‘Foi assassinato’, diz mãe de jovem morto em ação da PM em Santa Teresa

Carro onde Guilherme e outros três jovens estavam foi baleado por PMs, que afirmaram que o condutor do veículo desobedeceu à ordem de parar, acelerou e que carona apontou uma arma na direção deles. Familiares negam a versão e dizem que jovem levava apenas um celular.

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O corpo do jovem baleado após sair de um baile funk no Morro do Santo Amaro, no Catete, na Zona Sul do Rio, foi enterrado na tarde desta segunda-feira (7) no Cemitério do Catumbi.

Guilherme Martins, de 26 anos, estava voltando para casa na madrugada de domingo (6) depois de comemorar seu aniversário.

Ele e os amigos estavam em um carro que entrou numa contramão em uma rua de Santa Teresa, na região central do Rio, e se deparou com uma viatura da Polícia Militar.

O motorista não parou e os policiais atiraram várias vezes. Guilherme chegou a ser socorrido, mas não resistiu.

A própria PM, que abriu uma investigação interna, admitiu que o protocolo não foi seguido e que os agentes não poderiam ter atirado.

“É difícil, né, porque assim, a gente cria um filho, aí o filho sai pra comemorar o aniversário dele e na manhã seguinte a gente recebe a ligação de que ele tá no hospital e não resistiu ao ferimento”, disse a mãe do jovem, Juliana Martins.

“A polícia, que era pra defender a gente, matou ele. Foi um assassinato, um assassinato. Tudo o que meu filho queria era poder cuidar do filho dele. Só penso no menino, o que vai ser dele sem pai”, completou a mãe.

 

O amigo Rafael Mendonça disse que Guilherme era um excelente pai e uma excelente pessoa.

“Não tem o que falar, a real é que ele nunca foi preso, nunca fez nada de errado e pagou com a vida. Eu não vou dizer falta de preparo da polícia, porque isso não é falta de preparo. É negligência, falta de humanidade. Como que vão parar o carro com mais de tiros? Não tem treinamento que instrua o policial que faça isso. Ele como agente de estado não pode fazer isso. E se tivesse crianças?”

Guilherme Lucas Martins Matias tinha 26 anos — Foto: Reprodução/TV Globo

O motoboy Guilherme da Silva diz que o único erro do grupo foi fazer uma badalha.

“Não tinha bandido dentro do carro. O erro da gente foi ter feito a bandalha, contramão. Isso é motivo para dar tiro? Por que não deu tiro no pneu? Ainda deu tiro no capô, porta e traseira. Era só cortar o caminho.”

Em depoimento, o policial que atirou disse que viu um dos ocupantes do carro puxando uma pistola prateada em sua direção. Mas a única arma apreendida pela Polícia Civil foi a do próprio policial que fez os disparos.

A PM informou que recolheu as câmeras corporais utilizadas pelos dois policiais que estavam no local na Rua do Fialho, em Santa Teresa. Disse ainda que abriu um procedimento interno para apurar o caso.

Em entrevista ao RJ2, o porta-voz da PM, coronel Marco Andrade, reconheceu que o protocolo para circunstâncias como essa não foi cumprido.

“Segundo os policiais militares que estavam no local, um veículo na contramão, não obedeceu à ordem de parada, e os policiais efetuaram disparos de armas de fogo. Todo esse protocolo não faz parte dos nossos materiais, das nossas técnicas de abordagem.”

Juliana Martins, mãe de Guilherme — Foto: Reprodução/TV Globo

“Um procedimento apuratório já foi instaurado pela Corregedoria da PM. Os policiais estavam com as câmeras operacionais portáteis e todas já estão sendo usadas para ajudar na investigação. E as armas recolhidas para perícia. O procedimento diz que não se pode atirar. O protocolo correto é realizar cerco com superioridade numérica para efetuar a abordagem”, falou o porta-voz.

“A forma que foi abordado o caso do Guilherme foi de total imprudência e despreparo”, disse a prima, Ianca Santos.

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Fonte globo
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