Lula fala em proibir venda de armas, tema caro a Bolsonaro
“País que quer comprar livro e distribuir de graça e quer proibir a venda de armas e quer evitar o genocídio”, disse petista
O ex-presidente e pré-candidato ao Palácio do Planalto Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou, sem dar detalhes, em proibir a venda de armas. Ele deu a declaração nesta 4ª feira (1º.jun.2022), em ato de pré-campanha em Porto Alegre (RS).
Lula falava sobre a relação com outros países e dizia que quer tratar todos em igualdade de condições, com respeito. E que isso seria sinal de país “civilizado, humanista, solidário”.
“Um país que quer comprar livro e distribuir de graça e quer proibir a venda de armas e quer evitar o genocídio”, declarou o petista.
A fala é um contraponto ao discurso armamentista do presidente Jair Bolsonaro (PL), principal adversário de Lula na eleição de outubro.
Importação, porte e registro de armas de fogo dispararam no atual governo.
O petista também falou sobre casos de violência policial como o que vitimou Genivaldo de Jesus dos Santos, em Sergipe –morto durante abordagem de agentes da PRF (Polícia Rodoviária Federal), que o imobilizaram no porta-malas de uma viatura com gás lacrimogênio. Laudo do IML (Instituto Médico Legal) aponta morte por “insuficiência aguda secundária a asfixia”.
A última pesquisa PoderData, divulgada em 25 de maio, mostra Lula com 43% das intenções de voto para o 1º turno. Bolsonaro, que tentará reeleição, tem 35%.
Eis a íntegra do discurso do ex-presidente Lula em Porto Alegre (RS) nesta 4ª feira (1º.jun.2022):
“Queridas companheiras e queridos companheiros do Rio Grande do Sul,
“Eu queria dizer para vocês que hoje é um dia de extrema felicidade, com um pouquinho de tristeza que eu vou falar daqui a pouco, mas a felicidade é porque faz um tempo que eu não vinha para Porto Alegre.
“Eu estava com vontade de vir a Porto Alegre e tenho comentado com os meus companheiros do PT que eu estava necessitando, e eu queria fazer esse encontro na rua, na praia, mas lamentavelmente a gente ainda não pode fazer ato aberto porque vão dizer que é campanha eleitoral.
“Eu estava dizendo na reunião com partidos políticos hoje que a primeira vez que eu vim nesse Estado e nessa cidade foi em 1975 para conhecer o Olívio Dutra, que tinha acabado de tomar posse no sindicato dos bancários de Porto Alegre.
“E eu também tinha acabado de tomar posse no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, em São Bernardo do Campo e eu vi um companheiro do Diesp dizer: Lula, lá em Porto Alegre, os bancários vão eleger uma pessoa muito boa, uma pessoa muito competente, um bancário muito bom, e eu vim para cá, aproveitei e conheci o Olívio e o Tarso Genro, um promissor advogado trabalhista com quem eu mantenho amizade há 42 anos.
“Eu estou feliz porque estou vendo vocês. Estou feliz porque o nosso Internacional está se recuperando. Estou triste porque o Grêmio é uma grande equipe que não merecia estar na série B. Mas, se eu soubesse cantar, eu iria tentar mostrar a minha alegria para vocês cantando duas músicas, que são um símbolo Gaúcho, mas, como eu não sei cantar nem o hino da independência, eu não vou cantar uma música que é famosa, os jovens não sabem, ‘Querência Amada’.
“E o outro é ‘Céu, Sol, Sul’ do nosso companheiro Leonardo, que cantou tantas vezes quando eu vim aqui, mas lamentavelmente morreu. Se não, quem sabe ele estaria cantando aqui conosco.
“Tem uma história engraçada que, numa campanha para presidente da República, a gente tinha contratado Zezé Di Camargo e Luciano para cantar. E, na época, muita gente do PT não queria que ele viesse. E eu então pensei que o povo gaúcho não gostava das músicas deles.
“Aí eles vieram, e quando ele começou a cantar, todo mundo sabia todas as músicas dele. Eu disse para eles que vocês não gostavam deles, porque eles não entendiam do Rio Grande do Sul. E eu não sei, mas os mais velhos estão lembrados que eles terminaram cantando ‘Querência Amada’ para alegrar o povo Gaúcho.
