Colômbia aprova lei para autorizar Petro a buscar “acordos de paz” com grupos de guerrilha
O combate ao narcotráfico no país deixou pelo menos 450 mil mortos e milhões de habitantes deslocados
O Congresso da Colômbia aprovou, nesta quarta-feira (26), uma lei que permite ao presidente Gustavo Petro buscar acordos de paz com rebeldes de esquerda e grupos criminosos ligados ao tráfico de drogas por meio de negociações e processos de rendição.
Petro, o primeiro presidente de esquerda do país, propôs um processo de “paz total” para encerrar o conflito armado interno da Colômbia de quase seis décadas.
Os combates no país deixaram pelo menos 450.000 mortos e milhões de deslocados.
A nova lei permitirá que Petro inicie negociações de paz com a organização guerrilheira Exército de Libertação Nacional (ELN) e grupos dissidentes das agora desmobilizadas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), que rejeitam um acordo de paz de 2016.
Petro também tem luz verde para iniciar negociações com grupos criminosos acusados de tráfico de drogas, como o Clã del Golfo.
“Este é o primeiro passo para o aprofundamento da democracia, da solidariedade, da inclusão, mas sobretudo o início de virar definitivamente a página do banho de sangue em que ainda estamos imersos, do atraso a que o conflito armado nos submete, que deve levar para a paz total, onde a vida é digna”, disse o ministro do Interior, Alfonso Prada, a repórteres.
O Senado e a Câmara dos Representantes da Colômbia ainda terão que concordar se os jovens podem evitar o serviço militar em troca de atividades que promovam a paz.
O Senado votou para bloquear a proposta, enquanto a Câmara dos Deputados a aprovou.
O governo e o ELN disseram este mês que restabelecerão as negociações de paz em novembro, embora ainda não tenham anunciado uma data de início ou um local.
Petro em agosto propôs um cessar-fogo multilateral entre grupos armados e militares da Colômbia enquanto os esforços de paz avançam.
A nova lei permitirá que grupos armados ilegais se desloquem para locais temporários onde as ordens de captura e possíveis extradições serão suspensas até que as negociações sejam concluídas.
Também incluirá uma provisão para um novo fundo de paz para garantir investimentos sociais em áreas afetadas pela violência e pela presença de grupos armados ilegais.
Tanto grupos rebeldes de esquerda quanto gangues criminosas, que somam cerca de 6.000 combatentes, estão envolvidos em extorsão, homicídios, tráfico de drogas e mineração ilegal de ouro, segundo fontes de segurança.
*Reportagem de Luis Jaime Acosta, Oliver Griffin e Lincoln Feast