Ambientalistas cobram ação do governo após alta de quase 30% do desmatamento na Amazônia

Levantamento do Inpe divulgado nesta segunda-feira (18) confirmou tendência de aumento. A área desmatada de agosto de 2018 a julho de 2019 foi de 9.762 km².

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Grupos de defesa do meio ambiente, pesquisadores e especialistas cobraram ações concretas do governo federal para conter a destruição da floresta amazônica, após a confirmação de que houve um aumento de 30% da área desmatada na Amazônia no último período de 12 meses, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O coordenador de Políticas Públicas do Greenpeace, Marcio Astrini, disse ao G1 que o aumento do desmatamento está diretamente relacionado à postura do governo em relação ao problema.

“O governo abriu mão de fiscalizar, de passar a mensagem correta da resposta ao problema”, afirmou.

“Na Amazônia, é muito mais barato você combater o desmatamento do que fazer replantio. A Amazônia é um lugar de difícil acesso e a reposição florestal ocorre depois de décadas. Há perdas ali, principalmente dentro de áreas protegidas, que não têm mais retorno.” – Marcio Astrini, do Greenpeace

O diretor-executivo do WWF-Brasil, Mauricio Voivodic, afirmou em nota que “se o governo federal não modificar profundamente sua postura em relação ao tema, o desmatamento tende a crescer ainda mais no próximo ano, fazendo com que o país retroceda 30 anos em termos de proteção à Amazônia.”

O secretário-executivo do Observatório do Clima, Carlos Rittl, mostrou preocupação com a tendência.

“Propostas como legalização da grilagem de terras públicas, mineração e agropecuária em terras indígenas, e infraestrutura sem licenciamento ambiental só mostram que os próximos anos podem ser ainda piores” – Carlos Rittl, do Observatório do Clima

O representante do Observatório afirmou ainda que, “diferentemente do que aconteceu em anos anteriores de elevação da taxa [de desmatamento], desta vez não foi anunciado pelo governo federal nenhum plano crível para reverter a situação”.

Rittl questiona se os parceiros comerciais do Brasil continuarão confiando na capacidade do país de manter o desmatamento sob controle e cumprir as metas do Acordo de Paris.

Já para Adriana Ramos, diretora de Políticas Públicas do Instituto Socioambiental (ISA), “nenhuma taxa é aceitável quando se sabe que mais de 90% do desmatamento é ilegal”.

Ela critica o fato de que a gestão do ministro Ricardo Salles vem buscando alterar a estrutura do Fundo Amazônia, o que Ramos define como “único instrumento de financiamento voltado a redução do desmatamento na Amazônia”.

O cientista Gilberto Câmara, ex-diretor do Inpe e atual chefe do Grupo de Observação Geoespacial (GEO, na sigla em inglês), avalia que os dados do Prodes divulgados nesta segunda-feira mostram que “regredimos 10 anos” no combate ao desmatamento.

“O pior é que liberou geral. AC com 2a. maior taxa desde 2004 (668 km2). Em RR e AM, maior taxa desde 1990. A metástase da ilegalidade se espalha por toda a Amazonia. Desmatadores por toda parte, respondendo aos incentivos firmes do governo”, disse Gilberto Câmara em uma rede social.

Em nota, o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) disse que os números oficiais do desmatamento “mostram que a derrubada da floresta ganha força quando deveria cair.”

De acordo com o Ipam, é preocupante que 40% do desmate ocorrido entre janeiro e julho deste ano tenha acontecido em terras públicas.

“As terras públicas são áreas de responsabilidade do poder público, onde ações de comando e controle são fundamentais para coibir a grilagem de terras e a extração ilegal da madeira”, disse a diretora sênior do órgão, Ane Alencar. “Quando o desmatamento cresce nessas áreas, é cristalino o enfraquecimento da fiscalização em campo.”

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Fonte globo
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