Após assassinato e ameaças, Equador terá 2º turno entre indicada de Rafael Correa e filho de bilionário
Chapa de Fernando Villavicencio, candidato assassinado durante comício, aparece em terceiro lugar. Campanha eleitoral foi marcada por violência e dia de votações teve esquema inédito de segurança, com candidatos com capacete e colete à prova de balas.
Em um dos processos eleitorais mais violentos do mundo nos últimos anos, o Equador foi às urnas no domingo (20) para escolher um novo presidente. Mas os resultados indicaram um segundo turno entre Luísa González, a candidata do ex-presidente Rafael Correa, e o empresário Daniel Noboa Azin, filho de um dos maiores bilionários do país.
Até a última atualização desta notícia, com 92% das urnas apuradas:
- González era a primeira colocada, com 33,29% dos votos;
- Noboa Azin, em segundo lugar, tinha 23,67% dos votos;
- A chapa de Fernando Villavicencio, candidato assassinado durante um comício eleitoral, aparecia em terceiro lugar, com 16,51% dos votos. (Saiba mais sobre os candidatos abaixo).
O segundo turno está marcado para 15 de outubro, e o vencedor receberá as credenciais para governar em 30 de novembro, de acordo com o cronograma do órgão de governo eleitoral.
A campanha eleitoral deste ano foi marcada pelo assassinato do candidato Fernando Villavicencio, jornalista investigativo morto com tiros na cabeça ao sair de um comício em Quito no início de julho.
Um grupo criminoso ligado ao tráfico de drogas reivindicou autoria, mas a Promotoria do país continua investigando o caso, que colocou a violência sem precedentes na história recente do país sob os holofotes do mundo inteiro.
Christian Zurita, que substituiu a candidatura de Villavicencio, compareceu à seção eleitoral com forte esquema de segurança, usando um capacete e colete de proteção. Com 92,8% das urnas apuradas, Zurita estava na terceira posição, com 16,5% dos votos – as cédulas de votação ainda tinham o nome de Villavicencio, mas os eleitores foram informados nos colégios eleitorais que o voto seria direcionado a Zurita.
Quem são os candidatos
Luisa Gonzalez
Candidata “correísta” para a presidência do Equador comemorando com apoiadores os resultados do 1° turno presidencial em 20 de agosto de 2023 — Foto: Karen Toro/REUTERS
Luisa Gonzalez, uma advogada de 45 anos, prometeu restaurar os programas sociais implementados por Rafael Correa. Ela faz campanha relembrando as políticas populares de saúde e educação de Correa e afirma que planeja “recuperar a pátria”.
Gonzalez, que se autodenomina mãe solteira, defensora dos direitos dos animais e esportista disse à Reuters que usaria US$ 2,5 bilhões (R$ 12,4 bilhões) das reservas internacionais para sustentar a economia em dificuldades e investir em infraestrutura pública se eleita.
Ela nega que perdoaria Correa, condenado por corrupção e em exílio na Bélgica.
Daniel Noboa
Daniel Noboa, candidato à presidência do Equador, em agosto de 2023. — Foto: Reprodução/Instagram @danielnoboaok
Ex-deputado e empresário, tem 36 anos. Na Assembleia, foi presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico, que tramitou diversos projetos de lei nas áreas econômica, tributária e de investimentos.
Noboa é filho de um dos maiores empresários do país e ex-candidato presidencial Álvaro Noboa.
Ele concentrou sua campanha na criação de empregos, incentivos fiscais para novos negócios e sentenças de prisão para sonegadores graves de impostos
Noboa, que é casado e tem dois filhos, estudou em universidades nos Estados Unidos e começou a trabalhar na empresa de sua família, a Corporacion Noboa, ainda jovem.
Na quinta-feira (17), o candidato afirmou que um tiroteio interrompeu uma carreata dele na cidade de Durán. A polícia do país negou que o acontecimento tenha sido um atentado contra a vida do presidenciável.
As autoridades mobilizaram mais de 100 mil policiais e soldados para proteger a votação. O general Fausto Salinas, comandante-geral da Polícia Nacional, disse que uma pessoa foi presa por voto falso, duas por assédio e resistência à prisão e mais de 20 por porte ilegal de armas.
Ainda assim, a principal autoridade eleitoral do país, Diana Atamaint, informou que nenhum incidente violento afetou os centros de votação e caracterizou a eleição como “pacífica e segura” após o fechamento das urnas.
Segundo as autoridades, uma página da internet criada para equatorianos que vivem no exterior votarem sofreu ataques cibernéticos, mas a integridade dos votos não foi afetada pelo problema.
“A plataforma online sofreu ataques cibernéticos que afetaram a fluidez do acesso à votação. Esclarecemos e ressaltamos que os votos registrados não foram violados”, afirmou Atamaint.