Conheça o melhor lugar para ver aurora boreal nos EUA

A localização do único parque nacional de Minnesota é perfeita para a visualização de auroras boreais, que podem ocorrer durante até 200 noites por ano.

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Uma viagem durante o inverno ao Parque Nacional Voyageurs não é para os fracos. Mas os turistas que se aventuram pelo único parque nacional de Minnesota — um dos menos visitados do país — são recompensados nos meses mais frios com o avistamento das melhores auroras boreais dos Estados Unidos.

O espetáculo de luzes pode ser visto quando o Sol produz a radiação ideal durante noites de céu limpo, nas latitudes mais altas do planeta, onde a magnetosfera perde a intensidade.

Localizada acima da ionosfera, a mais de 640 quilômetros acima da Terra, a magnetosfera é bombardeada por detritos e radiação solar. O campo magnético da Terra desvia esses raios e partículas prejudiciais. Se posicionados corretamente nos lugares mais escuros, os terráqueos podem testemunhar esse bombardeio conhecido como luzes do norte ou aurora boreal.

Em tons de verde, rosa ou azul, as luzes formam faixas e cortinas no céu, transformando-se em feixes de holofotes ou brilhando como se fossem uma explosão interestelar. Às vezes, essas luzes assumem o formato de uma delicada folha de cedro ou de cursos d’água se chocando contra as rochas. No Voyageurs, — considerado, em 2020, um parque internacional de céu escuro ou International Dark Sky Park — esse espetáculo acontece durante até 200 noites por ano. O parque é uma das muitas razões pelas quais o norte de Minnesota foi eleito um dos melhores destinos do mundo pela National Geographic.

Os ojíbuas chamam a aurora boreal de Wawatay. Até hoje, eles afirmam que os Wataway são os espíritos dos ancestrais dançando no céu para celebrar a vida e lembrar aos espectadores que todos nós fazemos parte da maravilha celestial da criação.

Primeiros exploradores

O Parque Nacional Voyageurs é margeado pelo Boundary Waters Canoe Area Wilderness, do Canadá, pelo Parque Provincial Quetico e por outras florestas estaduais e nacionais. Juntas, essas áreas protegidas de mananciais e florestas são conhecidas como “Águas Fronteiriças”.

Os ojíbua (também conhecidos como chippewa e anishinaabe) habitam a região pelo menos desde o início do século 17, vindos da Costa Leste em busca de alimento. Eles colhiam arroz ao redor das Águas Fronteiriças e caçavam animais para a retirada de suas peles, trocando-as, com exploradores franco-canadenses que chegaram em 1688, por munição, rifles de pederneira, cobertores e machados.

O parque leva o nome desses comerciantes franco-canadenses conhecidos como voyageurs, ou viajantes, que se deslocaram pelos lagos interconectados da fronteira mais de um século antes da fundação do país. Esses vigorosos montanheses — famosos pelas canções que entoavam durante suas missões — remavam em enormes canoas feitas de casca de bétula, comercializando e transportando peles dos confins da América do Norte até Montreal.

Viajando em brigadas de quatro a oito canoas, eles seguiam para o oeste em busca de peles. Os avants (“homens de frente”) ficavam na proa navegando, enquanto os gouvernails (“lemes”) ficavam nove metros atrás na popa com remos de até 1,8 metro. Verdadeiros homens de ferro, os voyageurs costumavam avançar em um ritmo de até 55 remadas por minuto, mergulhando os remos em perfeita sincronia enquanto cantavam sobre o amor perdido, o tempo ou os animais.

Eles contavam com os ojíbua para atuarem como guias e fabricantes de canoas, bem como fornecedores de medicamentos fitoterápicos e aconselhamento espiritual. Mas em 1900, os ojíbua foram forçados a viver em reservas em torno da região dos Grandes Lagos nos Estados Unidos e no Canadá. Atualmente, eles vivem em sete reservas em Minnesota: Red Lake, Bois Forte, Grand Portage, White Earth, Leech Lake, Fond du Lac e Mille Lacs.

Mais ou menos na mesma época, madeireiros e garimpeiros substituíram os antigos voyageurs. Mas quando o curto período de intensa mineração acabou na região, os mineiros que moravam no local, os garimpeiros, os donos de tabernas, os comerciantes e outros exploradores abandonaram Rainy Lake City apenas alguns anos após ter sido estabelecida em Northwoods. Esse lugar de clima úmido era movimentado já foi habitado por cerca de 200 pessoas. Contudo, anos depois, os turistas continuam visitando a silenciosa cidade fantasma.

Canoe at sunset from rock island off the shore of Round Bear Island Kabetogama Lake Voyageurs ...

Uma canoa em terra firme em Round Bear Island, no Lago Kabetogama de Minnesota. No inverno, o lago congela, criando um local ideal para a pesca no gelo e para andar de snowmobile no Parque Nacional Voyageurs.

FOTO DE RAYMOND KLASS, ALAMY STOCK PHOTO

Enquanto isso, a indústria madeireira crescia. Árvores eram cortadas e represas construídas para permitir o abastecimento constante de água para as serrarias que promoviam o desmatamento da densa floresta de pinheiros. A extração de madeira terminou em 1940 quando as árvores foram todas cortadas, mas outras atividades envolvendo outros recursos, como a pesca comercial (principalmente de caviar de esturjão), continuaram em meio a uma paisagem árida repleta de tocos de pinheiros, onde novas florestas se formavam gradualmente.

