À CNN, embaixador da UE reforça que convite para Lula ir à Ucrânia é “muito útil”
Porta-voz da diplomacia ucraniana, Oleg Nikolenko ressaltou que a “abordagem que coloca vítima [Ucrânia] e agressor [Rússia] na mesma escala não corresponde à situação real”
O embaixador da União Europeia no Brasil, Ignacio Ybáñez, declarou, nesta terça-feira (18), em entrevista à CNN, que o convite da Ucrânia para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visitar o país para conhecer as “reais razões” da guerra é “muito útil”.
“Esse convite da Ucrânia, que insisto, é o país agredido, para o presidente Lula poder visitar, é sem dúvida muito útil. É também importante manter todos os canais do diálogo abertos. Nós temos desde que começou o mandato do presidente Lula muitos altos funcionários, presidentes, comissários, vice-presidentes da Comissão Europeia tem viajado para o Brasil”, disse Ybáñez.
“Temos tido contato com o ministro [Mauro] Vieira, conversas com o presidente Lula. Queremos ter a visita da presidente da Comissão Europeia em um futuro próximo. Então acho que o dialogo é muito importante. Temos que manter essa relação. Quando você tem um parceiro estratégico como é o caso do Brasil e da União Europeia, temos que estar conversando permanentemente”, continuou.
Em comunicado divulgado nas redes sociais, o porta-voz da diplomacia ucraniana, Oleg Nikolenko ressaltou que a “abordagem que coloca vítima [Ucrânia] e agressor [Rússia] na mesma escala não corresponde à situação real” do conflito no Leste Europeu.
A fala acontece após Lula afirmar em entrevista coletiva nos Emirados Árabes Unidos no último domingo (16) que “a construção da guerra foi mais fácil do que será a saída da guerra. Porque a decisão da guerra foi tomada por dois países”.
Ele avaliou que a paz é a melhor forma de estabelecer um processo de conversação, mas “do jeito que está a coisa, a paz está muito difícil”. Ainda defendendo as conversas, avaliou que é necessário envolver também Estados Unidos e União Europeia.
O chefe do Executivo brasileiro também ponderou que “o presidente Putin não toma iniciativa de paz. O Zelensky não toma iniciativa de paz. A Europa e os Estados Unidos terminam dando contribuição para a continuidade dessa guerra”.
Na segunda-feira (17), os EUA e a União Europeia rebateram as declarações do petista. O porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, pontuou, então, que o chefe de Estado brasileiro “está reproduzindo propaganda russa e chinesa” e que os comentários foram “simplesmente equivocados”.
Já Peter Stano, porta-voz principal para Assuntos Externos da União Europeia, destacou que “os Estados Unidos e a União Europeia trabalham juntos, como parceiros de uma ajuda internacional. Estamos ajudando a Ucrânia em exercícios para legítima defesa”.
“Não é verdade que os EUA e a UE estão ajudando a prolongar o conflito. Nós oferecemos inúmeras possibilidades à Rússia de um acordo de negociação em termos civilizados”, acrescentou Stano.
Leia o comunicado publicado pelo porta-voz ucraniano:
“A Ucrânia observa com interesse os esforços do presidente do Brasil para encontrar uma solução para acabar com a guerra.
Ao mesmo tempo, a abordagem que coloca a vítima e o agressor na mesma escala, e os países que ajudam a Ucrânia a se defender de agressões mortais, são acusados de encorajar a guerra, não corresponde à situação real.
A Ucrânia não precisa ser convencida de nada. A guerra de agressão está sendo travada em solo ucraniano e está causando sofrimento e destruição incalculáveis. Mais do que ninguém no mundo, buscamos o fim da agressão russa com base na Fórmula da Paz proposta pelo presidente Zelensky.
Confirmamos o convite a Luiz Inácio Lula da Silva para visitar a Ucrânia a fim de compreender as reais razões e a essência da agressão russa e suas consequências para a segurança global.”
Nova declaração
Em encontro com o presidente da Romênia, Klaus Werner Iohannis, nesta terça-feira, Lula condenou a invasão russa da Ucrânia.
“Ao mesmo tempo em que meu governo condena a violação da integridade territorial da Ucrânia, defendemos uma solução política negociado para o conflito”, disse em seu discurso.
Ele falou que ouviu com interesse as considerações do presidente romeno sobre a guerra na Ucrânia, país com o qual a Romênia divide fronteira. E que conversaram sobre as preocupações com “os efeitos da guerra, que extrapolam o continente europeu”.
“Reiterei minha preocupação com as consequências globais desse conflito em matéria de segurança alimentar e energética, especialmente sobre as regiões mais pobres do planeta”, disse Lula.
Ele também reiterou a importância de um grupo de países que possam mediar discussões sobre a paz entre Rússia e Ucrânia e a reforma do Conselho de Segurança da ONU para incluir países em desenvolvimento.