtir a folia em sua cidade, deve olhar para outros preços antes de sair de casa. O transporte público no geral teve alta de 10,8% em dezembro ante dezembro, muito puxado pelo táxi (+8,9%). O transporte por aplicativo, por sua vez, subiu apenas 1,13%.
Quem vai pegar a estrada, verá que o pedágio teve uma alta relevante de 12% no ano. Mas o preços do carro usado caiu -4,8% na mesma comparação e o preço do pneu recuou 6%.