123Milhas demite dezenas de funcionários após suspensão de viagens
Lista de funcionários desligados já passa de 80 e atinge diferentes setores da companhia
Após suspender a emissão de bilhetes de viagens, a 123Milhas demitiu funcionários nesta segunda-feira (28), um novo capítulo aberto da crise pela qual passa a companhia. Os profissionais atingidos pela medida estavam lotados na sede da empresa, em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais.
Numa lista que circula no LinkedIn constavam 84 nomes de pessoas demitidas que pertenciam a várias áreas da empresa, como Tecnologia da Informação, Desenvolvimento de Produto, Prevenção de Fraude e Riscos, Experiência e Atendimento ao Cliente e Comunicação/Marketing.
Funcionários relatam que foram “pegos de surpresa” na manhã de hoje e que a demissão tem a ver com a situação complexa que a comercializadora de produtos turísticos se encontra.
“A 123milhas informa que iniciou hoje (28) um plano de reestruturação interna, com redução do tamanho da equipe para se adequar ao novo contexto da empresa no mercado. Essa difícil decisão faz parte das medidas para mitigar os efeitos da forte diminuição das vendas. A empresa está trabalhando para, progressivamente, estabilizar sua condição financeira”, disse a companhia por meio de posicionamento enviado à imprensa.
Questionada pelo InfoMoney, a empresa não respondeu sobre os números de funcionários demitidos e nem a situação do quadro atual de colaboradores.
Fundada em 2017, a empresa passa por uma grande crise, deflagrada em 18 de agosto, quando anunciou a suspensão de pacotes e bilhetes dos seus clientes da linha promocional com viagens entre setembro e dezembro.
Com milhares de reclamações registradas em órgãos de defesa do consumidor, a empresa entrou na mira das autoridades, que cobram o reembolso dos clientes afetados pela suspensão das viagens em dinheiro – opção que não foi dada pela empresa. A 123 Milhas ofereceu vouchers como única opção de reembolso, o que contraria o que diz o Código de Defesa do Consumidor.
Na mira
A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacom), órgão vinculado ao Ministério da Justiça, está avaliando a abertura de um processo administrativo e até mesmo a aplicação de multa contra a 123Milhas caso a empresa não devolva o dinheiro de consumidores afetados pela suspensão de pacotes de viagens já pagos. Se confirmada, a multa pode chegar a R$ 13 milhões.
Já Ministério Público do Estado de São Paulo instaurou um inquérito para investigar a suspensão da emissão de viagens aos consumidores. O procedimento, aberto pela Promotoria de Justiça do Consumidor da Capital, deu 15 dias para que a companhia preste esclarecimentos sobre a medida.
Na quarta (23), a Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG) ingressou com uma Ação Civil Pública contra a 123Milhas Viagens e Turismo e sua sócia Novum Investimentos Participações. A Defensoria Pública da Paraíba também ingressou com uma ação similar contra a empresa.
Determinações judiciais
Um juiz da 3ª Vara Empresarial da Capital, do Rio de Janeiro, determinou que a 123Milhas apresente em cinco dias garantias para o ressarcimento dos consumidores lesados.
Caso a empresa não apresente as garantias, bens e patrimônio serão bloqueados, segundo a decisão judicial. Na semana passada, a 5ª Vara Cível de Guarulhos, na Grande São Paulo, proferiu sentença obrigando a empresa a emitir passagens de uma consumidora que viajaria no dia 4 de setembro.