IA desenvolve a próxima geração de medicamentos antiácidos
No Japão, pesquisadores da Universidade de Nagoya trabalham na criação de uma nova plataforma para o desenvolvimento de medicamentos antiácidos, impulsionados pela Inteligência Artificial (IA). O objetivo da tecnologia é criar uma nova geração de remédios para acidez no estômago, deixando para trás os atuais inibidores de bomba de prótons, como Esomeprazol, Omeprazol, Pantoprazol e Rabeprazol.
As primeiras descobertas da equipe com a plataforma e os caminhos para um novo medicamento antiácido, ainda mais eficaz que os disponíveis atualmente nas farmácias, foram publicados na revista Communications Biology. Os testes com humanos da nova medicação ainda não foram iniciados.
O que é acidez no estômago?
Para decompor os alimentos e extrair os nutrientes, o ácido estomacal é parte fundamental desse processo. O problema é quando a acidez fica maior que o normal, o que pode gerar um desconforto, a azia e a sensação de queimação. Em casos graves, a condição pode desencadear úlceras gástricas e esofagite de refluxo.
Para resolver o excesso de acidez de forma pontual, a solução mais simples é o uso de medicamentos antiácidos. Eles atuam como inibidores da bomba de prótons (IBP), já que suprimem a secreção do ácido gástrico por meio da inibição específica da enzima H⁺/K⁺ ATPase na superfície de células gástricas específicas. De forma simples, é esta enzima que vai acidificar o estômago.
Novos medicamentos antiácidos
Embora esses atuais remédios funcionem, os pesquisadores japoneses apostam na possibilidade de desenvolver fórmulas ainda mais eficazes. Dessa forma, eles usaram a IA para identificar compostos com estruturas químicas capazes de se conectar à bomba de prótons a partir de diferentes pontos e, com isso, inibir a sua reação.
Após a primeira fase, os cientistas conseguiram identificar mais de 100 compostos teoricamente com essa capacidade. Em seguida, os resultados foram analisados por químicos e biólogos, e melhorias foram sugeridas. Então, foi desenvolvido o composto DQ-18, com maior capacidade de ligação e, consequentemente, de inibição. Segundo os autores, é 10 vezes superior aos compostos disponíveis no mercado.
IA desenvolvendo remédios
Hoje, “podemos ver a IA sendo útil para criar tratamentos, mas não de forma completa e nem automática”, afirma Kazuhiro Abe, professor da universidade e um dos autores do estudo, em nota.
“Usamos IA para projetar medicamentos baseados na estrutura desejada, ponto no qual nós, os humanos, não somos tão bons. Mas escolhemos candidatos reais para sintetizar e, de fato, melhoramos com as nossas próprias mãos [até chegar a essa versão final]”, acrescenta Abe. Agora, é preciso testar os resultados em estudos clínicos.
Se a pesquisa dos cientistas japoneses ainda caminha para os testes clínicos, já é realidade os testes em humanos com remédios gerados com a ajuda de IA para tratar uma doença pulmonar crônica.
Fonte: Communications Biology e Universidade de Nagoya