Dólar vai a R$ 4,78 com cautela global e ameças de novas sanções à Rússia; Bolsa sobe
Clima de incerteza é pressionado por risco de recessão na Alemanha caso o governo de Vladimir Putin corte o suprimento de gás
Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro fecharam em alta nesta quarta-feira, 30, com o clima de cautela no cenário internacional pelo ceticismo com as negociações para cessar-fogo no Leste Europeu. Apesar dos sinais de comprometimento de ambos os lados, líderes do Ocidente indicaram novos embargos enquanto as tropas de Moscou continuam ocupando os territórios do país vizinho. Com este cenário, o dólar avançou 0,6%, e fechou a R$ 4,787. O câmbio chegou a bater a máxima de R$ 4,792, enquanto a mínima não passou de R$ 4,728. A moeda encerrou a véspera com queda de 0,3%, a R$ 4,758. Se descolando do clima negativo nos mercados globais, o Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, fechou com alta de 0,2%, aos 120.259 pontos, a melhor posição desde o fim de agosto. O pregão desta terça-feira, 29, fechou com avanço de 1,1%, aos 120.014 pontos.
O preço do petróleo voltou a subir nesta quarta-feira em meio ao quadro de desconfiança internacional e sinais de novas sanções contra a Rússia. O barril do tipo Brent, referência na maior parte do mundo, avançou 2,1%, a US$ 112. Já o WTI, base do mercado dos EUA, também avançava 3% aos US$ 107. Apesar do anúncio da Rússia de reduzir os ataques na região de Kiev e Chernihiv durante a rodada de negociação com a Ucrânia, líderes do Reino Unido e dos Estados Unidos veem com desconfianças essas garantias para cessar-fogo. Em resposta a repórteres que o questionaram sobre o assunto, Joe Biden declarou que não sabe se a Rússia vai cumprir com a promessa de reduzir suas operações militares. “Vamos ver se eles seguem o que estão sugerindo. Vamos continuar atentos ao que está acontecendo”, disse. Já os britânicos indicaram que devem intensificar o estrangulamento econômico contra o Kremlin. “A pressão sobre Putin deve ser aumentada tanto por meio de novas medidas econômicas, quanto pelo fornecimento de ajuda militar para garantir que a Rússia mude completamente o curso”, afirmou o premiê britânico, Boris Johnson.
O temor internacional foi intensificado pelos alertas de recessão na Alemanha — a maior economia da União Europeia —, caso a Rússia corte o suprimento de gás para o país. O governo do premiê Olaf Scholz é resistente à tomada de sanções mais duras aos russos devido à alta dependência energética. Moscou afirmou na semana passada que os países terão que pagar em rublos pelo gás e estabeleceu prazo para até esta quinta-feira, 31, para adesão. A medida, no entanto, foi rechaçada pelos compradores. O governo de Berlim não decretou o racionamento do gás, mas vem emitindo diversos sinais para que o uso seja consciente para evitar um cenário drástico que pode levar à paralisação de parte da indústria alemã. Assim como em diversas partes do mundo, a Europa enfrenta os maiores níveis de inflação das últimas décadas, e pode ver o número ficar ainda mais pressionado por eventuais cortes na distribuição de energia.
Na pauta doméstica, o Índice Geral de Preços — Mercado (IGP-M) desacelerou para 1,74% em março ante avanço de 1,83% em fevereiro, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta quarta-feira. O resultado faz o indicador usado como base para o reajuste do aluguel acumular alta de 14,77% em 12 meses, contra a soma de 16,12% no mesmo período encerrado no mês passado. Desde o início do ano, o IGP-M soma alta de 5,49%. Em março de 2021, o índice havia subido 2,94% e acumulava alta de 31,1% em 12 meses. Segundo a pesquisa, os dados da inflação já sofreram influência do mega-aumento nos combustíveis anunciado pela Petrobras no dia 10 de março.