“A minha relação com vocês, ela é muito forte. Eu lembro que eu vim aqui porque o companheiro Olívio Dutra tinha sido preso. Na famosa greve dos bancários de 1979, se não falha a memória. Olívio Dutra tinha sido preso e nós viemos de São Paulo para cá. Acho que eu, Benedito Marcílio e o Joaquimzão lá do Sindicato de São Paulo viemos aqui para ir na Polícia Federal visitar o Olívio Dutra, e o delegado disse que a gente não podia visitá-lo. Eu acho que ele estava preso naquela época, e acho que o motim, não sei se era isso, mas a minha lembrança daquela época é essa. E o delegado disse que a gente não podia ver o Olívio Dutra. E eu disse que a gente não saía enquanto a gente não visse o Olívio Dutra. E ele permitiu que a gente visitasse Olívio Dutra, e aquela greve teve uma continuidade, uma força. E eu não sei a qualidade do acordo, mas eu sei que, depois daquela greve, nós ganhamos uma das mais importantes lideranças políticas desse Estado, que é o nosso famoso galo missioneiro, o companheiro Olívio Dutra. O rei da voçoroca.
“Agora, essa alegria, ela me deixa um pouco triste, porque eu quero cumprimentar os companheiros do Psol, do PC do B, do Solidariedade, do PV, da Rede. E eu queria dizer para vocês uma coisa: A gente está fazendo um ato, a ideia do ato, como a gente não pode fazer campanha, era para falar de soberania nacional. E, uma coisa meio imbricada, com todo o cuidado, porque cada vez que você fala o nome, dá a impressão de que está lançando um candidato. E eu queria aqui, fazer na frente de vocês, sem meias palavras, um apelo aos partidos de esquerda.
“O PT governou Porto Alegre. Depois que nós perdemos, elegemos um magrão uma vez pelo PDT, e faz algumas décadas que a direita governa Porto Alegre, e a esquerda não governa mais. É importante a gente lembrar que as duas vezes em que a gente ganhou o Estado do Rio Grande do Sul, a gente fez um esforço muito grande para construir uma unidade tanto para as eleições quanto para governança. Porque a verdade nua e crua é essa: É que juntos, nós temos muito mais chances. Juntos, nós somos muito mais fortes. A gente aprende na militância inicial do movimento sindical de que a união faz a força. E eu sei que é normal também que cada partido político queira ter um candidato a governador, que cada partido queira ter um candidato a presidente, que cada partido queria ter um candidato a senador da República.
“Mas veja, eu penso que os partidos de esquerda possivelmente todos separados não têm o fôlego para cada um encontrar um candidato a governador, um candidato a senador e um candidato a vice-prefeito. Eu queria fazer um apelo, um apelo de alguém que aprendeu a fazer política negociando. Vocês não sabem quantas horas, Pedro Ruas, eu tive que passar com o nosso querido Brizola em Rezende para convencer o Brizola a me apoiar no 2º turno de 1989. Foram mais de 4 horas de conversa. Brizola estava magoado. Eu falava ‘Brizola, tudo bem, querido, mas eu ganhei. Porra, ajuda eu, cara! Ajuda eu!’ E o Brizola, muito generoso, falou para mim ‘ó Lula, eu vou botar a mesma fé que os australianos botaram num operário e elegeram um operário para ministro e foi o cara que recuperou a Austália’. Ele falou: ‘eu vou botar fé em você, você é um operário, eu vou te apoiar’. E eu agradeço a Deus, porque foi a primeira vez na história do Brasil que o PDT e o Brizola transferiram 100% dos votos para mim no 2º turno.
“E eu queria fazer um apelo para os militantes dos partidos que estão nos apoiando, que, por favor, sentem na mesa, sabe. Tome até um aperitivo se quiser, mas tente encontrar uma solução para que a gente não possa vir ao Rio Grande do Sul e fazer um comício e não estar do nosso lado aqui o candidato, a candidata a governador, o candidato ou a candidata ao Senado, o candidato ou a candidata a vice. Fica uma coisa meia troncha. Eu sei que vocês não falaram nada, mas vocês tão pensando ‘porra, porque não tem governador já anunciado? Por que não faz um acordo?’. Então eu queria fazer um apelo, um apelo de um irmão, um apelo de um companheiro. Não custa nada, não custa nada sentarem mais uma vez na mesa.
