Com Lula, vice-presidente eleita da Colômbia discute racismo e integração da AL
Francia Márquez se reuniu com o ex-presidente petista na Fundação Perseu Abramo, em São Paulo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu, na tarde desta terça-feira (26), com a vice-presidente eleita da Colômbia, Francia Márquez. O encontro, realizado na Fundação Perseu Abramo, em São Paulo, faz parte do périplo da colombiana pela América Latina.
Lula estava acompanhado de sua mulher, Janja. Também estiveram presentes o senador Alexander López, presidente do Pólo Democrático Alernativo (PDA), partido do país vizinho, e a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann.
De acordo com uma nota divulgada pela assessoria de imprensa de Lula, a reunião tratou da conjuntura latino-americana e mundial, as eleições nos dois países e as perspectivas do governo recém eleito.
A vice-presidente eleita da Colômbia é feminista e ativista da causa antirracista. Além disso, também é conhecida pelo combate ao garimpo ilegal.
Após o encontro, o ex-ministro das Relações Exteriores de Lula, Celso Amorim, falou a jornalistas que os principais temas discutidos foram as mudanças climáticas e a importância da igualdade racial.
O ex-chanceler disse que Márquez também citou a integração da UnaSul (União de Nações Sul-Americanas), mas não houve tom de negociação.
“Foi uma conversa mais dela”, disse. Questionado pela CNN se a volta do bloco seria uma possibilidade, o ex-ministro respondeu que “é uma necessidade”.
A UnaSul é um bloco formado por 12 países da América Latina, formalizado em 2008. Um dos principais objetivos do grupo era facilitar parcerias econômicas, políticas e sociais entre as nações. O bloco perdeu força ao longo dos anos até que em 2018, seis países anunciaram a suspensão de suas participações, dentre eles, o Brasil. No ano seguinte, o governo brasileiro formalizou sua saída do bloco.
O fortalecimento de laços comerciais entre países da América Latina tem sido uma das bandeiras da candidatura de Lula. O ex-presidente também é favorável à reabertura das negociações do acordo entre o Mercosul e a União Europeia.
Em entrevista à Reuters, o ex-ministro das Relações Exteriores de Lula, Celso Amorim, disse que Lula buscaria ajustar cláusulas do acordo. “Não seria renegociar, que dá a impressão que vai começar do zero. Não é isso. Não é recomeçar do zero”, afirmou o ex-chanceler.
Durante o encontro desta terça-feira (26), representantes do PT também apresentaram políticas antirracistas, implementadas em gestões anteriores do partido.
Em comunicado, o PT afirmou que Francia Márquez demonstrou “especial interesse nas políticas afirmativas, nos programas de transferência de renda, de combate à violência contra a criança e de proteção à mulher, como a Lei Maria da Penha”.
Antes do encontro com Lula, Francia Márquez participou de outras reuniões na Fundação Perseu Abramo. O primeiro encontro foi coordenado pelo presidente da instituição petista, Aloísio Mercadante e contou com as ex-ministras Tereza Campello, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres brasileiras; e Nilma Gomes, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos.
A vice-presidente eleita também se reuniu com representantes do movimento negro no Brasil, do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) e de integrantes do PSOL.
Havia uma previsão de que Márquez se reuniria com Dilma Rousseff, mas de acordo com a assessoria de imprensa da Fundação Perseu Abramo, a ex-presidente da República teve uma forte gripe e não pôde comparecer.
Francia Márquez tem sido responsável pelos encontros internacionais da chapa compartilhada com o presidente eleito Guatavo Petro. Pelas redes sociais, a vice-presidente eleita informou o roteiro que irá percorrer. “Partindo do Brasil, passando pelo Chile, Argentina e Bolívia. Queremos estabelecer um diálogo fraterno com lideranças políticas e sociais sobre questões de paz, igualdade, mudanças climáticas e justiça racial na região”, escreveu.
Essa é a primeira vez que a Colômbia elegeu um candidato de esquerda. Petro e Márquez foram eleitos em junho, na eleição colombiana com maior participação desde 1998. A posse está marcada para o início de agosto.