Com aumento da gasolina, venda de etanol cresce. Mas vale a pena?

Na semana passada, a Petrobras anunciou aumento de 18,7% na gasolina, 24,9% no diesel e 16% no gás de cozinha

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A procura por etanol nos postos de combustíveis aumentou nos últimos dias, por conta das constantes altas no preço da gasolina. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), que representa as usinas e unidades de produção, as vendas do etanol hidratado, que vai da bomba diretamente para o tanque do veículo, subiram 26,20% em fevereiro, em comparação com janeiro deste ano. Donos de postos, no entanto, acham que o aumento na procura pode ser passageiro, se o preço do etanol continuar acompanhando as altas no valor da gasolina.

Na semana passada, a Petrobras anunciou aumento de 18,7% na gasolina, 24,9% no diesel e 16% no gás de cozinha. Dono de postos em Vargem Grande Paulista, na região metropolitana de São Paulo, o empresário Miguel Pedroso viu que muitos motoristas passaram a optar pelo etanol. “De uns dias para cá, o consumo de etanol aumentou, mas os preços subiram tanto quanto os da gasolina”, disse.

Pelas suas planilhas, o preço do etanol colocado no posto passou de R$ 3,74 em 10 de fevereiro para R$ 4,28, nesta segunda-feira, 14, uma alta de 14,44%. Já a gasolina, no mesmo período, subiu de R$ 5,56 para R$ 6,14, aumento de 10,40%. Ele esclarece que esses são os preços de custo para o posto, que depois acresce impostos e seus próprios custos para formar o preço final para o consumidor.

Pedroso lembra que o etanol anidro, aquele que é misturado à gasolina, representando 27% do produto final, subiu praticamente na mesma proporção do hidratado.

“Neste período do ano, quando começa a safra da cana, seria normal cair o preço do etanol, mas este ano não está acontecendo”, disse o empresário. A safra 2022/23 foi aberta oficialmente no último dia 9, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo.

Segundo o empresário, a maioria da frota de automóveis é flex, ou seja, pode ser abastecida com álcool ou gasolina. “Nos últimos dias, com as altas na gasolina, aumentou a procura pelo etanol, mas é uma situação que pode mudar. O consumidor faz as contas e opta pelo combustível que compensa para ele”, disse.

O que determina é a chamada paridade dos preços, uma espécie de regra usada no mercado que diz que, para valer a pena, o etanol deve custar até 70% do preço da gasolina, que rende mais no motor (veja no fim desse texto como ver quando o etanol é mais vantajoso). O problema é que essa paridade acaba sendo usada como balizamento para o preço do etanol. “Quando a distribuidora entrega o combustível para o posto, o etanol já vem com essa paridade, tendo como referência o preço da gasolina”, disse.

Em Sorocaba, na segunda-feira, os postos visitados pela reportagem mantinham o preço do etanol muito próximo de 70% do preço da gasolina, que é a paridade limite – o rendimento do álcool no motor equivale a este percentual em relação ao derivado do petróleo.

A comerciária Marcia Quevedo Rodrigues optou pelo álcool ao abastecer em um posto próximo do estádio municipal. A gasolina estava a R$ 6,65 o litro, enquanto o álcool custava R$ 4,65. “O álcool rende bem no meu carro e, como está 70% do preço da gasolina, prefiro abastecer com um combustível mais sustentável para o meio ambiente”, disse.

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