“Não custa nada sentarem e conversar um pouco mais, e dar de presente a esse povo a unidade dos setores que querem derrotar o Bolsonaro e querem derrotar o governo do Estado do Rio Grande do Sul. É o mínimo que o povo espera de nós, é o mínimo. E eu disse agora há pouco uma coisa: A gente precisa perder alguma coisa importante para a gente começar a dar valor às coisas que a gente perde. Isso acontece muito quando a gente perde a mãe da gente. A gente fica com remorso por um tempo. Quantas vezes eu fiz desaforo com minha mãe? Quantas vezes eu não tratei ela bem? Quantas vezes eu não fiz o que ela queria? Quando ela morre, a gente fica pensando. Eu estou falando isso porque eu perdi minha mãe quando estava preso em 1980. E eu ficava pensando, ‘será que eu não podia fazer mais pela minha mãe? Será que eu não podia ter feito ela mais feliz?’. Então por favor, por favor, companheiros e companheiras dos partidos que compõem a nossa base, vamos fazer esse povo feliz, e vamos nos juntar para que a gente ganhe as eleições.
“E eu quero dizer a vocês que essa noite, ô Janjinha, me traz uma água aqui meu anjo. Eu não sei se vocês acompanham de vez em quando a novela Pantanal, mas a nossa relação está igual a Juma e o Joventino.
“O companheiro Requião me deu uma alegria um tempo desses, porque vocês não imaginam alegria quando nós conseguimos convencer o Requião a se filiar ao PT, um jovem de 81 anos de idade. Um garotão. Um garotão, sabe? Estava cheio de treque-treque, e esse menino se filiou ao PT em um ato maravilhoso. E eu agradeço, porque o Requião é um dos políticos mais extraordinários que esse país produziu.
“Certamente o Senado da República perdeu o mais competente senador que elegeu nos últimos tempos e eu espero que a gente possa eleger esse jovem menino, de 81 anos, para governador do Estado do Paraná nessas eleições.
“E às vezes, Requião, é importante a gente ter em conta que, em uma eleição, a gente pode não ganhar, mas a gente pode fazer uma campanha de tanta qualidade, de tantas ideias que a gente às vezes vale a pena. Foi o que aconteceu comigo em 89. Eu perdi, mas eu perdi com uma sensação de que a gente tinha feito a mais extraordinária campanha que esse país já conheceu. A maior participação que o povo já viu.
“E você sabe que, se eu pudesse transferir o voto para Paraná, eu ia transferir para votar no Requião, porque você é um companheiro da mais extraordinária confiança e que nunca faltou, nunca teve dúvida de que lado ele estava. Muitas vezes foi perseguido porque a justiça determinava que tomasse a terra dos Sem Terra e mandava ele cumprir a retirada dos Sem Terra. E ele desobedecia, e não retirava os Sem Terra porque achava que era um direito. Por isso, querido, obrigado por ter vindo ao Rio Grande do Sul.
“Bem, companheiros e companheiras, soberania. Soberania é uma coisa muito importante, mas que muitas vezes a gente não percebe que ela está se esvaindo, que ela está fugindo de nossas mãos.
“Nós estamos vendo o governo brasileiro destruir um pouco do patrimônio que foi construído ao longo de quase todo século passado e ao longo desse século XXI. Nós estamos vendo que soberania não é só cuidar das nossas fronteiras secas e das nossas fronteiras marítimas. Não é só cuidar do nosso espaço aéreo. Não é só cuidar das riquezas minerais que estão no solo e no subsolo. Não é só cuidar das riquezas que estão nas águas, no nosso mar. Soberania é muito mais do que isso. Porque um país pode ter toda a riqueza do mundo, mas se o povo não tem direito de tomar café da manhã, almoçar e jantar, esse país não é soberano.
“Um país pode ter toda riqueza do mundo, mas se o povo não tiver emprego e um salário que dê para sustentar sua família, onde que está a soberania? Um país pode ter toda a riqueza do mundo, mas se o governante não cuida de forma responsável em cuidar de uma política ambiental responsável, para evitar o plantio de coisas desnecessárias em áreas que precisam ser preservadas. Se as pessoas querem criar gado em área que não precisa criar gado, as pessoas querem fazer queimada em áreas que deveriam ser preservadas… Cadê nossa soberania?
