Onda de frio ajuda safra de trigo da Índia, mas previsões de clima quente impõem risco
A atual onda de frio que está varrendo o centro e o norte da Índia pode ajudar os agricultores a colher uma safra de trigo abundante este ano, mas qualquer aumento repentino e anormal nas temperaturas afetará os rendimentos, disseram autoridades e produtores, forçando o país a importar o produto básico.
A colheita de trigo deste ano é fundamental para a Índia, o maior produtor mundial do grão depois da China. O clima quente e fora de época reduziu a produção de trigo da Índia em 2022 e 2023, levando a uma forte redução das reservas estatais.
Uma terceira colheita ruim consecutiva não deixará outra opção para a Índia a não ser importar um pouco de trigo. Até o momento, o governo tem resistido aos pedidos de importação de trigo — uma medida aparentemente impopular antes de uma eleição geral no início deste ano.
Um longo período de frio ajudou o trigo durante seu crescimento vegetativo, mas um aumento nas temperaturas, esperado para os próximos dias, pode afetar a safra durante o estágio crucial de formação de grãos.
“Devido ao clima frio, esperamos um rendimento um pouco melhor do que o normal, de 3,5 toneladas por hectare, e é por isso que atingiremos facilmente a produção da meta de 114 milhões de toneladas”, disse à Reuters Gyanendra Singh, diretor da estatal Diretoria de Pesquisa de Trigo.
Depois de um início lento do plantio, uma sequência de clima frio ajudou a safra, mas as condições climáticas precisam permanecer favoráveis até o início de abril, disseram os produtores.
As temperaturas mínimas e máximas nos Estados do norte e do noroeste começaram a subir, disse um funcionário do Departamento Meteorológico da Índia que não quis ser identificado pois não está autorizado a falar com a imprensa.
A safra de trigo da Índia em 2023 foi pelo menos 10% menor do que a estimativa do governo de cerca de 112 milhões de toneladas métricas.
Como resultado, os estoques caíram para o nível mais baixo em sete anos, com os preços muito acima do preço mínimo de apoio estabelecido pelo governo, pelo qual as agências estatais compram o grão dos agricultores.
O governo projeta a produção de trigo deste ano em um recorde de 114 milhões de toneladas.