Economia russa já se adaptou a viver com sanções, diz professor
Diversos países anunciaram sanções contra a Rússia nos últimos dias devido à escalada da tensão no conflito com a Ucrânia
Em entrevista à CNN nesta quarta-feira (23), Gustavo Blum, professor de Política e Segurança Internacional e pesquisador de Relações Internacionais, afirmou que a “aposta” da Rússia ao reconhecer a independência de duas áreas separatistas da Ucrânia era de que as sanções que poderiam ser impostas não seriam tão diferentes em relação àquelas que o país já sofre desde 2014.
Blum explica que, desde aquele ano, a economia russa já sofre com sanções devido à anexação da Crimeia e que já está “acostumada a viver” desta maneira.
“A Rússia já é uma economia sancionada desde 2014”, disse. “Ela já está se acostumando a viver, de uma forma ou de outra, com essas limitações”, acrescentou.
De acordo com o professor, a principal diferença agora é que alguns países tentam agora também atingir legisladores russos, por exemplo limitando a movimentação de dinheiro de parlamentares russos no Reino Unido.
Nos últimos dois dias, diversos países e blocos anunciaram sanções contra a Rússia, como a União Europeia e os Estados Unidos.
O pesquisador diz que observamos a “materialização da tensão entre Rússia e Ucrânia” e que a fala do chanceler ucraniano na Assembleia-Geral da ONU nesta quarta é importante porque a Otan, por exemplo, não teria obrigação de intervir imediatamente em um conflito armado.
“Estamos discutindo as coisas mais básicas do sistema internacional, ou seja, quem pode reconhecer a independência de quem”, disse.
Por fim, sobre a expectativa da fala do Brasil na Assembleia-Geral, Blum avaliou que o país deve manter uma postura mais “conservadora, retomando o multilateralismo” e integridade territorial.
*sob supervisão de Elis Franco
Entenda o conflito
Após meses de escalada militar e intemperança na fronteira com a Ucrânia, a Rússia está aumentando a pressão sobre seu ex-vizinho soviético, ameaçando desestabilizar a Europa e envolver os Estados Unidos.
A Rússia vem reforçando seu controle militar em torno da Ucrânia desde o ano passado, acumulando dezenas de milhares de tropas, equipamentos e artilharia nas portas do país. A mobilização provocou alertas de oficiais de inteligência dos EUA de que uma invasão russa pode ser iminente.
Nas últimas semanas, os esforços diplomáticos para acalmar as tensões não chegaram a uma conclusão. Foi reconhecida pelo presidente russo Vladimir Putin, na segunda-feira (21), a independência de Donetsk e Luhansk, duas áreas separatistas ucranianas.
A escalada no conflito de anos entre a Rússia e a Ucrânia desencadeou a maior crise de segurança no continente desde a Guerra Fria, levantando o espectro de um confronto perigoso entre as potências ocidentais e Moscou.
(Com informações de Sarah Marsh e Madeline Chambers, da Reuters, e de Eliza Mackintosh,