Ibovespa tem 5ª alta seguida e fecha acima dos 99 mil pontos; dólar encosta nos R$ 5,50, máxima desde janeiro

Índice acionário brasileiro acompanhou performance vista no exterior, com temporada de balanços nos EUA e alta de juros mais agressiva pelo BCE

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O Ibovespa fechou em alta de 0,76% nesta quinta-feira (21), aos 99.033 pontos, em seu quinto dia consecutivo de avanço. O principal índice da Bolsa brasileira abriu em queda, mas conseguiu passar para o patamar positivo por volta das 12h (horário de Brasília) e fechou acompanhando os benchmarks americanos.

Em Nova York, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq subiram, respectivamente, 0,51%, 0,99% e 1,36%. Por lá, o dia foi marcado pela publicação de indicadores que trouxeram uma economia menos aquecida.

O número de pedidos iniciais de seguro-desemprego da semana terminada no dia 16 de julho foi de 251 mil, ante 240 mil da projeção, e o índice de atividade industrial do Federal Reserve da Filadélfia teve leitura negativa em 12,3.

Isso, porém, em parte ajudou a derrubar os yields dos títulos do tesouro americano – o com vencimento em dez anos viu sua taxa recuar 13,9 pontos-base, para 2,897%, e o com vencimento em dois anos teve o seu rendimento caindo 15,5 pontos, para 3,095%.

A queda dos juros costumam beneficiar companhias de tecnologia e de crescimento, que possuem boa parte dos seus valuations atrelados ao futuro. Do outro lado, os balanços dessas empresas também vêm surpreendendo minimamente analistas e gestores.

“Os resultados das empresas americanas não estão tão negativos quanto o esperado. Os bancos tiveram números não muito bons, mas não desastrosos. A Netflix (NFLX34), antes de ontem, a mesma coisa. A Tesla (TSLA34), que divulgou resultado ontem à noite, surpreendeu positivamente”, comenta Luiz Adriano Martinez, gerente de portfólio da Kilima Asset.

A ação da companhia de Elon Musk fechou em alta de 9,78% e foi um dos destaques do pregão americano.

Banco Central Europeu surpreende com alta dos juros

“O grande destaque dos mercados do dia ficou para a alta de 0,50 ponto percentual dos juros pelo Banco Central Europeu (BCE). Os juros por lá não subiam desde 2011. A expectativa era ainda de um acréscimo de 0,25 ponto”, comenta André Moura, sócio da Nau Capital.

Para Marcelo Oliveira, CFA da Quantzed, o mercado parece ter gostado da iniciativa do BCE e a movimentação foi, em parte, responsável pela melhora do otimismo durante o dia.  “Acredito que foi uma decisão positiva, já que a Europa estava muito atrasada em relação ao mundo quanto à alta de juros”, diz.

Apesar da alta dos juros, boa parte dos títulos europeus fecharam em queda, com o mercado interpretando a alta mais agressiva como uma possibilidade de que os juros não tenham de ficar em patamares elevados por tanto tempo. Na Alemanha, os yields dos títulos com vencimento em dois anos recuaram 1 ponto-base, para 0,649%, e os para dois anos tiveram os seus ganhos caindo 1,6 ponto, para 1,225%.

A alta dos juros e os dados macroeconômicos mais fracos nos Estados Unidos, no entanto, pressionaram o preço das commodities – junto com notícias de novos lockdowns na China e também com os temores sobre a crise que rondas as hipotecas no gigante asiático.

O preço do barril Brent recuou 2,68%, para US$ 104,05. O minério de ferro caiu 1,18% no mercado à vista chinês, para US$ 96,40 a tonelada.

As companhias de petróleo foram destaque entre as baixas do Ibovespa. As ações ordinárias e preferenciais da Petrobras (PETR3;PETR4) recuaram, respectivamente, 1,10% e 0,51%. As ordinárias da 3R Petroleum (RRRP3) caíram 3,76%.

Juros mais altos no exterior prejudicam Brasil

A perspectiva de recessão e o recuo das commodites também ajudaram a derrubar a moeda brasileira – o dólar comercial avançou 0,65%, a R$ 5,496 na compra e na venda, mesmo com o DXY, índice que mede a força da moeda americana frente pares, caindo 0,37%. Com isso, o dólar atingiu o maior patamar desde 24 de janeiro, quando fechou a R$ 5,5017.

“Sobre o dólar, temos alguns fundos que estão comprando Bolsa por estar barata e compram dólar também para hedge (proteção), dado cenário eleitoral brasileiro, e aumento de juros lá fora”, explica Oliveira. “Com a expectativa de o que Federal Reserve irá continuar a sequência de alta, e com a Europa também subindo juros, o capital estrangeiro acaba saindo do Brasil e indo para esses países Ainda que no Brasil o processo de alta de juros não tenha chegado ao fim, países como EUA representam mais segurança para os investidores do que países emergentes”.

A curva de juros brasileira não conseguiu acompanhar o movimento global de queda das taxas no exterior. Os DIs para 2023 e 2025 tiveram seus rendimentos subindo seis e 12 pontos-base, para 13,91% e 13,99%. Os DIs para 2027 contaram com seus yields subindo 18 pontos, para 13,48%, e os dos contratos para 2029 avançaram 10 pontos, para 13,46%.

Entre as altas, foram destaque companhias ligadas à economia doméstica – as ações ordinárias da Rede D’Or (RDOR3) avançaram 7,80%, e as da Positivo (POSI3), 6,02%. As units da SulAmérica (SULA11) subiram 6,79%.

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Fonte infomoney
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