Juros futuros recuam com IGP-DI de maio abaixo do piso das estimativas
Indicador recuou no menor nível desde abril de 1947
Os juros futuros sustentaram hoje o sinal de baixa durante todo o dia, amparados pelo IGP-DI de maio abaixo do piso das expectativas. No menor nível desde abril de 1947, o indicador deu gás às apostas no início do ciclo de distensão monetária em agosto, com a curva já apontando quase 100% de probabilidade de um corte de 25 pontos-base na Selic.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 encerrou a 13,125%, de 13,155% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 11,29% para 11,23%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 10,47% (mínima), de 10,55%, e a do DI para janeiro de 2029, em 10,47% (mínima), de 10,87%.
No caso dos vencimentos da ponta longa, as taxas completaram seis sessões consecutivas de queda – nesse intervalo devolveram quase 50 pontos-base -, o que poderia atrair uma realização de lucros para a curva. No entanto, o mercado renovou a disposição vendedora, sustentada também pelo fluxo para países emergentes, com destaque para o kit Brasil que apoia ainda a queda do dólar ante o real e os ganhos da Bolsa.
“Todos estamos muito impressionados com o desempenho da curva de juros. O principal hoje foi o IGP-DI”, resumiu o economista do Banco Modal Rafael Rondinelli. A taxa em maio mostrou deflação de 2,33%, superando largamente a mais otimista das expectativas coletadas pelo Projeções Broadcast, de -2,15%, que tinha teto em -1,60% e mediana negativa de 1,88%. Foi a queda mais acentuada desde abril de 1947, quando havia recuado 2,59%. A deflação de 5,49% acumulada em 12 meses foi a mais forte da série histórica iniciada em 1944.
O economista explica que a composição do IGP-DI indica elementos que podem chegar ao IPCA mais à frente, via IPA, tanto agrícola quanto industrial, que tiveram deflação em maio de 4,57% e 2,90%, respectivamente. “Juntando o IGP-DI hoje com o PIB da semana passada, vemos que os setores mais sensíveis a juros, relacionados à atividade, estão arrefecendo e contribuindo para a desinflação, enquanto os menos sensíveis a juros, como commodities agrícolas e minério, colaboram via choque de oferta”, afirma Rondinelli.
A curva precificava, nesta tarde, 24 pontos-base de queda para a Selic no Copom de agosto, o que representa 96% de probabilidade de redução de 25 pontos ante apenas 4% de chance de manutenção dos atuais 13,75%. Para o fim de 2023, a curva aponta Selic em torno de 11,50%.
A divulgação do IPCA de maio, amanhã, tem potencial para mexer com este quadro, a depender da leitura dos preços de abertura. A mediana dos economistas para o índice cheio é de 0,33%, ante 0,61% em abril, com piso de 0,24% e teto de 0,45%. Para a taxa em 12 meses, a mediana é de 4,03% (3,95% a 4,13%). “O mercado vai tentar confirmar se se repete a surpresa positiva de serviços e de queda na média dos núcleos vista no IPCA-15”, afirma o economista do Banco Modal.
No leilão de NTN-B, diante do maior apetite do investidor ao risco, o Tesouro elevou a oferta para 1,8 milhão de títulos, absorvida parcialmente (1.660.150). A instituição conseguiu colocar integralmente apenas o lote de 1,5 milhão para o papel mais curto, 15/8/2028. O risco para o mercado subiu de US$ 545 mil na semana passada para US$ 718 mil.