Brasil quer marcos para eólica offshore e hidrogênio verde ainda em 2023, diz ministro
Alexandre Silveira destacou a realização de um leilão de linhas de transmissão, com projetos que visam escoar energia gerada no Nordeste
O Brasil pretende aprovar um marco regulatório para energia eólica offshore e hidrogênio verde até o final deste ano, afirmou à Reuters o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, nesta terça-feira, à medida que o país busca explorar novos setores para impulsionar sua transição energética.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem apostado sua reputação internacional na renovação das credenciais ambientais do Brasil, que foram minadas pelo governo antecessor de Jair Bolsonaro. Lula e seus conselheiros abraçaram a transição para uma economia verde como foco de suas políticas de desenvolvimento estatal.
Como parte desses esforços, Silveira destacou a realização, nesta semana, de um leilão de linhas de transmissão, com projetos que visam escoar energia solar e eólica gerada no Nordeste para centros de carga ao sul do país.
Com investimentos totais estimados em cerca de 16 bilhões de reais, o certame poderia desbloquear 200 bilhões de reais em investimentos em geração renovável, afirmou ele.
Atualmente, o Brasil não possui legislação específica para regular energia eólica offshore (no mar) e hidrogênio verde. Em janeiro, o governo avançou no tema com a publicação de um decreto para a eólica offshore, fonte que tem atraído o interesse de petroleiras como Shell e Equinor.
“Acreditamos que até o final do ano teremos um marco regulatório seguro das usinas offshore para apresentar ao mundo”, disse Silveira, explicando que sua pasta também espera ter regulamentações em vigor para projetos de hidrogênio verde no mesmo período.
“O hidrogênio verde é a possibilidade real de nós ampliarmos, e muito, a nossa posição de energia limpa e renovável”, acrescentou.
As esperanças de Lula por uma economia verde surgem enquanto a estatal Petrobras enfrenta desafios para repor suas reservas de petróleo.
Reguladores ambientais recentemente frustraram as esperanças da Petrobras de explorar petróleo na Bacia da Foz do Amazonas, onde a companhia buscava fazer sua primeira grande descoberta de petróleo doméstica em mais de uma década.
Silveira disse ainda acreditar que é importante para a Petrobras explorar a Foz do Amazonas, onde o maior rio do mundo encontra o Oceano Atlântico, desde que a empresa siga as regras ambientais.
Após esse revés regulatório, a Reuters informou que a Petrobras pode buscar crescimento no exterior. Questionado sobre sua opinião, Silveira disse que, embora a empresa ainda tenha “muito a fazer dentro do Brasil… nada impede que em questões estratégicas internacionais ela tenha também sua visão para o mundo”.
Silveira disse que o governo tomará uma decisão sobre reiniciar as obras na usina nuclear Angra 3 este ano. As obras, estimadas em 20 bilhões de reais, representam um “grande desafio”, afirmou ele, pois o governo precisa conciliar a necessidade de segurança energética com custos provavelmente mais altos para os consumidores.