Ganhos de visita do Brasil à Rússia deveriam ser ponderados, diz especialista
Segundo o especialista, Itamaraty está tomando uma posição fora da tradição brasileira de manter uma equidistância de conflitos
Em entrevista à CNN, neste domingo (13), o professor de relações internacionais da ESPM Leonardo Trevisan comentou sobre a visita do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao presidente russo, Vladimir Putin. Encontro ocorre meio ao atual cenário de tensão no leste europeu.
Segundo Trevisan, “o Brasil visita um líder que está com um franco reconhecimento por ser um autocrata. A Rússia sempre enfrenta problemas relacionados à personalidade de Putin, nem mesmo o ministro Sergey Lavrov aparece, existe apenas a voz de Putin”. Para o professor, “os ganhos da viagem do Brasil à Rússia deveriam ser ponderados”, afirmou.
O especialista avalia que, no atual cenário de incertezas que a Europa se encontra, “talvez não fosse o momento mais recomendado para a visita, embora ela possa ser entendida ou vendida como um encontro protocolar”.
Para Trevisan, é preciso de cautela para evitar qualquer tipo de erro na linguagem diplomática. “Qualquer deslize na linguagem diplomática, será muito sério do ponto de vista do apoio internacional. Basta um incidente para que a visita de Bolsonaro à Moscou ganhe dimensões na imprensa mundial, isso pode ser muito danoso para o Brasil, caso ocorra”, afirmou.
Por fim, Trevisan entende que o caráter do encontro deve seguir como sendo protocolar. No entanto, ele avalia que “a diplomacia brasileira está tomando uma posição fora da tradição de manter uma equidistância de conflitos. Nesse caso, estamos falando de uma discussão profunda sobre o futuro da segurança europeia”, concluiu.