Moro defende Bolsonaro e diz que “copiar áudio não é obstrução de justiça”
Segundo o ministro da Justiça, obstrução só se aplicaria se Carlos e Jair Bolsonaro tivessem acessado eventuais provas e as destruído
O ministro da Justiça, Sérgio Moro, saiu em defesa do presidente Jair Bolsonaro e de seu filho, Carlos, sobre a cópia do áudio da portaria do condomínio Vivendas da Barra no caso Marielle Franco. Para o ex-juiz da Operação Lava Jato, não é irregular a cópia de áudios obtidos do sistema de segurança da portaria do condomínio em que os dois têm casa.
A afirmação aconteceu nesta segunda-feira 4, em um jantar em Brasília realizado pelo site Poder 360. Para Moro, o crime de obstrução de justiça seria caracterizado se Carlos tivesse acessado eventuais provas e as destruído.
Uma matéria divulgada pela TV Globo mostrou o depoimento do porteiro do condomínio onde Bolsonaro possui casa no qual ele afirmava que um dos acusados de matar Marielle Franco, o ex-PM Élcio Queiroz, esteve no local horas antes do crime e teria dito que iria à casa 58 – que pertence ao presidente.
Após a divulgação do depoimento, Carlos Bolsonaro publicou nas redes sociais um vídeo exibindo os arquivos obtidos por ele na portaria em que não havia registros da ligação mencionada pelo porteiro à polícia.
A Globo, sabendo dos fatos e podendo esclarecê-los, preferiu levantar suspeitas contra o Presidente e alimentar narrativas criminosas. Um simples acesso aos registros internos do Condomínio mostra que no dia 14/03/2018 NENHUMA solicitação de entrada foi feita para a casa 58. pic.twitter.com/2nyFYqcwRk
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) 30 de outubro de 2019
Logo em seguida, Jair Bolsonaro disse que obteve os áudios de ligações feitas entre a portaria e as casas do condomínio antes que elas tivessem sido “adulteradas”. “Nós pegamos antes que fosse adulterado, pegamos lá toda a memória da secretária eletrônica, que é guardada há mais de ano. A voz não é minha”, disse.
Após a declaração, os líderes da oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), e no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), informaram que iriam acionar a Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro, sob a alegação de que o presidente cometeu “obstrução de justiça”, ao “ter se apropriado de provas relacionadas às investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes”.