Consumo de energia no mundo deve cair, diz Campos Neto

Presidente do Banco Central disse que preços muito altos e logística mundial devem reequilibrar oferta e demanda

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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou, em entrevista neste domingo (27.mar.2022) ao programa Canal Livre, da Band News, que o consumo de energia em todo o mundo deve cair. Os preços altos e as próprias dificuldades logísticas em escala mundial tendem a reequilibrar a oferta e a demanda, impactadas sucessivamente pela pandemia de Covid-19 e, em seguida, pela guerra na Ucrânia.

Campos Neto falou como a inflação tanto no Brasil quanto no mundo tem sido muito impactada pelo aumento dos custos da energia, em função dos choques causados pelos dois eventos mundiais.

“Basicamente, a gente teve alguns erros de diagnóstico em termos de economia no começo da crise [da Covid-19]. A gente imaginou que as pessoas estavam em casa, sem produzir e que não estavam consumindo serviços. Só que houve uma queda no consumo de serviços e uma alta no consumo de bens. Com isso, aumentou a demanda por energia. Porque gasta-se muito mais energia produzindo bens do que produzindo serviços”.

O presidente do Banco Central afirmou, porém, que, desse cenário, pode vir a ser o chamado “choque contrário”, por meio do freio no consumo, o que deve ajudar a reacomodar os preços.

“O preço da energia está tão alto que as economias começam a desacelerar porque o consumo de energia vai começar a cair, pelo preço e também pela logística da economia. Então, se as economias começam a desacelerar, em algum momento você pode ter o choque contrário, que é um reequilíbrio, com menos consumo de energia e menos crescimento”, disse Campos Neto.

Sem citar a Petrobras, o presidente do BC disse que o repasse do aumento do preço do petróleo no mercado internacional para as bombas foi “muito maior do que se esperava”, o que impactou diretamente a prévia da inflação para março, de 0,95%. No dia 11, a Petrobras reajustou os preços da gasolina e do diesel em quase 19% e 25%, respectivamente.

“Isso significa que você vai ter uma inflação mais curta, mas mais alta , porque o repasse é mais rápido, mas em compensação no outro mês você tem uma inflação mais baixa”, disse Campos Neto. Afirmou também que a projeção do BC continua sendo de um pico inflacionário em abril, com queda a partir de maio.

Durante a entrevista, disse que, embora a taxa básica de juros esteja em um patamar elevado e já seja considerado que o pico do ciclo de alta alcance 12,75% ao ano, o Brasil se antecipou a um movimento de elevação de juros que só agora tem sido adotado pelos demais países emergentes no combate à inflação.

“Hoje, quando a gente olha o que os países estão fazendo, eles estão com níveis de inflação bem parecidos, mas o Brasil saiu na frente, fez o ajuste. Isso tem sido reconhecido, entre outros fatores, como responsável por uma entrada de recursos”, disse.

Campos Neto afirmou que essa entrada de recursos, inclusive, tem feito o câmbio em relação ao dólar cair. Na última semana, a moeda norte-americana caiu 5,36% em relação ao real e fechou cotado a R$ 4,74, o menor nível desde 11 de março de 2020.

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Fonte poder360
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