Queiroga afasta candidatura: ‘Estou satisfeito no Ministério da Saúde’
O ministro sinalizou que pretende continuar à frente da pasta para o enfrentamento da pandemia e ressaltou o sucesso da vacinação
A possibilidade de um lançamento de candidatura do ministro Marcelo Queiroga é afastada pelo próprio cardiologista. “Eu estou muito satisfeito no Ministério da Saúde, trabalhando para ajudar o povo brasileiro”, declarou ele a jornalistas, após reunir-se com o vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), nesta segunda-feira (21).
Ao ser questionado se abriria mão de concorrer, Queiroga afirmou que seu trabalho consiste em chefiar o Ministério da Saúde, pasta que ocupa há 11 meses. “Nós estamos enfrentando a maior emergência sanitária que o Brasil e o mundo já enfrentaram, e os resultados estão aí. Uma queda do número de óbitos muito significativa, uma das maiores de campanha de vacina no mundo.”
O ministro ainda destacou a escolha do Brasil para representar a América na discussão do tratado sobre pandemias na OMS (Organização Mundial da Saúde). “Eu estou aqui cumprindo as recomendações que recebi do presidente da República“, disse.
Ainda que nos bastidores o comentário seja de que parte do encontro entre Queiroga e Mourão teve como pano de fundo as eleições que se aproximam, os assuntos oficiais tratados entre eles foram as ações de saúde voltadas à população indígena e o enfrentamento da pandemia.
“O vice-presidente da República coordena o Conselho da Amazônia Legal. Fizemos um relato de todas as ações que o Ministério da Saúde tem feito na região da Amazônia, particularmente em questão aos indígenas. Também conversamos sobre a pandemia no Brasil, quais são as perspectivas futuras. Uma reunião muito produtiva e, particularmente, para mim, muito interessante”, afirmou Queiroga.
A jornalistas, o ministro voltou a destacar o sucesso da campanha de vacinação contra a Covid-19, com a marca de 380 milhões de doses aplicadas na população. Com isso, o país tem 93% dos brasileiros acima de 12 anos vacinados com a primeira dose e 87% com a segunda dose ou dose única.
No entanto, mais de 30 milhões de brasileiros com indicação para receber a dose de reforço ainda não compareceram aos postos de saúde. Queiroga frisou a necessidade de retorno às unidades para completar o esquema primário de imunização, além de receber a dose extra. “É uma prioridade muito maior do que se discutir aplicação de uma quarta dose que ainda não encontra consenso nenhum na comunidade científica. Eu tenho dito isso de maneira reiterada.”
Sobre a vacinação infantil — que está mais lenta do que a adulta, mesmo com oferta de doses para que todas as crianças de 5 a 11 anos recebam o imunizante —, o ministro disse que “em pouco tempo o Brasil também figurará entre os líderes de vacinação infantil no mundo”, mas que, como o novo público representa aproximadamente 22 milhões de crianças, há um desafio maior em alcançar essa população na comparação com países menores.
“Nós temos a população dos neonatos até 4 anos, que não há em qualquer agência regulatória no mundo com aval para aplicação de vacinas para essa faixa etária. Estamos trabalhando, sempre que há uma aprovação da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária], analisando e disponibilizando essas vacinas para a população, dentro de uma lógica de uma política pública que tenha concretude”, completou o ministro, indicando a inclusão de mais públicos em caso de aprovação regulatória.
O ministro também comentou a abertura da investigação preliminar da PGR (Procuradoria-Geral da República) para apurar o chamado “apagão de dados” do Ministério da Saúde, após ataque cibernético no dia 10 de dezembro do ano passado. O vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, informou o STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o procedimento, pedindo o arquivamento dos autos na Corte, com o argumento de que cabe à PGR a investigação.
Ao comentar o caso, Queiroga afirmou que as ações criminosas também afetaram outros órgãos e disse esperar que a Polícia Federal consiga concluir as investigações e punir os culpados. “Esses ataques de hackers acontecem. Não só contra a Saúde, mas contra o sistema financeiro também. E hoje a Saúde virou um alvo de grande interesse desses criminosos”, disse, destacando que o sistema já foi completamente restabelecido, apesar de sempre precisar de aprimoramentos.