“A nossa soberania não pode ser um discurso, ela tem que ser é uma prática. E eu vou dizer para vocês, quando nós descobrimos o pré-sal, nós criamos a ideia de que o preço pré-sal seria o passaporte para o futuro desse país. A gente fez uma nova regulação. A companheira Dilma era ministra chefe da casa Civil, e a gente tomou a decisão de que o petróleo finalmente ia ser do povo brasileiro. As empresas que queriam explorar não seriam donas do petróleo, elas iam pagar aquilo que o povo brasileiro entendesse que merecia. A Petrobras tinha responsabilidades sobre uma parcela desse petróleo, e as multinacionais do petróleo nunca aceitaram isso. Nunca aceitaram. E eles diziam pro povo: ‘nós temos que privatizar, vamos entregar para a empresa multinacional, porque se tiver muita empresa prospectando petróleo, vai ter muita concorrência. E o preço do petróleo vai ficar mais barato, a gasolina vai ficar mais barata, o diesel mais barato e o gás de cozinha mais barato. E isso na televisão, no rádio, no jornal, 24 horas por dia.
“Muitas vezes nós acreditávamos. Muitas vezes a gente acreditava e falava tudo bem: ‘deixa eu vender o gasoduto, que vai ficar mais barato gás; muito bem, deixa eu vender a BR, que vai ter mais concorrência e vai ficar mais barato”. Pois bem, venderam a BR, e quebraram a BR. Hoje tem 392 empresas importando gasolina dos Estados Unidos e vendendo para nós a preço internacional, e o argumento deles qual é? É de que tem a guerra na Ucrânia, e o petróleo está 128, 130 o barril. Eu vou dizer pra vocês: ‘não é guerra da Ucrânia, porque quando eu era presidente da República, na crise de 2008, o barril do petróleo chegou a US $147, e vocês compravam gasolina a R$ 2,60 aqui nesse país.
“Como é possível? A gente virou autossuficiente em petróleo e agora não pode sequer comprar um botijão de gás de 13 quilos. No nosso governo, está aqui a Dilma, nossa companheira, durante todo o nosso governo a gente não aumentou o gás. Porque o gás, na verdade, é um elemento da cesta básica.
“A pessoa precisa ter dinheiro para comprar o alimento e para comprar o gás para cozinhar. Hoje o gás, tem Estado a R$ 150 um botijão. Como vão sobreviver os caminhoneiros pagando diesel no preço que estão pagando, e ainda sendo assaltados pelos pedágios na estrada desse país. E tudo isso, na verdade, repercute na comida que a gente come. Porque a inflação de hoje, 50% da inflação, são dos preços controlados pelo governo: energia elétrica, gás, gasolina. E por que isso? É por causa da guerra da Ucrânia? Eu vou dizer pra vocês: é falta de vergonha e compromisso desse país, com quem governa esse país, e com quem dirige a Petrobras. É importante que a gente diga: para não jogar a culpa em cima dos outros, não adianta jogar a guerra em cima de qualquer lugar, porque já tivemos a guerra do Iraque, já tivemos a guerra da Síria, já tivemos a guerra do Líbano, e a gente não aumentava o combustível. Sabe por que gente? Temos que ficar muito alerta.
“Eles agora estão tomando a decisão de privatizar a Eletrobras. E vão dizer que, se tiver mais empresas concorrendo, vai ficar mais barato. E a dona de casa vai ouvir o rádio e vai dizer: ‘é verdade’. E por que que vai ficar mais barato? Porque as empresas privadas são mais honestas que o Estado. O Estado é corrupto, a casa pública é corrupta, o deputado é corrupto, todo mundo é corrupto. Como se a iniciativa privada fosse honesta.
E eu quero dizer pra vocês: se a gente deixar privatizar a Eletrobras, se preparem, porque as empresas não vão tomar conta apenas do preço da energia. Vão tomar conta da água dos nossos rios, vão tomar conta da água. É capaz de não deixar ninguém nadar mais: não nada, porque a hidrelétrica é privada e a empresa é privada, e portanto vocês não podem se meter aí. E o mais grave: nunca mais haverá um programa como o ‘Luz para todos’, no qual o nosso governo colocou R$ 20 bilhões de reais para fazer um programa que atendeu 16 milhões de pessoas, porque as pessoas viviam no século XVII. As pessoas viviam na base do candeeiro, e quem sabe o que é candeeiro sabe que é um retrocesso. E a gente levou energia, sem cobrar um centavo das pessoas, e somente quem viveu isso, a Dilma viveu e eu vivi, visitando inauguração de energia na casa dos pobres. Quando você aperta uma tomada e acende uma luz para uma pessoa que está cozinhando no candeeiro é como se a pessoa estivesse saindo do século XVIII para o XXI.
