Casa Branca critica proposta republicana para orçamento e fala em ‘caos’ na oposição
Proposta incluía repasse de recursos para militares e o Departamento de Energia e deixava apoio financeiro a Israel ou Ucrânia de fora
A Casa Branca rechaçou o plano da liderança republicana na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos de resolução temporária para evitar a paralisação do governo. “Esta proposta é apenas uma receita para mais caos republicano e mais paralisações – ponto final”, criticou a secretária de imprensa do Poder Executivo americano, Karine Jean-Pierre, em comunicado divulgado neste sábado.
A porta-voz acusou a oposição de “perder tempo” com um projeto de lei “pouco sério” que foi alvo de crítica dos dois partidos.
O caso acontece poucos dias antes do fim do prazo para o financiamento das atividades federais, em 17 de novembro, que poderia gerar uma paralisação, atribuída pela mesma a extremistas do Partido Republicano. “Os republicanos da Câmara precisam de parar de perder tempo com as suas próprias divisões políticas, fazer o seu trabalho e trabalhar de forma bipartidária para evitar uma paralisação”, disse.
Proposta rechaçada
A proposta republicana rechaçada pela Casa Branca foi divulgada ontem (11) pelo presidente da Câmara do Representantes dos Estados Unidos, Mike Johnson. A resolução consistia em um projeto de duas etapas, que incluiria recursos para militares e o Departamento de Energia até 19 de janeiro e garantiria o orçamento para outras áreas até 2 de fevereiro.
Nenhuma das legislações traria mais dinheiro para apoio militar a Israel ou Ucrânia, de acordo com a CNN.
Em publicação nas redes sociais, Johnson explicou que opção por fatiar o plano visa permitir negociações em temas sensíveis, como a segurança da fronteira com o México – temática de grande peso para legisladores e eleitorado republicanos. “Esta resolução contínua em duas etapas é um projeto de lei necessário para colocar os republicanos da Câmara na melhor posição para lutar por vitórias conservadoras”, destacou.
Segundo Johnson, o objetivo seria impedir a aprovação de um volume significativo de gastos públicos antes do recesso do Natal. “Com nossa dívida saindo de controle, os custos crescentes da ‘Bidenomics’ prejudicando as famílias e a nossa fronteira sul aberta, os republicanos da Câmara nos devem posicionar da melhor forma para lutar pelo povo americano”, disse, em referência ao nome que descreve a agenda econômica do presidente dos EUA, Joe Biden.
A estratégia do líder republicano abre o primeiro grande desafio que enfrentará à frente de uma apertada maioria na Câmara.
O antecessor de Johnson, Kevin McCarthy, foi removido do cargo depois de ter articulado uma resolução orçamentária que estendeu em mais de um mês o prazo para evitar a paralisação. A solução irritou a ala mais à direita do partido, que se juntou aos democratas para derrubá-lo em uma inédita votação de confiança.
Antes, a relação de McCarthy com parte dos correligionários já havia ficado estremecida após um acordo do então líder com o governo do presidente dos EUA, Joe Biden, para suspender o teto da dívida. O tema esteve no centro do impasse republicano para encontrar um novo chefe da Câmara, que paralisou o Congresso por semanas.