Sem citar Lula ou outro candidato, FHC defende “voto pró-democracia”
Por Eduardo Simões
SÃO PAULO (Reuters) – Sem citar nominalmente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou qualquer outro postulante ao Palácio do Planalto, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) defendeu em nota divulgada nesta quinta-feira um “voto pró-democracia” no primeiro turno das eleições.
“Peço aos eleitores que votem no dia 2 de outubro em quem tem compromisso com o combate à pobreza e à desigualdade, defende direitos iguais para todos independentemente da raça, gênero e orientação sexual, se orgulha da diversidade cultural da nação brasileira, valoriza a educação e a ciência e está empenhado na preservação de nosso patrimônio ambiental, no fortalecimento das instituições que asseguram nossas liberdades e no restabelecimento do papel histórico do Brasil no cenário internacional”, afirmou na nota.
Fernando Henrique, que está com 91 anos, citou também no documento sua “idade avançada” e disse que, embora não tenha problemas graves de saúde, “já não tenho mais energia para participar ativamente do debate político pré-eleitoral”.
O PSDB, partido do qual FHC é presidente de honra, não tem candidato próprio ao Planalto neste ano –a primeira vez que isso ocorre em sua história–, mas está na chapa da presidenciável do MDB, Simone Tebet, com a senadora Mara Gabrilli como candidata a vice.
Fernando Henrique, que declarou ter anulado o voto no segundo turno da eleição de 2018 entre Jair Bolsonaro (então no PSL e atualmente no PL e candidato à reeleição) e Fernando Haddad (PT), disse que votaria em Lula num eventual segundo turno entre o petista e Bolsonaro no pleito deste ano.
Pessoas próximas ao tucano, como o ex-senador Aloysio Nunes Ferreira e o diretor-geral da Fundação FHC, Sergio Fausto, declararam voto em Lula no primeiro turno.
Bolsonaro é visto por adversários como uma ameaça à democracia por causa dos constantes ataques que faz ao Judiciário e ao sistema eleitoral e já insinuou que pode descumprir decisões judiciais e não aceitar o resultado da eleição caso saia derrotado. Ele também já disse que as leis devem proteger a maioria e não minorias e, durante seu governo, afrouxou a fiscalização ambiental.
Durante a pandemia de Covid-19, Bolsonaro também defendeu remédios comprovadamente sem eficácia contra a doença e fez declarações contrárias à vacina. Afirma, inclusive, não ter se imunizado contra a Covid.
Lula, o PT e aliados têm buscado impulsionar o voto útil no petista já no primeiro turno, na tentativa de liquidar a fatura no dia 2 de outubro.
Pesquisa Ipec divulgada na segunda mostrou o petista com mais de 50% das intenções de votos válidos, quando se excluem brancos e nulos, patamar necessário para encerrar a disputa sem a necessidade de uma nova votação em 30 de outubro.