“Polarização” provocou aumento do assédio eleitoral, diz procurador-geral do Trabalho
José de Lima Ramos Pereira também citou a "banalização do ilícito" como fator responsável pelo crescimento no número de denúncias
O procurador-geral do Trabalho, José de Lima Ramos Pereira, disse nesta terça-feira (18) que a “banalização do ilícito” e a “polarização” do cenário eleitoral são alguns dos motivos que levaram ao aumento expressivo no número de denúncias de assédio eleitoral neste ano.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) já registrou 447 denúncias de assédio eleitoral neste ano, um aumento expressivo em relação a 2018, quando, no ano todo, foram registrados 212 casos (elevação superior a 110%).
Pereira se reuniu nesta terça com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, e com o vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gonet Branco, para discutir o aumento exponencial dos casos neste ano.
“A banalização do ilícito, a normalização do ilícito e também a polarização política [explicam o aumento de casos]. Nós temos pessoas nas relações familiares, e amigos que se afastaram em função da política. Então essa situação também contaminou a relação do trabalho, mas só que na relação do trabalho existe uma diferença, você quando você tem falando em amizade e família, as relações são muito parecidas. Agora, na relação trabalho existe o poder econômico do empregador e você como trabalhador quer preservar seu emprego”, disse, em entrevista logo após a reunião com Moraes.
O procurador-geral do Trabalho disse que a maior parte das denúncias envolve justamente a disputa entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL).
“O que a gente está vendo é mais para eleição presidencial porque é o que está mais polarizado”, declarou Pereira.
Lula e Bolsonaro disputam o segundo turno da eleição presidencial. O petista terminou o primeiro turno na frente, com mais de 48% dos votos válidos. O atual presidente foi o segundo colocado, com mais de 43%.
Os dados do Ministério Público do Trabalho têm sido atualizados frequentemente. Até o momento da reunião, o dado do procurador-geral do Trabalho era de 431 denúncias, mas o próprio Pereira reconheceu que já devia haver novas queixas apresentadas ao MPT. A assessoria do Ministério Público informou, então, que esse número já havia subido para 447.