Após parâmetros do arcabouço, governo vai oficializar medidas para elevar receitas, diz Galípolo
“Desenho geral do arcabouço vai ser apresentado como lei complementar, já os parâmetros para que ele funcione vão ser enviados como lei ordinária”, disse
O secretário executivo do ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, afirmou nesta quinta-feira, 13, que, após apresentação dos parâmetros gerais do novo arcabouço fiscal, o governo federal deve oficializar a apresentação de medidas que visam o aumento das receitas, que deverão gerar novas projeções da Receita Federal para a arrecadação dos próximos anos.
“O desenho geral do arcabouço vai ser apresentado como lei complementar, já os parâmetros para que o arcabouço funcione vão ser enviados por meio de lei ordinária, para que possa haver discussão com a sociedade”, explicou Galípolo em entrevista ao canal Globonews. “Nesses parâmetros estarão contempladas as projeções da Receita que envolvem essas medidas de aumento de arrecadação, para que a gente possa estar dentro do que prevê o novo arcabouço”, acrescentou.
Entre as medidas discutidas pela Fazenda para aumento da arrecadação, e que foram mencionadas durante a entrevista de Galípolo, estão a tributação de itens importados vendidos no País por e-commerces e a tributação de casas de apostas. “A decisão sobre o que deve ser feito a respeito do tamanho do Estado é uma decisão da sociedade, e com a apresentação por meio de lei ordinária pode haver essa discussão”, reforçou.
Galípolo afirmou que nem todas essas medidas atualmente em discussão têm um mesmo caminho para serem aprovadas, e que algumas são de responsabilidade interna do ministério da Fazenda e outras devem ser discutidas pelo poder Legislativo. “Temos discutido muito com os presidentes das casas legislativas, Arthur Lira, da Câmara, e Rodrigo Pacheco, do Senado, e com o próprio Judiciário”, comentou o secretário. “Tudo sendo dialogado com cada um que está à frente dessas casas para que a decisão seja tomada pelo melhor caminho”, acrescentou.
De acordo com Galípolo, a pasta também tem sistematicamente avaliado o que ainda falta ser tributado no País e estudado o que pode ser feito para tornar o gasto público mais eficiente.
“Recebemos alguns estudos, por exemplo, que envolvem setores que tinham algum benefício tributário e depois foram sendo incluídos mais atividades e você observa que o que foi concebido como política focal, se expandiu”, afirmou o secretário.
Ele também mencionou que às vezes faltam apenas “sistemas de controle” para medir o que é efetivamente comercializado por alguns setores para avaliar a efetividade de determinadas medidas.
Estimativa de arrecadação
A estimativa do governo de arrecadar cerca de R$ 8 bilhões com tributação do comércio online, combatendo casos de sonegação, já considera a possibilidade de perda de volume de vendas, afirmou Galípolo, na entrevista à GloboNews.
“Na estimativa da Receita, consideramos a possibilidade de ter de um lado uma redução e de outro uma adequação a outro tipo de comércio, com outro tipo de arrecadação”, disse o secretário.
Galípolo reiterou que a medida não visa afetar o cidadão, mas empresas que estão atuando dentro da ilegalidade. “As empresas que atuam dentro da prática legal não tem com que se preocupar, algumas já estão se posicionando favoráveis à medida”, acrescentou.
O secretário também ressaltou a importância do trabalho de comunicação em torno da medida. De um lado, segundo ele, é preciso falar como essa prática ilegal afeta o consumidor, que “muitas vezes não tem confiabilidade sobre o que está recebendo, se irá ou não receber o produto e sobre a qualidade”. De outro, há a dimensão do emprego. “Uma concorrência predatória como essa afeta a geração de emprego no País.”