“Índice do batom”: vendas de produtos para lábios voltam a crescer em meio à crise econômica
Os ciclos econômicos comprovam: algumas pessoas tendem a gastar mais com pequenos luxos à medida em que a situação da economia piora
Depois de dois anos fracos, as vendas de batons e gloss estão em crescimento de novo nos Estados Unidos, e muita gente coloca essa alta na conta do “índice do batom”. A teoria diz que algumas pessoas tendem a gastar mais com pequenos luxos à medida em que a situação da economia piora. Segundo a consultoria NDP Group, que pesquisa comportamento de consumo, maquiagem para os lábios foi o produto de beleza que mais cresceu de janeiro a junho de 2022, com receitas aumentando 28% no segundo trimestre.
Conforme destaca o Business Insider, o “índice do batom” foi confirmado várias vezes ao longo da história — o que se repete agora, mas não chega a ser infalível: os primeiros meses da pandemia refutaram a teoria, e há períodos de estabilidade econômica nos quais as vendas de cosméticos dispararam.
A criação do índice é atribuída a Leonard Lauder, um dos herdeiros bilionários da empresa de cosméticos Estée Lauder, que no Brasil comercializa marcas como MAC, de maquiagens, e Clinique, de skincare. Em 2001, quando a economia dos Estados Unidos estava em recessão, Lauder percebeu que as vendas de batons estavam na verdade aumentando, não caindo. A teoria de Lauder era que as vendas de batons e a saúde da economia eram inversamente proporcionais uma à outra, porque o batom seria um “luxo acessível”.
“Às vezes, quando a renda é escassa e não dá para gastar dinheiro com bens não essenciais, comprar batom pode ser uma forma de escapismo”, escreveu Natallia Bambiza, diretora e analista de beleza da empresa de pesquisa NPD Group, em um recente relatório.
Em que momentos da história o índice do batom já funcionou?
Nos Estados Unidos, as vendas de maquiagem aumentaram entre 1929 e 1933, enquanto o país estava mergulhado na Grande Depressão. E algumas das maiores marcas de cosméticos do mundo relataram um aumento nas vendas em 2008, quando houve a crise dos títulos de hipotecas, com reflexos ao redor do mundo.
Durante o primeiro ano da pandemia, porém, a necessidade de usar máscaras o tempo todo tornou o batom uma compra inútil. Em vez disso, as pessoas optaram por fragrâncias: as vendas aumentaram 45% no primeiro trimestre de 2021 em relação ao ano anterior e foram maiores, até mesmo, do que os tempos pré-pandemia.
Não há dados suficientes para analisar se o índice também se aplica ao Brasil.