“Isso tudo foi feito de graça, e custou R$ 20 bilhões ao Estado brasileiro. Eu quero saber qual é a empresa privada que vai levar energia de graça na casa do pobre, que vai levar nas favelas, que vai levar no interior, que vai levar na Amazônia? Eu quero saber quem é esse empresário socialista que vai tirar do seu lucro para atender o povo pobre.
“É por isso que não tenho medo de dizer eu não quero um Estado fraco, eu não quero Estado do pequeno, eu não quero um Estado suficiente, eu quero um Estado forte, um Estado que seja responsável pela educação, que seja responsável pela saúde, que seja responsável pela geração de empregos, que seja responsável por aumentar o salário mínimo e que seja responsável para dar cidadania aos cidadãos e as cidadãs nesse país.
“E é esse Estado que nós vamos fazer. É esse Estado que nós vamos fazer. E é por isso que eu convidei o companheiro Alckmin para ser meu vice. Eu poderia ter pegado alguém do PT, mas aí seria uma soma zero: nós com nós. Eu queria alguém que conhecesse mais gente, que pudesse trazer mais gente, porque recuperar esse país e reconstruir a soberania deste país não é uma tarefa só do PT ou só dos partidos de esquerda, é uma tarefa que todos aqueles que têm compromisso com a dignidade, com o povo trabalhador e pobre. E é isso que eu vou fazer. Eu quero que eles saibam. E eu já disse duas vezes: quem quiser se meter a comprar a Petrobras, quem quiser se meter a comprar a Eletrobras se prepare, porque vai ter que conversar conosco depois das eleições no dia 2 de outubro.
“Porque o seu Guedes está tentando vender até os tapetes do Palácio da Alvorada. Até os tapetes do Palácio do Planalto. Porque eles não sabem falar na palavra desenvolvimento. Não sabe falar na palavra crescimento. Não sabe falar da palavra educação. Não sabe falar da palavra cultura. Não sabe falar nada daquilo que nós necessitamos. É um homem que distribui arma quando esse país está precisando de livros.
“É um homem que acaba com o Ministério da Cultura, que diz que a lei Rouanet gasta muito, quando na verdade é a cultura. E eu quero dizer aqui pra vocês: se prepare, amanhã eu vou ter uma reunião com os artistas culturais aqui do Rio Grande do Sul, e eles vão saber que a gente não vai apenas recriar o Ministério da Cultura. A gente vai criar um comitê de cultura em cada Estado para que a gente faça com que a cultura desse país seja socializada e não fique apenas no Rio e em São Paulo. Não. É importante ele saber da cultura do Rio Grande do Sul, é importante ele saber da cultura do Amapá, Amazonas, Pernambuco, Sergipe… Esse país não pode ficar subordinado numa cultura apenas do ponto de vista do interesse financeiro. Mas também é verdade que a cultura pode ser uma indústria geradora de milhões de empregos. Pode ser que nós vamos fazer a famosa Revolução Cultural que o país precisa para reconquistar a sua soberania.
“Não adianta falar em bobagem. É o Lula que saiu nervoso da cadeia. Nossa, que Lula que saiu? É o Lula de 2006, é o Lula de 2007… Que Lula que está aí? Ou é o Lula nervoso? Queridos, eu quero falar para o povo gaúcho, mas na verdade eu quero falar para o Brasil inteiro, que um cara que aos 76 anos de idade está apaixonado e casou dia 18 desse mês não está com raiva de nada. Eu não tenho tempo para criar brigas, eu não tenho tempo para ficar com ódio, eu não tenho tempo para rancor. Eu só tenho tempo para amar a minha Janja e o povo brasileiro, que precisa ser cuidado. O povo brasileiro precisa ser cuidado.
“Nós não queremos governar, nós queremos cuidar. Como é que está a criança do povo brasileiro? Qual é o sonho que esse rapaz que está com a criança no ombro? Qual é o sonho que ele quer pra filha dele? Ele não quer que a filha vá para o Big Brother só. Ele quer que a filha dele estude, que a filha dele se forme, que a filha dele case, construe uma família. Ele quer ter a certeza de que o Estado brasileiro está permitindo que a filha dele se transforme numa cidadã de bem. Bem formada, bem estudada. Inclusive com garantias de seguridade social.
