Renda fixa é a “queridinha” do ano no mercado de capitais: emissão cresce 25,6% e soma R$ 331 bilhões
Debêntures são destaque, com volume recorde de R$ 205 bilhões e alta de 25,6% na captação
Mais uma vez, a renda fixa foi a estrela que concentrou interesse dos investidores do mercado de capitais nos três trimestres deste ano até aqui. Entre janeiro e setembro, as empresas brasileiras captaram R$ 331 bilhões com a emissão de ativos dessa categoria, uma alta de 25,6% em relação ao mesmo período de 2021, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
O contraste é grande na comparação com as captações em geral do mercado de capitais, que incluem as de renda variável. As emissões somam, neste ano, R$ 402 bilhões, uma queda de 5,5% com relação a igual intervalo do ano passado.
E se a renda fixa foi a estrela do período, pode-se dizer que as debêntures se encarregam do maior brilho. As captações com esses papéis atingiram R$ 205 bilhões, um recorde. O crescimento no ano foi de 26,5%, detalha a Anbima.
Até setembro, foram 351 as emissões de debêntures. Desse total, 75 superaram R$ 1 bilhão. O setor de energia elétrica liderou, com captações de R$ 39 bilhões. E 41,4% dos recursos levantados foram destinados ao aumento de capital de giro das empresas emissoras. O prazo médio das ofertas foi de 6,1 anos e 82% das emissões foram indexadas pela taxa do CDI mais spread (taxa de juros adicional).
Também ficaram entre os preferidos da renda fixa os CRAs (Certificados de Recebíveis de Agronegócio), com alta de 112% nas emissões, que somaram R$ 33,3 bilhões. Os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) vieram na sequência, com um avanço 50,1% no volume captado, que foi de R$ 32,6 bilhões.
Os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios), por sua vez, tiveram queda de 38,1% nas captações, de R$ 30,7 bilhões entre janeiro e setembro.
Prazos alongados
Das emissões de debêntures realizadas neste ano, 67 envolveram debêntures incentivadas, utilizadas pelas empresas para levantar recursos para projetos ligados à infraestrutura e isentas de Imposto de Renda. Essas operações alcançaram um montante de R$ 28,7 bilhões. No geral, elas têm prazos mais longos do que os das debêntures simples.
Os principais subscritores foram fundos de investimento (39,1%), intermediários e demais participantes ligados à oferta (33,5%), pessoas físicas (27,9%) e investidores institucionais (8,5%).
O levantamento da Anbima destaca ainda a tokenização e as emissões de novos ativos. Os Fiagros (Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais), por exemplo, alcançaram um total de R$ 6,1 bilhões (volume encerrado entre agosto de 2021 e setembro de 2022); as notas comerciais somaram R$ 28,2 bilhões (volume encerrado entre novembro de 2021 e setembro de 2022); e os ativos tokenizados captaram R$ 142 milhões (volume encerrado entre maio e setembro de 2022).
Lanterninha
Os ativos procurados por investidores mais conservadores deixaram a renda variável para trás. Três operações de follow-on (ofertas subsequentes de ações) somaram R$ 2,6 bilhões em setembro. No ano, o saldo total da renda variável é de R$ 52,3 bilhões; R$ 406 milhões em IPOs (ofertas iniciais) e R$ 51,9 bilhões em follow-ons. O volume consolidado representa queda de 57,8% em relação a nove meses de 2021.
Os fundos imobiliários (FIIs) apresenta queda também. As emissões – de R$ 13,3 bilhões – caíram 64,6%. A maior parte de emissões de ações até o mês passado foi primária, com 92,7%.
A captação com notas promissórias recuou 71,9% no período, somando R$ 4,4 bilhões.