Décadas depois, o Serviço Nacional de Parques dos Estados Unidos comprou a maioria das propriedades, embora o Parque Nacional Voyageurs conte com mais de 400 hectares de terras particulares. O Serviço Nacional de Parques atualmente é responsável pela manutenção das represas, além de mais de 50 campos de pesca e edifícios históricos, como o bar de Rainy Lake City.

Livre de estradas intrusivas, os locais para acampamento no Voyageurs são acessíveis apenas por barco e, portanto, são famosos entre pescadores, remadores e pilotos de barcos a motor. Os lagos do parque estão fechados para embarcações particulares para evitar a disseminação de espécies invasoras, mas o Serviço Nacional de Parques oferece passeios e aluguel de barcos. Diversos animais — como as águias-pescadoras, águias-de-cabeça-branca, esmerilhões, grandes garças-azuis, mergulhões-do-norte, cormorões, pelicanos e lontras encontrados no parque — pescam os abundantes peixes dos lagos.

Pressão ambiental

Hoje em dia, a maioria dos visitantes vem para o Voyageurs nos meses mais quentes para praticar pesca esportiva.

No entanto, a saúde dos peixes e daqueles que se alimentam deles corre risco devido à presença de mercúrio. O mercúrio despejado na água se transforma na substância tóxica metilmercúrio conforme os pequenos plânctons o consomem. Os pequenos peixes que se alimentam dos plânctons servem, por sua vez, de alimento a predadores maiores, incluindo os humanos.

Todo o ciclo da vida é afetado: aves contaminadas com mercúrio botam ovos menores ou em menor quantidade. Salamandras ficam debilitadas. Em todos os vertebrados, intoxicação por mercúrio em altas quantidades afeta a função renal, bem como os sistemas neurológico e hormonal.

Quatro patos em fila em um lago durante o amanhecer no Parque Nacional Voyageurs. O parque ...

Quatro patos em fila em um lago durante o amanhecer no Parque Nacional Voyageurs. O parque abriga diversos animais selvagens, desde águias-de-cabeça-branca a lontras e lobos.

FOTO DE RICHARD OLSENITUS, NAT GEO IMAGE COLLECTION

Os cientistas listam as chaminés das usinas de carvão como o principal fator de poluição das Águas Fronteiriças. Elas emitem mercúrio em forma de vapor, que atinge o solo durante as chuvas. Como as emendas da Lei do Ar Limpo de 1990 exigiram “purificadores” e outras técnicas para reduzir as emissões das usinas nos Estados Unidos, os pesquisadores que estudaram as Águas Fronteiriças documentaram um declínio de 20% na deposição de mercúrio entre 1985 e 2011.

Há processos em vigor para reduzir os níveis de mercúrio no Parque Nacional Voyageurs. No entanto, a poluição é duradoura e as emissões globais estão aumentando. Em 2003, os pesquisadores descobriram que as represas causam flutuações no nível da água e isso aumenta a proliferação de bactérias, intensificando a metilação do mercúrio nos lagos. À medida que o parque estabilizou os níveis de água, parte da contaminação por mercúrio diminuiu.

Em 2012, o mercúrio na água do lago e nos tecidos da perca-amarela diminuiu em dois dos quatro lagos analisados no Voyageurs. Apesar disso, todos os lagos do parque testados quanto à presença de mercúrio pela Agência de Proteção Ambiental continuam sendo listados como “poluídos”. A Secretaria de Saúde de Minnesota publica regularmente avisos específicos sobre quais peixes e lagos devem ser evitados no Parque Nacional Voyageurs.

Embora a precipitação tóxica pareça ser administrável, apesar de assustadora, não é o único problema ambiental que o Voyageurs enfrenta. Projetos de mineração de sulfeto no norte de Minnesota — assim como as usinas de energia da região que lançam mercúrio no ar — podem prejudicar ainda mais as águas do parque.

Como as empresas de mineração exploram depósitos de minério de sulfeto para extrair cobre, ouro e níquel, são produzidos outros contaminantes, como o ácido sulfúrico, que podem vazar para as águas que margeiam a região. A poluição flui rio abaixo e é absorvida por todos os mananciais. Isso nos dá uma ideia de como as demarcações do parque às vezes oferecem apenas uma segurança ilusória.

O país das maravilhas de inverno

Embora o inverno no norte de Minnesota possa ser rigoroso, o parque não fecha com a chegada da neve. As trilhas para caminhadas durante o verão se transformam em 25 km de pura diversão no inverno, com esqui e caminhadas na neve. Dos três centros de visitantes, apenas o Rainy Lake fica aberto (3 de dezembro de 2021 a 26 de maio de 2022). Durante esse período, botas de neve e esquis cross-country são oferecidos sem custo aos visitantes. Verifique a programação para caminhadas com guias.

Snowmobiles podem ser usadas pelos motoristas para percorrer mais de 170 quilômetros de trilhas demarcadas. As trilhas inclusive levam os visitantes a locais favoritos para pesca no gelo. Quando o gelo fica espesso o suficiente, duas estradas são traçadas sobre os lagos no Voyageurs. Uma começa no Centro de Visitantes Rainy Lake Center e dá acesso a diversos locais, dependendo das condições. A outro liga os centros de visitantes do Lago Kabetogama e do Rio Ash.

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Fonte nationalgeographicbrasil
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