Yellen diz que luta contra a inflação nos EUA ‘não é uma linha reta’ após dados de aumento de preços

Secretária do Tesouro se mostrou contrária à tese de que é necessária uma recessão para que o índice de preços volte a um patamar aceitável

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A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, disse neste sábado (25) que novos dados norte-americanos mostrando que a inflação saltou inesperadamente em janeiro sinalizam que a luta contra a inflação “não é uma linha reta” e mais trabalho é necessário.

Em entrevista à Reuters em uma reunião de líderes financeiros do G20 na Índia, Yellen rejeitou os argumentos de alguns economistas de que uma recessão e ou um desemprego significativamente maior seriam necessários para o Federal Reserve (Fed) vencer sua luta contra a inflação. A secretária mantém sua visão de que a inflação pode ser controlada mantendo um mercado de trabalho mais forte.

Os dados mais fortes de gastos do consumidor dos EUA em quase dois anos mostraram na sexta-feira que a medida de inflação preferida do Fed, o índice de preços de gastos com consumo pessoal (PCE, em inglês), subiu acima das expectativas em janeiro, o que gerou um questionamento sobre a atuação da autoridade monetária no combate à inflação.

As revisões dos dados anteriores mostraram que a desinflação anterior foi mais branda do que o relatado anteriormente e que os dados aumentaram os temores do mercado financeiro de que o Federal Reserve poderia continuar aumentando as taxas de juros no verão.

“Acho que este relatório mostrou que não será uma linha reta – a desinflação não é uma linha reta”, disse Yellen, acrescentando que a inflação “continua sendo um problema”.

“É uma leitura, mas o núcleo da inflação ainda permanece em um nível acima do que é consistente com o objetivo do Fed. Portanto, há mais trabalho a ser feito”, acrescentou Yellen.

A secretária disse ainda que a inflação ainda caiu amplamente no ano passado e essa tendência deve continuar porque os contratos de aluguel de moradias ainda estão se ajustando a níveis mais baixos em comparação com os picos da era da pandemia.

“Vemos motivos para, nos próximos meses, novas quedas da inflação, principalmente pela importância da habitação nos índices gerais”, afirmou.

Recessão não é necessária

Um novo estudo de três proeminentes economistas divulgado na sexta-feira (24) também sugeriu que o Fed precisaria de uma recessão ou de um desemprego significativamente maior para vencer sua luta contra a inflação.

Os autores, incluindo o economista-chefe do JP Morgan, Michael Feroli, o professor da Columbia Business School, Frederic Mishkin, e o professor da Brandeis International Business School, Stephen Cecchetti, descobriram que em 16 casos anteriores de desinflação projetada pelo banco central dos EUA, nenhum ocorreu sem uma recessão.

“Não aceito isso como uma afirmação geral que sempre tem que ser verdade”, disse Yellen, juntando-se à reação das autoridades do Fed contra o estudo.

Ela disse que às vezes as recessões são necessárias para reduzir a inflação, como na década de 1970, quando houve uma forte espiral de preços e salários.

“Mas acredito que essa não seja a situação agora”, disse Yellen. “E eu disse repetidamente e continuo acreditando que existe um caminho para reduzir a inflação que seria consistente com a manutenção de um mercado de trabalho forte.”

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Fonte infomoney
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