RENT3: Localiza tem fraqueza “atípica” ao cair 15% em janeiro: ação vai se recuperar?
Os papéis da Localiza (RENT3) surpreenderam negativamente no mês de janeiro, ao registrarem uma queda considerada “atípica” de 14,9%. Em comparação, o índice Ibovespa caiu 4,79% no mesmo período.
Alguns fatores contribuíram para esse desempenho atípico das ações da locadora de veículos. O Goldman Sachs destaca que principal objeção à sua visão otimista sobre a Localiza em conversas com investidores está relacionada ao cenário desafiador de vendas de carros usados (preços em queda, escassez de crédito para empréstimos automotivos) e a correspondente pressão sobre a depreciação e as margens de vendas de carros usados.
O Goldman Sachs ainda comenta que apesar estar confiantes nas perspectivas de longo prazo do negócio, reconhece que o curto prazo continua desafiador, o que pode adicionar pressão nas margens de vendas de carros usados e na depreciação nos próximos trimestres. Segundo cálculos do banco, cada redução de 100 pontos-base nas margens de vendas de carros usados diminui sua estimativa de lucro líquido em 5%; e cada aumento de 10% na depreciação/carro/ano diminui a estimativa de lucro líquido em 8%.
A equipe de research do BTG acredita que o sentimento desfavorável é principalmente impulsionado por preocupações crescentes com a depreciação e discussões sobre tendências de crescimento normalizadas. “O atraso no crescimento do mercado automotivo provavelmente intensificou as preocupações sobre o ritmo de desmobilização de veículos e preços de venda”, dizem analistas.
Quanto ao crescimento, o BTG explica o potencial de expansão via uma maior acessibilidade dos clientes foi prejudicado por maiores tarifas (especialmente no RAC, ou segmento de aluguel de carros), que são completamente cíclicos e que supostamente diminuirão assim que a empresa desmobilizar os carros caros adquiridos durante a pandemia. Nesse sentido, analistas vêem uma reação das ações um tanto exagerada, mas reconhecem que o mercado está sem confiança, e as tendências de lucros de curto prazo devem exacerbar tais preocupações.
Já o Bank of America avaliou como neutro para os resultados financeiros da Localiza no longo prazo a mudança nas premissas de alocação de custos referentes aos custos de preparação para desativação de veículos. “Caso essa mudança se concretize, os custos com desativação de frota (principalmente relacionados a carrocerias, pinturas, reparos e reposições para melhorar o valor de revenda dos veículos) não serão mais alocados na divisão de seminovos, mas sim na divisão de Aluguel de Carros (RaC).”
Embora neutro para os resultados da Localiza no longo prazo, o BofA acredita que a mudança poderia causar algum impacto positivo no lucro líquido no curto prazo, especialmente se a empresa depreciar seus veículos a uma taxa menor para compensar o componente de custo de preparação que já foi incluído na depreciação de veículos nos últimos trimestres.
Para o futuro, o Itaú BBA projeta um crescimento da receita de aproximadamente 10% ao ano para a divisão RAC da Localiza com base em uma análise de cada um de seus segmentos. O banco ainda destaca que empresas representam 60% da frota da Localiza para RAC.
O BBA ainda diz que o estudo dos momentos de crescimento passados “dá a certeza de que a Localiza possui tanto a cultura quanto a capacidade de gestão para capturá-la”. “Acreditamos que, à medida que a empresa muda o seu foco da pós-pandemia/integração para o modo de crescimento, os investidores começarão a ter isso em conta novamente.”
O Itaú BBA reitera classificação outperform (desempenho acima da média, equivalente à compra) e preço-alvo de R$ 80, citando uma combinação de história de alta qualidade e sensível às taxas; inflexão positiva para expectativa de lucro por ação; e forte potencial de crescimento com novas verticais e existentes. O BofA, Goldman Sachs e BTG também tem recomendação de compra e preço-alvo de, respectivamente, R$ 76,00, R$ 86,10 e R$ 90.