Oposição venezuelana denuncia mais desqualificações no feudo da família Chávez
A oposição venezuelana denunciou nesta segunda-feira (6) que novas desqualificações políticas dificultaram o registro de candidatos, depois que a justiça ordenou a repetição das eleições em Barinas, terra do ex-presidente Hugo Chávez, onde o partido no poder foi derrotado nas urnas em 21 de novembro.
“Eles inabilitaram outros líderes políticos que seriam uma opção para a candidatura a governador”, acusou o opositor Freddy Superlano nesta segunda-feira (6), que foi desclassificado após derrotar o irmão mais velho de Chávez, candidato pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), atualmente no poder.
O político confirmou a desclassificação da esposa, Aurora Silva de Superlano, indicada para substituí-lo na candidatura, e do companheiro Julio César Reyes.
Superlano disse não saber os motivos de suas desclassificações. “Não há explicação, nem mesmo para a minha. Não sei porque fui inabilitado, muito menos a minha mulher”, frisou.
O estado de Barinas, no oeste, onde parentes do ex-presidente Chávez (1999-2013) ocuparam o cargo de governador por mais de duas décadas, foi o único que não divulgou os resultados das eleições.
“Há uma ameaça latente no estado de Barinas porque quem tem a possibilidade certa de ser um representante dos setores democráticos para derrotar a ditadura está ameaçado de desqualificação”, afirmou Superlano.
O partido no poder, por sua vez, acionou sua influência com a promessa de recuperar Barinas e nomeou Jorge Arreaza, ex-ministro de Chávez, como candidato, a quem Superlano chama de “paraquedista”, porque não mora nem vota em Barinas.
A televisão estatal mostrou nesta segunda-feira imagens do ato de registro de Arreaza perante o órgão eleitoral. O prazo para registro de candidaturas vencia neste 6 de dezembro.
Após uma semana de incertezas, o Supremo Tribunal de Justiça (TSJ) ordenou em 29 de novembro ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) que convocasse novas votações nesta região de 970 mil habitantes.
Em decisão divulgada uma semana após as eleições regionais, o STJ – acusado pela oposição de favorecer o governo – reconhece que as “projeções da CNE” deram a Superlano 37,60% dos votos expressos e a Argenis Chávez 37,21%, mas ressalta que o oponente se encontrava em “condição inelegível” devido a investigações administrativas e criminais por corrupção.
Um dia depois da sentença, Argenis Chávez renunciou à candidatura e reconheceu a vitória de Superlano.
O domínio de Chávez em Barinas começou com seu pai, Hugo de los Reyes Chávez, governador de 1998 a 2008; Continuou com seu irmão Adán (2008-2016), atual embaixador da Venezuela em Cuba, e passou para Argenis, desde 2017.
O PSUV elegeu 19 dos 23 governadores em eleições que marcaram o retorno da maior parte da oposição à disputa eleitoral, embora com amplas divisões que impediram candidaturas unitárias.
Por considerá-los “fraudulentos”, a oposição recusou-se a participar dos processos eleitorais de 2018, em que o presidente Maduro foi reeleito, e em 2020, quando o chavismo retomou a maioria no Parlamento.