Bilhões de caranguejos-da-neve desaparecem das águas do Alasca; pesca é proibida

Cientistas atribuem a ação humana como uma das possíveis causas para a diminuição para a população desse animal

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A colheita do caranguejo-da-neve do Alasca foi cancelada pela primeira vez, depois que bilhões de crustáceos desapareceram das águas frias do Mar de Bering nos últimos anos.

O Conselho de Pesca do Alasca e o Conselho de Gestão da Pesca do Pacífico Norte anunciaram na semana passada que a população de caranguejo-das-neves na região caiu abaixo do limite regulamentar para permitir a pesca.

Mas os números reais por trás dessa decisão são chocantes: a população de caranguejos-da-neve encolheu de cerca de 8 bilhões em 2018 para 1 bilhão em 2021, de acordo com Benjamin Daly, pesquisador do Departamento de Pesca e Caça do Alasca.

“O caranguejo-da-neve é ​​de longe a mais abundante de todas as espécies de caranguejos do Mar de Bering que são capturadas comercialmente. Portanto, vale a pena notar o choque pelo desaparecimento de muitos bilhões – incluindo fêmeas e bebês”, afirmou Daly à CNN.

A colheita de caranguejo-real-vermelho de Bristol Bay também será proibida pelo segundo ano consecutivo, anunciaram as agências.

As autoridades citaram a sobrepesca como justificativa para o cancelamento das temporadas. Mark Stichert, coordenador de gestão da pesca de peixes de fundo e mariscos do departamento de pesca e caça do estado, destacou que mais caranguejos estavam sendo capturados nos oceanos do que poderiam ser naturalmente substituídos.

“Portanto, houve mais remoção da população do que reposição”, ressaltou Stichert na reunião de quinta-feira (13).

Estudos fazem alertas

Entre as pesquisas realizadas em 2021 e 2022, disse ele, os caranguejos-da-neve machos maduros diminuíram cerca de 40%, com cerca de 20 milhões de quilos restantes em todo o Mar de Bering. “É um número assustador, só para deixar claro”, pontuou Stichert.

Mas apontar que a população de caranguejos do Mar de Bering sofreu “pesca excessiva” – uma definição técnica que desencadeia medidas de conservação – não diz nada sobre a causa de seu colapso.

“Chamamos isso de pesca excessiva por causa da proporção. Mas não foi a pesca excessiva que causou o colapso, isso está claro”, destacou Michael Litzow, diretor do laboratório Kodiak da NOAA Fisheries, à CNN.

Litzow ressalta que a mudança climática causada pelo homem é um fator significativo no desaparecimento alarmante desses animais.

Os caranguejos-da-neve são espécies de água fria e encontrados predominantemente em áreas onde a temperatura está abaixo de 2°C, explica Litzow. À medida que os oceanos esquentam e o gelo do mar desaparece, as águas redor do Alasca estão se tornando impróprias para eles.

“Houve uma série de estudos de atribuição que analisaram temperaturas específicas na cobertura de gelo do Mar de Bering ou em suas águas em 2018. Nessas pesquisas, eles concluíram que essas temperaturas e condições de “baixo gelo” no mar de Bering são uma consequência do aquecimento global”, afirmou Litzow.

As temperaturas ao redor do Ártico aqueceram quatro vezes mais rápido que o resto do planeta, relataram cientistas. A mudança climática desencadeou uma rápida perda de gelo marinho na região do Ártico, particularmente no Mar de Bering, no Alasca, que por sua vez amplificou o aquecimento global.

“Fechar a pesca devido à baixa abundância e a pesquisa contínua são os principais esforços para restaurar as populações neste momento”, destacou Ethan Nichols, biólogo assistente de gerenciamento de área do Departamento de Pesca e Caça do Alasca, à CNN.

Stichert também disse que pode haver algum “otimismo para o futuro”, já que alguns filhotes de caranguejos-da-neve estão começando a aparecer no ecossistema. Mas pode levar pelo menos três a quatro anos para que atinjam a maturidade e contribuam para o crescimento da população.

“É um vislumbre de otimismo. Isso é melhor do que não vê-los, com certeza. Fica um pouco mais quente a cada ano e essa variabilidade é maior nos ecossistemas do Ártico e nos de alta latitude, portanto, se conseguirmos um período mais frio, isso seria uma boa notícia para o caranguejo da neve”, ressaltou Litzow.

*Paradise Afshar e Sara Turnbull, da CNN, contribuíram para esta reportagem

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Fonte cnnbrasil
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