“É isso que todos nós queremos. É isso, e vocês sabem que, para a gente ganhar essas eleições, a gente não precisa apostar no Fake News como ele não. Nós temos uma coisa: vocês viram que eu fui a um debate na rádio Bandeirantes aqui do Rio Grande do Sul, com 3 jornalistas muito competentes que perguntaram coisas muito sérias e muito pertinentes. Mas eu queria que vocês pesquisassem qual foi o governo, em qualquer tempo da história. Pode pesquisar as universidades, as bibliotecas. Qual foi o governo, em qualquer tempo da história, que fez mais investimento no estado do Rio Grande do Sul do que os governos Lula e Dilma? Procure saber, ao longo da história, quem fez mais casas popular, inclusive com subsídio para os mais pobres. Pergunte quem criou mais emprego nesse estado do que nós criamos em 13 anos. Pergunte quem fez mais investimento em obras urbanas. E o PT e os partidos que estão nos apoiando têm a obrigação de receber, do nosso partido, as informações: quem é que fez mais universidade, quem é que colocou mais gente, quem fez mais escolas técnicas nesse Estado?
“Ô gente, eu até de vez em quando falava para Dilma: ‘porra Dilma, eu não posso pedir uma obra para você que você já quer fazer no Rio Grande do Sul. Porra, leve uma para o meu Pernambuco, dê uma para o meu Nordeste. Pô, só quer fazer no Rio Grande do Sul’. E ontem eu estava num debate efui pegar o que nós fizemos. Se vocês pegarem a relação das coisas que nós fazemos aqui, vocês não vão acreditar que a gente fez tudo que a gente fez sem dar um tiro, com liberdade de imprensa, com liberdade sindical, com direito de greve.
“Agora, gente, estejam certos que Lula de 2022 é o mesmo Lula que um dia a dona Lindu colocou no mundo. O Lula que chorou para respirar o primeiro ar, o Lula que chorou para tomar o primeiro leite na mãe que já não tinha mais leite, mas o Lula que foi educado a não ter ódio, o Lula que foi educado para não perder a esperança. Quem vai cuidar das pessoas que inventaram todas as mentiras contra mim não sou eu, Deus está cuidando. Deus está cuidando. Pagará na terra o que fizeste na terra. Eu disse que é a verdade a vencer.
“Eu disse que é verdade a vencer. Vocês lembram no 1º depoimento que eu fiz na polícia federal para o Moro, eu disse: você está condenado a me condenar, porque você já foi longe demais com a mentira. E a desgraça da 1ª mentira é que você passa o resto da vida mentindo para justificar a 1ª mentira, e aí você não tem mais volta. E eles têm que saber que o Lula que vai disputar as eleições, se vocês quiserem, se o PT quiser, se os aliados quiserem, é o Lula. É o Lula, que junto com a Dilma, que junto com Olívio Dutra, que junto com Tarso Genro, que junto com vocês, fez a maior política de inclusão social que a história desse país já mostrou.
“É por isso que eu tenho orgulho de mesmo sendo o 1º presidente sem diploma universitário nesse país, eu sou um presidente sem diploma universitário que mais fez universidade na história desse país. É por isso que quando nós chegamos no governo, tinha mais de 3 milhões e meio de jovens da universidade. Quando nós saímos, tinham 8 milhões de jovens na universidade. E é pouco. E é pouco, porque proporcionalmente à Argentina, proporcionalmente ao Chile, a gente só tem 17% de jovens em idade universitária nas universidades. É preciso chegar a 40. Eu preciso chegar a 50. Eu tenho orgulho de ter deixado de ter deixado esse país com negros e pardos sendo a maioria na universidade brasileira.
