Aos 86 anos, brasileira se aventura ao subir montanhas e já alcançou 120 cumes: ‘Paixão pura’
Como de costume, Marineth Huback celebrou o aniversário deste ano nas alturas: escalou o mais alto dos Cinco Pontões, no ES
Marineth Huback comemorou o aniversário dela nas alturas, como sempre costuma fazer desde que começou a praticar o montanhismo, há 26 anos. Dessa vez, ela escolheu subir a pedra mais alta dos Cinco Pontões, que fica entre os municípios de Laranja da Terra e Itaguaçu, no interior do Espírito Santo.
“Eu sempre quis ir lá, mas nunca houve oportunidade; aí, convidei meu amigo, com quem faço rapel. Ele levou a namorada dele, e eu levei a minha sobrinha-neta, que ficou com muito medo, mas foi muito legal ter subido essa ferrata [trilha de montanha, realizada com equipamentos de segurança]”, conta.
Quando a esportista chegou ao topo, o sentimento foi de felicidade. Lá, o grupo cantou Parabéns para a aniversariante, e ela ainda fez uma chamada de vídeo com amigos. “Pensaram que eu estaria quietinha, na minha casa”, diz, aos risos. E, assim, Marineth comemorou os 86 anos, no dia 14 de fevereiro.
Mas a história dela com o esporte começou na infância, quando era uma menina de 10 anos e morava em Nova Friburgo (RJ). Pelo rádio, ela ouvia as aulas de ginástica do professor de educação física Oswaldo Diniz Magalhães e as praticava.
Já adulta e na capital fluminense, Marineth fez hidroginástica por 17 anos. Após a morte do segundo marido, ela teve o incentivo dos filhos para começar a fazer tai chi chuan. Em uma das aulas, conheceu sua “madrinha de pedra”, a montanhista Jana Menezes, que foi quem a incentivou a se aventurar no esporte radical.
Aos 57 anos, Marineth iniciou o curso básico de montanhismo. Ela era a mais velha da turma. “O segundo mais velho tinha 33. Eu fui superbem recebida pelos garotos”, lembra.
Três anos depois, aos 60, Marineth começou “a fazer artes”, como ela mesma descreve a estreia oficial na subida de montanhas.
Desde então, ela já alcançou 120 cumes pelo mundo, além de ter percorrido muitas trilhas. Mas estima que esse número possa ser duas vezes maior, já que visitou algumas montanhas várias e várias vezes.
“Teve cumes em que já subi 17 vezes. Na pedra da Gávea, foram 18 vezes”, contabiliza. “Quando eu falava para o meu marido que queria ir lá, ele falava que eu estava maluca. Mas, da primeira vez que subi, fiquei maravilhada com o visual, o dia estava lindo, todo azul”, acrescenta.
Em 2020, antes da pandemia de Covid-19, Marineth foi fazer trilhas na Patagônia, região que se divide entre a Argentina e o Chile. “Fiquei maravilhada com a paisagem”, comenta. Como de costume, ela era a integrante do grupo com a maior idade. Mas essa diferença nunca a abalou.
“Preconceito sempre tem. Mas uma coisa acintosa eu nunca senti. As pessoas sempre me jogam bastante confete, e eu gosto. Com comentários negativos eu não me importo, porque estou a fim de fazer o que eu gosto, de agradar a mim, não aos outros”, afirma.
Entre tantas aventuras em elevadas altitudes, a mais marcante foi subir o Escalavrado pela primeira vez. A montanha fica no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, em Guapimirim, no Rio de Janeiro.
“Quando vi o Dedo de Deus do meu lado, fui ficando muito emocionada. O cume tem uma mata e, naquela época, estava cheia de flores. Eu me enfiei dentro da mata e comecei a chorar. Não queria que ninguém me visse chorando”, relata.
Apesar de tudo o que já viveu entre trilhas e escaladas, Marineth não pretende parar. Em breve, quer voltar ao pico das Agulhas Negras, entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais. “Paixão pura é o que eu tenho pela montanha. É o que mais gosto de fazer”, declara.
Veja o vídeo do aniversário de 86 anos de Marineth: