Vice-líder da oposição no Senado tenta entregar réplica de feto a ministro Silvio Almeida, que repudia: ‘Escárnio’
Ministro anunciou no início do mês que a esposa, Ednéia Carvalho, está grávida. 'Em nome da minha filha que vai nascer, eu me recuso a receber isso aí', disse ministro, que classificou ato de 'exploração inaceitável'.
O senador Eduardo Girão (Novo-CE) tentou entregar uma réplica de um feto de 12 semanas, feita em plástico, ao ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, durante audiência no Senado nesta quinta-feira (27).
Girão é vice-líder da oposição no Senado. O ministro se recusou a receber a réplica, repudiou o ato do senador e classificou a tentativa como uma “exploração inaceitável”.
“Eu não quero receber isso por um motivo muito simples. Eu vou ser pai agora, e eu sei muito bem o que significa isso. Isso é pra mim uma performance que eu repudio profundamente. Com todo respeito, é uma exploração inaceitável de um problema muito sério que nós temos no país”, disse Silvio Almeida.
“Em nome da minha filha que vai nascer, eu me recuso a receber isso aí. Em nome da minha filha, não vou receber. Isso é um escárnio, não vou receber. Respeitando o seu cargo, eu não vou aceitar, eu sou um homem sério e acredito que o senhor também seja”, prosseguiu.
Silvio Almeida e a mulher, Ednéia Carvalho, anunciaram no início de abril que serão pais pela primeira vez. “Como tem sido maravilhoso compartilhar sonhos com você! E o nosso maior sonho, nossa princesa tão desejada está a caminho”, escreveu Ednéia na postagem.
O “feto de plástico” é usado por manifestantes contrários ao aborto para defender que, nesta etapa do desenvolvimento, o embrião já poderia ser considerado um ser humano.
A legislação brasileira em vigor autoriza, em casos específicos, que o aborto seja realizado até a 12ª semana de gestação.
Antes de tentar a entrega, Girão questionava Silvio Almeida sobre os motivos para o Brasil não ter assinado uma declaração conjunta do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas condenando a situação na Nicarágua.
O tema não tinha relação com o aborto. Em seguida, o senador se levantou e disse que, “falando em dignidade humana”, queria entregar o objeto a Almeida.