Podemos articula apoio a Bolsonaro em eventual 2º turno sem descartar nome próprio

A sigla deve esperar os resultados das próximas pesquisas de intenção de voto para tomar uma decisão

-- Publicidade --

-- Publicidade --

Órfão de Sergio Moro, o Podemos sonda apoiar o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), em um eventual segundo turno nas eleições de outubro, mesmo que sem descartar uma candidatura própria ao Planalto.

Parlamentares do Podemos já fizeram chegar a Bolsonaro essa possibilidade de uma aliança. Um deles relatou reservadamente à CNN que o mandatário viu a aproximação com bons olhos.

Embora o congressista não tenha conversado com Bolsonaro oficialmente em nome do Podemos, interlocutores do partido afirmaram à CNN que a sigla está hoje mais próxima de Bolsonaro do que propensa a ter uma candidatura própria ao Planalto. Nesta última situação, algumas possibilidades seriam lançar o senador Alvaro Dias, o general Carlos Alberto dos Santos Cruz ou o ex-procurador Deltan Dallagnol à Presidência da República. Essa possibilidade foi reforçada pelo senador Eduardo Girão em entrevista à CNN nesta quarta-feira (11).

A avaliação é de que declarar apoio agora a Bolsonaro ou até mesmo a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o que é tido como fora de discussão, seria prematuro. Os candidatos do Podemos pelos Estados poderiam perder votos de quem rejeita os dois principais nomes na corrida ao Planalto até o momento, dizem integrantes do Podemos.

Num momento em que as regras de cláusula de barreira se tornam mais rígidas, não se deve fazer movimentações que atrapalhem a eleição de bancadas estaduais, dizem esses parlamentares.

A sigla deve esperar os resultados das próximas pesquisas de intenção de voto para tomar uma decisão. Há quem fale que uma definição só sairá em julho ou agosto, época das convenções partidárias e registro de candidaturas junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Aproximação pode representar mudança de rumo

Se a aproximação do Podemos com Bolsonaro evoluir, isso representará uma mudança de rumo em relação às pretensões políticas da sigla da época em que tinha o ex-juiz Sergio Moro em suas fileiras. Moro saiu do governo federal após série de atritos com Bolsonaro, inclusive acusações de interferência na Polícia Federal. Bolsonaro nega qualquer irregularidade.

O Podemos sempre foi uma das siglas mais próximas a Moro e, depois da saída dele do governo Bolsonaro, as negociações para lançá-lo ao Planalto pela legenda se intensificaram. Mas o ex-juiz trocou o Podemos pelo União Brasil em março deste ano.

A aposta é que Moro poderia ter uma campanha mais robusta, com mais verbas e tempo de TV, além de melhor posição na negociação com outros partidos da chamada terceira via, como PSDB e MDB. No momento, contudo, o lançamento de Moro ao Planalto encontra forte resistência de ala do União Brasil e, agora, o pré-candidato do partido é Luciano Bivar.

Integrantes do Podemos consideram que a chamada terceira via está excessivamente dividida e sem projeto factível. Por isso, o mais seguro pode ser embarcar na candidatura de um dos dois líderes na corrida ao Planalto.

Candidatura própria

De acordo com senadores do Podemos, uma candidatura própria do partido à Presidência seria mais para “ter uma moeda de troca” no segundo turno do pleito. Ou seja, pleitear melhores condições e mais espaço no próximo governo em troca da transferência do apoio recebido no primeiro turno.

Há um entendimento também de que o eventual candidato do Podemos iria para o “sacrifício” com o objetivo de manter o partido em voga após a saída de Moro.

Alvaro Dias era um dos principais entusiastas e articuladores da candidatura de Moro à Presidência pelo Podemos. Sem seu pupilo no partido, o senador relatou a interlocutores que não descarta ser o candidato do partido ao Planalto. Sua prioridade, contudo, seria concorrer à reeleição.

Uma terceira possibilidade considerada pelo Podemos é permanecer neutro em relação à Presidência. Portanto, não lançariam um candidato nem apoiariam alguém explicitamente e investiriam nas candidaturas para o Parlamento.

General Carlos Alberto Santos Cruz / Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Flerte pode afastar Santos Cruz das eleições

Se essa aproximação do Podemos com Bolsonaro se consolidar, o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo de Bolsonaro e hoje um dos maiores críticos do presidente, pode até não concorrer nas eleições de outubro.

Ele é cotado como possível candidato do Podemos ao Planalto, embora suas perspectivas para a disputa ao cargo estejam cada vez mais remotas, segundo integrantes do partido. Não está descartado ainda que se lance ao Senado ou à Câmara dos Deputados pelo Distrito Federal.

À reportagem, Santos Cruz pregou paciência para a definição de arrumações eleitorais e afirmou não ter conhecimento das tentativas do Podemos de se alinhar a Bolsonaro ou ao PL. No entanto, disse que “se acontecer, fico de fora”. “Não faço composição com Bolsonaro e com o partido dele. De jeito nenhum”, declarou. Ele defendeu ser preciso ter coerência “com aquilo que você pensa”.

Debate

CNN realizará o primeiro debate presidencial de 2022. O confronto entre os candidatos será transmitido ao vivo em 6 de agosto, pela TV e por nossas plataformas digitais.

Banner825x120 Rodapé Matérias
Fonte cnnbrasil
você pode gostar também