Alta do minério na sessão não apaga incertezas e Vale (VALE3) e CSN Mineração (CMIN3) fecham em queda

Incertezas quanto à crescimento na China e alto nível de estoque de aços fazem investidores agirem com cautela

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O minério de ferro vem enfrentando dias de alta volatilidade – após cair quase 6% na última quarta-feira (23) no porto chinês de Qingdao, a US$ 109,40, hoje o preço da tonelada da commodity se recuperou, avançando cerca de 6% e sendo negociado a US$ 116,05. Apesar desta alta, as companhias do setor fecharam em forte queda, com investidores monitorando as incertezas, principalmente as provindas da China.

Apenas nos últimos cinco dias, os papéis ordinários da Vale (VALE3) acumulam queda de 8,51% e os da CSN Mineração (CMIN3), 10,65%. Em siderurgia, CSN (CSNA3), Usiminas (USIM5) e Gerdau (GGBR4) caem, respectivamente, 10,16%, 4,81% e 9,51%. Nesta quinta, VALE3 caiu 3,65%, enquanto CMIN3 fechou em baixa de 2,84%.

Responsável pela aquisição, segundo projeções, de algo entre 50% e 60% de toda a produção mundial de metais básicos, a China vem enfrentando uma série de desafios que estão abalando as perspectivas de que o país asiático crescerá aquilo que foi prometido anteriormente.

Os diversos lockdowns impostos pelo governo chinês levaram bancos a cortarem suas projeções para o crescimento econômico do país em 2022. O Citigroup, por exemplo, diminuiu sua estimativa de crescimento para o país de 5,1 para 4,2% neste ano, aquém dos 5,5% esperado pelo governo do país.  O S&P Global, por sua vez, reduziu sua projeção de alta do produto interno bruto de 4,9% para os mesmos 4,2%.

“O crescimento global ainda enfraquecido continuará a pesar nas ações de mineração um pouco mais, em nossa opinião, antes que a aceleração econômica na China mude as coisas”, comentam os analistas do Morgan Stanley em relatório.

Além de diminuir as expectativas de crescimento, os recentes lockdowns na China, por conta da política da Covid zero, aumentaram consideravelmente os estoques de aço e minério.

“Os metais básicos se desconectaram do complexo de commodities mais amplo, pois os bloqueios na China (que compra de 50 a 60% da produção da maioria dos metais) impactaram a produção industrial e na demanda final, enquanto a produção de aço e alumínio continuou”, explicam os analistas do banco americano.

Fabiano Vaz, analista da Nord Research, aponta que pesou no recente desempenho da commodity a divulgação de dados do mercado imobiliário chinês, que vieram abaixo do consenso – no último dia 15, o país divulgou que o preço de imóveis em maio recuou 0,1%, o que mostra baixa procura.

Olho nos estímulos da China

Para o futuro, os analistas afirmam que é necessário monitorar como a China sairá da situação atual.

“A China continua sendo o maior driver. Precisamos ver se o Partido Comunista da China realmente tirará os estímulos à economia do papel”, pontua Vaz.

Para o Morgan Stanley, de qualquer forma, a situação não deve melhorar no curto prazo.

“A situação na China continua desafiadora, com vendas de terrenos caindo 40% na base anual”, explicam os analistas. “As esperanças de estímulo permanecem, mas nossa equipe acredita que a recuperação da demanda por commodities virá com um atraso”.

Alexandre Espirito Santo, economista-chefe da Órama, afirma que investidores têm de, além da China, continuar monitorando também a economia global.

“Se houver recessão no mundo, mas a China passar ao largo, o que já ocorreu outras vezes, não for tão fortemente impactada, pode não ser tão ruim para as cotações”, comenta. “Agora, se o mundo efetivamente cair num processo recessivo, com a China junto, será problemático”.

Entre drivers positivo, ele pontua que um possível fim da guerra na Ucrânia pode estimular a procura por minério. “O processo de reconstrução de países envolvidos em guerras, onde há grande destruição física, demanda produtos relacionados, o que dá suporte a commodity”, explica.

Com esse cenário turvo, o Morgan Stanley tem recomendação equalweight (exposição em linha com a média do mercado, ou equivalente à neutra) neutra para os ADRs da Vale, negociados na Bolsa americana, e para os ativos da CSN Mineração negociados na B3, com preços-alvos respectivos de US$ 16 (upside de 14,9%), e de R$ 5,30 (upside de 28,9%). Os preços-alvo atuais foram revisados para baixo nesta semana, uma vez que eram de US$ 22 para a Vale e de R$ 6,50 para CMIN3.

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Fonte infomoney
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