Capital da China vai da ira pela política contra Covid à preocupação por infecções

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PEQUIM (Reuters) – O pessimismo de Pequim pela Covid-19 se aprofundou neste domingo, com o fechamento de muitas lojas e outros negócios, e um especialista alertou para milhares de novos casos de coronavírus, à medida em que a ira por políticas anteriores da China à Covid-19 dá lugar à preocupação sobre como lidar com as infecções.

A China suspendeu a maioria das restrições rígidas contra a Covid na quarta-feira, após protestos sem precedentes no mês passado, mas cidades que já estavam lutando com surtos mais graves, como Pequim, passaram por um declínio acentuado na atividade econômica depois que regras como testes regulares foram eliminadas.

Evidências sugerem que muitas empresas foram obrigados a fechar as portas porque os trabalhadores infectados ficaram em quarentena em casa, enquanto muitas outras pessoas decidiram não sair por causa do maior risco de infecção.

Zhong Nanshan, importante epidemiologista chinês, disse a veículos estatais que a cepa ômicron do vírus, prevalente na China, é altamente transmissível e que uma pessoa infectada pode transmitir para outras 18 pessoas.

“Podemos ver que centenas de milhares ou dezenas de milhares de pessoas estão infectadas em várias cidades importantes”, disse Zhong.

Com a suspensão de testes regulares de Covid-19 para os moradores de Pequim, agora reservados apenas para grupos como trabalhadores do setor da saúde, as contagens oficias de novos casos despencaram. As autoridades sanitárias relataram 1.661 novas infecções em Pequim no sábado, cerca de 42% a menos que as 3.974 em 6 de dezembro, um dia antes das políticas nacionais serem relaxadas drasticamente.

No entanto, evidências sugerem que há muito mais casos na cidade com quase 22 milhões de pessoas, onde todos parecem conhecer alguém que contraiu Covid.

“Na minha empresa, a quantidade de pessoas negativas para Covid é próxima de zero”, disse uma mulher que trabalha para uma empresa de turismo e eventos em Pequim que pediu para ser identificada apenas como Nancy. “Percebemos que isso não pode ser evitado: todos terão que trabalhar de casa”, disse.

RISCO MAIOR

Domingo é um dia de trabalho normal para as lojas em Pequim e costuma ser muito movimentado, especialmente em lugares como o histórico bairro de Shichahai, onde há muitas butiques e cafés.

Mas poucas pessoas estavam nas ruas neste domingo, e os centros comerciais em Chaoyang, distrito mais populoso de Pequim, estavam praticamente desertos, com muitos salões, restaurantes e lojas fechados.

Os economistas esperam que o caminho da China à saúde econômica seja desigual, já que choques como a crise de emprego por trabalhadores dizendo que estão doentes atrasam uma recuperação completa ainda por algum tempo.

“A transição da (política) zero Covid uma hora permitirá que os padrões de gasto dos consumidores voltem ao normal, mas um risco maior de infecção manterá os gastos em pessoa deprimidos durante meses depois da reabertura”, disse Mark Williams, economista-chefe para a Ásia da Capital Economics, em uma nota.

(Reportagem de Ryan Woo, Albee Zhang, Josh Arslan, Liz Lee e Judy Hua)

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