“Há um certo exagero sobre o que dizem de mim”, diz atriz Maria Zilda
Livro traz memórias que vão da infância à idade adulta e funcionou como terapia
Desde que lançou Caçadora de Amor – Memórias, a atriz Maria Zilda Bethlem não para de dar entrevistas. Famosa nos anos 80 e 90 por seus papeis em novelas de sucesso como Vereda Tropical, Guerra dos Sexos, Selva de Pedra (atualmente em cartaz no Canal Viva) e na minissérie O Pico da Neblina, da HBO, Maria Zilda sempre foi aquela mulher sexy e linda que despertava desejos em multidões. Na vida real, a atriz já era mãe de dois filhos – um deles com o diretor da Rede Globo Roberto Talma.
O livro funcionou como uma espécie de terapia para a autora. Nele, Maria Zilda conta detalhes de sua vida, desde a infância e adolescência vivida no Rio. A autora não esconde nada e fala abertamente, mas de um jeito leve, sobre a descoberta das drogas – que pegava escondido da mãe – até o casamento precoce, com menos de 20 anos, em 1970 e que lhe deu o primeiro filho.
“Comecei a escrever em 1976. Tudo era assunto para mim, uma festa que tinha ido, as pessoas que conhecia. Um dia tive uma crise e joguei tudo fora. Queria deixar de pensar no passado e olhar para o futuro, que era onde queria estar”, lembra.
Depois de se separar é que ela “desbundou”, para usar uma gíria da época. Uma das passagens mais divertidas do livro cita a passagem do cantor Prince pelo Brasil, em 1991. Encantado por Maria, pediu a um de seus seguranças que fosse busca-la para conhecê-lo. “Mandei o cara voltar e dizer que se ele quisesse me conhecer, poderia vir até mim. A distância era a mesma”, lembra.
Em outra, indo para Roma encontrar o pai, levava na bagagem uma certa quantidade de maconha. Ao chegar no aeroporto, avistou os cães da polícia italiana e gelou, já temendo o pior. “A sorte foi que meu pai tinha ido me buscar e percebeu minha cara de pânico, pressentindo que havia algo errado. Como era diplomata, usou sua influência e passei incólume”, ri.
“Não deixei a autocensura me pegar. Fui escrevendo. Se eu me censurasse, eu iria estar estragando o prazer de lembrar tudo o que passei. Claro que tive o cuidado de respeitar as pessoas que estavam comigo não citando nomes. Afinal, é um livro de memórias da Maria Zilda”, reconhece. “Com este livro, zerei todas as minhas neuras. As pessoas fazem análise por tantos anos, eu mesmo fiz por 30 anos, mas nada funciona melhor do que sentar e escrever”, aconselha.
Aos 65 anos, não tem nenhum assunto que seja um tabu para a atriz. Nem seu namoro, que terminou há três anos, com outra mulher, nem frases polêmicas, como a que ela diz que gostaria de ser cremada, assim os amigos poderiam cheirá-la. “Falam que eu fiz e falei muita coisa. Essa frase é a mais pura verdade. O resto é exagero.”