Nubank: Itaú BBA reduz preço-alvo da ação e reitera recomendação equivalente à venda; já Morgan segue otimista
BBA revisou seus números após divulgação dos resultados da fintech; Morgan fez painel com investidores, que destacaram principais questões para o banco
As ações do banco digital Nubank (NUBR33) têm dividido os analistas de mercado, com alguns deles muito otimistas e outros bem pessimistas com os papéis.
Entre os pessimistas, em relatório em que revisou estimativas para o banco, o Itaú BBA reduziu o preço-alvo da ação do Nubank negociada na Bolsa de Nova York (NU), reiterando visão negativa para o papel.
“Dados os desafios cíclicos e estruturais para o case de investimentos da companhia, reiteramos nossa classificação underperform [desempenho abaixo da média do mercado), com um novo valor justo de US$ 7 por ação” – anteriormente o valor era de US$ 8 por ação. O novo preço-alvo corresponde a uma queda de cerca de 10% em relação ao fechamento da sessão de quarta-feira, de US$ 7,77.
O Itaú BBA justificou a redução após a divulgação na semana passada dos resultados do quarto trimestre e 2021 do banco digital: “O NII (receita líquida de juros) foi bom, mas a baixa receita de serviços e um aumento significativo nas despesas operacionais nos levaram a aumentar nossa previsão de prejuízo líquido em 2022 para R$ 862 milhões”.
O relatório apontou ainda que “o provável aumento da inadimplência deve começar a se materializar durante o primeiro semestre do ano, prejudicando as estimativas de longo prazo e tendo um impacto considerável nos múltiplos de negociação”.
Visão mais otimista
Por outro lado, o Morgan Stanley reiterou visão mais otimista em relatório, ainda que tenha destacado algumas preocupações dos investidores com o banco.
Em painel realizado com investidores sobre a fintech, ganhou destaque a avaliação de que a maioria foi otimista em relação ao crescimento e monetização do banco digital, “mas muitos permanecem pessimistas quanto à qualidade dos ativos”.
Mas as visões, de acordo com o Morgan Stanley, são mais divergentes quanto aos preços dos ativos: “Alguns argumentam que o Nubank parece atraente em relação ao crescimento e à lucratividade, enquanto outros acham que muitos dos aspectos positivos estão precificados”.
Sobe a qualidade dos ativos, há uma preocupação com o aumento da inadimplência, mesmo com o banco mantendo uma abordagem conservadora para empréstimos. A deterioração das perspectivas econômicas é um alerta, com impacto no curto prazo na monetização de clientes e no crescimento da receita.
Alguns investidores questionaram, segundo o documento do Morgan Stanley, “a capacidade da empresa de reter clientes no longo prazo, pois o Nubank teria que fazer vendas cruzadas de produtos de baixa margem e prazo mais longo que exigem financiamento mais barato, o que a empresa não possui”.
O Morgan, contudo, segue com recomendação overweight (exposição acima da média do mercado) para as ações do Nubank negociadas na Bolsa de Nova York, com preço-alvo de US$ 16, ou potencial de valorização de 106% em relação ao fechamento de quinta. Os analistas destacam que a companhia é uma ganhadora de participação de mercado mesmo em tempos conturbados e que ela provavelmente entregará lucros mais altos por consumidor do que os bancos incumbentes do Brasil.
As ações, que vêm registrando um movimento de volatilidade desde que estrearam na Bolsa, em dezembro de 2021, registram queda de 4,89%, a US$ 7,39, às 16h35 (horário de Brasília) na Bolsa de Nova York.