Mercado tem escassez de LCIs e LCAs três dias após mudanças nas regras de emissão
Poucos dias após mudanças nas regras para emissão, já é difícil encontrar Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e do Agronegócio (LCAs) com vencimento curto no mercado. Na última semana, o Conselho Monetário Nacional (CMN) limitou lastros e esticou o prazo mínimo desses papéis, que passam agora a ter vencimento de pelo menos 9 meses, no caso de LCAs, e 12 meses para LCIs.
A medida do CMN praticamente extinguiu das plataformas de investimento os papéis com vencimento em 90 dias, até então comuns, e convenientes para os investidores que queriam rentabilidade aliada a liquidez. Também deixou de ser fácil encontrar títulos com vencimentos mais longos, mas que tinham liquidez diária (possibilidade de sair do investimento a qualquer momento) depois de 90 dias de aplicação.
“Normalmente, as instituições financeiras fazem emissões diárias e, como a regra passou a valer praticamente do dia para a noite, não houve preparo para produzir grande volume de estoque no mercado secundário”, explica Mayara Rodrigues, analista de renda fixa da XP. Ela conta que, atualmente, há um número “pequeno e finito” de LCIs e LCAs curtas disponíveis para compra.
O CMN promoveu os ajustes nas regras na última quinta-feira (1). Na sexta, as emissões já deviam se adequar às mudanças. “Notamos muitos players fazendo a lição de casa na sexta-feira e não emitindo letras de crédito, já que precisavam se adequar às regras”, narra Erick Scott Hood, head de produtos de investimentos do Inter.
Para ele, não houve uma corrida de investidores para comprar LCIs e LCAs de curto prazo e a escassez rápida desses papéis é explicada pela alta demanda que tinham: eram absorvidos pelo mercado assim que emitidos.
CDBs devem crescer
Com as novas regras, as LCIs e LCAs podem perder atratividade, já que algumas instituições financeiras podem não conseguir captar tão facilmente com esses instrumentos, recorrendo a outros meios e diminuindo a concorrência no segmento. Como consequência, os ativos que sobrarem tendem a ter taxas menores.
Nesse contexto, avaliam especialistas, os CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) tendem a crescer. Eles já foram considerados o porto seguro dos investidores de renda fixa que fugiram do crédito privado durante a crise de confiança no ano passado. Agora, avaliam especialistas, podem ser o recurso para emissão de dívida das instituições financeiras.