“Ontem eu fui na PUC de São Paulo e a reitora da PUC me chamou e falou: Lula, você não tem noção o quanto você mudou a história da PUC. A PUC era uma faculdade só para brancos e gente da classe alta de São Paulo. Com o Prouni, com a lei de cotas, vocês colocaram o povo brasileiro aqui dentro do jeito que ele é. Aqui tem indígena, aqui tem meninos e meninas da periferia, aqui tem maioria hoje do ensino público. E eu quero que eles me olhem e não me vejam como inimigo. A única coisa que eu quero é garantir que todo e qualquer cidadão trabalhador, ele tem que ter direito de comprar o que ele produz, de ter uma casa para morar, de ir ao teatro e ao cinema e almoçar no restaurante. Ele tem direito de fazer o seu churrasco informal sendo doutor. Nós não estamos exigindo nada, nós estamos querendo que está na Constituição. A Constituição diz isso, a Declaração Universal dos Direitos Humanos diz. E a Bíblia diz isso. Portanto, se preparem. Nós não vamos usar uma arma. Nós não vamos dar um tiro. Nós vamos dedicar o nosso amor e a nossa indignação pela injustiça, porque não é possível que eu veja na televisão como o presidente Biden, que nunca fez discurso para dar US$ 1 para quem está morrendo de fome na África. Nunca vi um discurso dele para dar US$ 1, anunciar US$ 40 bilhões para ajudar a Ucrânia a comprar arma. Então nós que somos cristãos, e não importa a igreja que você frequenta. A gente que acredita em Deus, a gente acredita em humanismo, a gente que acredita na fraternidade da sociedade, a gente que ainda compreende a necessidade esticar a mão para ajudar aqueles que têm menos do que a gente. Eu não sei como vocês se sentem quando vocês passam nas ruas de Porto Alegre e veem mulheres e crianças dormindo na rua. Como é que é possível? Como é possível os governos serem insensíveis? Nós tínhamos acabado, e a Dilma sabe disso. Não tinha criança na rua pedindo esmola nesse país. Não tinha mais gente passando fome nesse país. O salário mínimo tinha comentado 77%. Foram criados 22 milhões de empregos e os pobres da periferia sabiam que a filha de uma simples empregada poderia ser doutora, poderia estar na universidade. O filho de um pedreiro poderia virar engenheiro. O filho de uma empregada doméstica poderia virar médica. Eles sabiam que era possível.
“Você está vendo aqui, irmandade, a alegria que eu tive aqui quando eu fui inaugurar a Universidade dos Pampas, aquela extraordinária universidade que tem 10 campings espalhados pelo Estado do Rio Grande do Sul. Pois bem gente, quem se incomodou pelo fato da gente ter feito uma lei dando jornada de trabalho para doméstica, dando 13º, dando clube de garantia, dando descanso semanal remunerado.
“Quem se importou de ver pobre entrando na universidade, quem se importou de ver pobre andando de avião, quem se importou ver pobre entrando no shopping, pode se preparar. Porque vai ter muito mais. Porque esse país é de todos, e não é apenas de meia dúzia. Por isso, companheiros e companheiras, a nossa soberania, ela fala de dignidade. A nossa soberania, ela fala de dignidade, e nós vamos governar esse país que nem disse o nosso companheiro Chico Buarque para a Dilma: ‘porque vocês não falam fino com os Estados Unidos e não falam grosso com a Bolívia’. É assim. A gente tem que tratar todos com igualdade de condições, todos com respeito, porque é esse país civilizado, humanista, solidário. Um país que quer comprar livro e distribuir de graça e quer proibir a venda de armas e evitar o genocídio, porque essa violência policial que a gente vê todos os dias. Morreu 10, 15, 30. Quando você vê um Genivaldo lá em Sergipe e vê jogado num carro, vê jogado. Eu não acho nem que a corporação que é violento. É que o Estado inexiste no cumprimento das suas obrigações sociais.
“O Estado tem que estar na favela não com polícia, tem que estar na favela com escola. Tem que estar na favela com área de lazer, com centro cultural, com rua asfaltada, água encanada, coleta de esgoto. É esse Estado que, tendo cumprido com as suas obrigações, certamente haverá menos violência contra os pobres nesse país.
“Por isso, Rio Grande do Sul, eu tenho certeza que nós vamos contar com vocês para vencer essa batalha e devolver o Brasil ao filho do Brasil, ao povo trabalhador.
“Um abraço, gente do coração, que Deus abençoe cada um de vocês e que a gente possa depois do dia 2 de outubro vir aqui comemorar a eleição de um presidente e a eleição de um governador aqui no Estado para que a gente possa consertar o estrago que eles fizeram.
“Um abraço. E até a próxima vez, se Deus quiser.”