Ao menos 11 dos 23 ministros devem deixar o governo até abril
Esse é o prazo para desincompatibilização dos ministros que vão disputar as eleições de 2022
Como em todo ano de eleição presidencial, o governo federal deve sofrer uma debandada de ministros até abril de 2022, prazo estabelecido para que eventuais candidatos se desincompatibilizem de cargos públicos e possam disputar pleitos. No governo Bolsonaro, a dança das cadeiras envolverá ao menos 11 dos 23 ministros de Estado.
Após abril, esses ministros darão espaço a seus secretários-executivos ou a aliados da base de apoio do governo, especialmente dos partidos da aliança PP, PL e Republicanos, que comandarão as pastas até o início de 2023, quando haverá a formação do próximo governo.
A estratégia do presidente é eleger o maior número possível de senadores e formar uma base de apoio no Senado, casa onde sofre maior resistência, para um eventual segundo mandato. A renovação do Senado em 2022 será de um terço, com a eleição de um representante por unidade da federação.
O R7 mapeou com interlocutores do governo quais ministros devem deixar as cadeiras e quais cargos eles disputarão. Veja a lista abaixo:
1) Agricultura, Pecuária e Abastecimento
A ministra Tereza Cristina, que também está em seu último ano de mandato como deputada federal (DEM-MS), já confirmou que deixará a pasta para renovar o seu mandato de deputada ou tentar uma vaga ao Senado.
2) Justiça e Segurança Pública
O ministro Anderson Torres, que entrou no lugar de André Mendonça, deve disputar uma vaga ao Senado pelo União Brasil, pelo DF. Hoje ele é filiado ao PSL. Além de ser próximo de Bolsonaro, Torres é delegado de Polícia Federal e tem ligação com o governador do DF, Ibaneis Rocha, de quem foi secretário de Segurança. Ibaneis, no entanto, deve apoiar a ministra Flávia Arruda para o Senado do DF.
3) Casa Civil
Ciro Nogueira (PP) tem, em 2022, seu último ano de mandato como senador pelo Piauí. Ele deve deixar o governo para se candidatar à reeleição pelo Senado.
4) Infraestrutura
Tarcísio de Freitas será candidato, mas ainda não está definido se concorrerá ao governo de São Paulo, ao Senado ou à Câmara pelo estado de Goiás. O ministro prefere uma vaga no Congresso, mas diz a interlocutores que seguirá as orientações do presidente Bolsonaro.
5) Cidadania
Em seu último ano de mandato como deputado federal, João Roma (Republicanos-BA) tem planos de disputar o governo da Bahia. Ele deve enfrentar nas urnas o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (DEM) e o senador petista Jaques Wagner.
6) Comunicações
Fábio Faria termina o seu mandato de deputado federal pelo PSD em 2022. Na janela partidária, ele vai se filiar ao PP, e deve enfrentar a disputa ao Senado pelo seu estado, o Rio Grande do Norte.
7) Ciência, Tecnologia e Inovação
Marcos Pontes é o plano B do presidente Bolsonaro para a disputa do governo de São Paulo, no caso de Tarcísio disputar mesmo o Senado. A pessoas próximas, ele diz que fará o que estiver nos planos do presidente da República.
8) Desenvolvimento Regional
O ministro Rogério Marinho deve deixar o cargo para disputar uma vaga no Congresso. Ele já foi deputado federal por três mandatos e tem o desejo de ser senador, mas disputará a mesma vaga que seu colega Fábio Faria, já que os dois são do Rio Grande do Norte.
9) Secretaria de Governo
A ministra Flávia Arruda (PL) já bateu o martelo – disputará uma vaga ao Senado pelo Distrito Federal. Ela tem o apoio do Palácio do Planalto e do governador do DF, Ibaneis Rocha.
10) Turismo
Muito próximo a Bolsonaro, o ministro do Turismo, Gilson Machado, pode sair candidato, mas ainda não há definição sobre qual vaga ele disputará.
11) Trabalho
Onyx Lorenzoni, atual ministro do Trabalho, deve disputar o Governo do Rio Grande Sul.
Outro ministro que pode deixar o posto em abril é o da Saúde, Marcelo Queiroga. Apesar de ter potencial eleitoral, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, tem dito que não será candidata em 2022. O ministro da Defesa, Braga Netto, já teve o nome citado como vice de Bolsonaro nas eleições de 2022, mas fontes do Planalto negam que haja qualquer conversa nesse sentido.