Esquema de fura-fila no HGP revela que médicos cobravam até R$3 mil para priorizar pacientes em cirurgias
Conversas interceptadas pelo Ministério Público mostram que envolvidos em esquema afirmavam que queriam 'um negocinho' para priorizar pacientes em cirurgias dentro do maior hospital público do Estado
A Operação Betesda, deflagrada pela Polícia Civil nesta terça-feira, 15, e que prendeu quatro profissionais que cobravam de pacientes para priorizar o atendimento em cirurgias eletivas no Hospital Geral de Palmas (HGP), revelou que o esquema de fura-filas no maior hospital do Tocantins já acontecia há pelo menos dois anos. Os profissionais cobravam até R$3 mil para atender com prioridade quem pagava.
Em conversas transcritas pelo Ministério Público, que participou da operação ao lado da polícia, em uma das ligações o médico Jorge Magalhães Seixas fala para um paciente que um outro profissional vai cobrar R$2 mil para realizar uma cirurgia. Quando recebe a confirmação do doente, ele diz que o procedimento é tranquilo, porque ele atua no HPG e que “quer um negocinho”, para não deixar ninguém na frente dele.
Prestaram depoimento e foram encaminhados a Casa de Prisão Provisória de Palmas: Augusto Ulhoa Florencio de Morais; Idael Aires Tavares; Jorge Magalhães Seixas e Railon Rodrigues da Silva. A defesa de Augusto Ulhoa informou que vai colaborar com as investigações e abriu o sigilo telefônico, bancário, fiscal e financeiro do envolvido,
A investigação é conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Tocantins e a Polícia Civil, autorizada pelo juiz Luiz Zilmar dos Santos Pires, da 2ª Vara Criminal de Palmas.
As fraudes foram reveladas após interceptações telefônicas autorizadas pelo judiciário. Nesta terça, a polícia realizou buscas nos endereços ligados dos quatro suspeitos nas cidades de Palmas, Ponte Alta do Tocantins e Uruaçu (GO). O setor administrativo do Hospital Geral de Palmas, onde as cirurgias teriam sido realizadas, também foi alvo da operação, onde prontuários foram recolhidos.
Conforme a denúncia, o médico Jorge Magalhães era quem ficava responsável por ir atrás dos pacientes e fazer as cobranças, já o fisioterapeuta Railton Rodrigues da Silva recebia o dinheiro e passava para o grupo e o médico Augusto Ulhoa era quem recebia a propina para realizar as cirurgias. Idael seria quem encaminhava os pacientes de Ponte Alta ao HGP para a realização dos procedimentos.
O secretário estadual do Tocantins, Afonso Piva, esteve no HGP durante as buscas e afirmou que contribui com a operação. Em entrevista à TV Anhanguera ele disse que a Secretaria de Saúde não tinha conhecimento do esquema dentro da unidade e que uma a corregedoria também vai acompanhar a situação.
“Ficamos sabendo agora pela manhã da operação e fomos para lá. Nós temos uma corregedoria. Vamos abrir um processo na corregedoria referente aos servidores em conjunto. Temos interesse em fazer o que é certo”, disse o secretário.
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que está a disposição do Gaeco, da Polícia Civil e do próprio judiciário, para prestar todos os esclarecimentos – que forem pertinentes à pasta em relação a operação que investiga o possível esquema de cobrança indevida dentro do Hospital Geral de Palmas (HGP), para realização de cirurgias.
“O Secretário de Estado da Saúde, Afonso Piva, e o diretor geral da Unidade, Leonardo Toledo, acompanharam a “Operação Betesda” dando total suporte para elucidação dos fatos. Os Agentes tiveram acesso aos documentos solicitados, como também, a prontuários médicos e demais documentos relativos aos encaminhamentos e procedimentos de pacientes. Paralelamente, o gestor determinou imediata abertura de sindicância – a ser instaurada pela corregedoria de saúde – a fim de apurar os fatos, obedecendo, logicamente, o princípio da ampla defesa aos investigados”
Em entrevista a TV Anhanguera, o secretário estadual do Tocantins, Afonso Piva, informou que a pasta está contribuindo com a operação e que a Secretaria Estadual não estava ciente do esquema que acontecia dentro do Hospital, mas que vai acompanhar a situação pela corregedoria.
“Ficamos sabendo agora pela manhã da operação e fomos para lá. Nós temos uma corregedoria. Vamos abrir um processo na corregedoria referente aos servidores em conjunto. Temos interesse em fazer o que é certo”, disse o secretário.
Ainda por meio do comunicado oficial, a SES informou que “o governo do Tocantins reafirma o compromisso da gestão pelo zelo na prestação dos serviços públicos de saúde, que são totalmente gratuitos. Por fim, a SES-TO reitera que não compactua com qualquer forma de corrupção ou ingerências, e não medirá esforços para que tais ações sejam coibidas na gestão pública tocantinense”.