Weintraub diz que “nunca falou mal” de Bolsonaro, mas critica aproximação do Centrão
O ex-ministro Abraham Weintraub disse nesta quarta-feira (19) à Rádio Bandeirantes que “nunca falou mal” do presidente Jair Bolsonaro, mas reafirmou as críticas à aproximação do governo federal com o Centrão.
Weintraub pontuou que, antes da eleição de 2018, o grupo que acompanhava o então candidato Bolsonaro era restrito, formado por “oito ou nove pessoas”. O número, ainda segundo ele, só foi aumentando conforme a chapa crescia nas pesquisas eleitorais – e “estourou” principalmente após a vitória no pleito.
“Quando o presidente ganhou, a proposta era ter um governo de enfrentamento ao mecanismo, ao sistema, isso tudo foi dito em campanha. As coisas que falo hoje sobre o Centrão são polidas perto do que era dito na época da campanha”, disse.
“Eu não sou político, o presidente que foi eleito. Nunca falei que ele não tem direito de mudar de estratégia. Mas em algum momento o Centrão começou a pressionar: ‘ou deixam a gente entrar ou vamos abrir um processo de impeachment’. O resultado foi que acabou entrando, gradualmente, e os conservadores foram saindo (…). Bolsonaro tomou essa decisão, tem legitimidade, torço para que dê certo e ele seja reeleito, mas é uma estratégia que eu não tomaria. É um pessoal que trai, não é confiável. Vão aprontar em algum momento”, completou.
Entre os “conservadores” que deixaram o grupo, Weintraub citou, além dele mesmo, os também ex-ministros Ernesto Araújo e Ricardo Salles.
“Nunca ‘atirei’ no presidente e não me considero traído por ele, de forma alguma. Eu não falo mal das pessoas com quem ando e nunca fizeram nada de errado. Nunca vi o presidente fazer nada de errado. Só comentei o que aconteceu”, ressaltou.
Weintraub candidato em 2022?
Questionado sobre a possibilidade de se candidatar ao governo de São Paulo nas eleições de 2022, Weintraub não confirmou e nem negou. Segundo ele, há a possibilidade tanto de se candidatar ao governo ou ao Senado Federal quanto de apoiar uma eventual candidatura do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas.
“Tarcísio é um nome muito bom, mas por que preciso ir a público falar que não vou ser [candidato] de jeito nenhum? Vai que o Tarcísio não sai? Sinto que ele não está com muita vontade… Pode ser o Skaf, o Kassab, sei lá quem. Aí sai da frente. Sou um homem livre e posso fazer o que quiser da minha vida.”
“Só que, se eu subir no tatame, vou chamar urubu de urubu e tatu de tatu. Entendeu? Subiu o ex-governador? Vou chamar de merendeiro e perguntar como foi o esquema da merenda. O antigo ministro da Educação? Me explica aí seu Enem investigado pela Polícia Federal. Vou chamar cada um pelo nome. Esse é o meu jeitinho.”