Ibovespa fecha em alta pelo segundo dia consecutivo com fôlego das ‘blue chips’ e dados dos EUA
Texto da PEC dos Precatórios foi lido na CCJ, mas votação ficou para a semana que vem
SÃO PAULO – O Ibovespa emplacou uma segunda sessão consecutiva de ganhos nesta quarta-feira (24). A Bolsa mais uma vez encontrou apoio em ações de peso do índice, como Vale ([ativo=VALE4]) e Petrobras (PETR3;PETR4), e teve um impulso extra dos indicadores nos Estados Unidos. A agenda externa foi carregada, com alguns dados sendo antecipados em função do feriado americano de Ação de Graças – motivo pelo qual as Bolsas em Nova York estarão fechadas amanhã.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que abre espaço no Orçamento adiando o pagamento de precatórios (dívidas judiciais da União) ficou para ser votada semana que vem na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Ainda que a notícia tenha contrariado a expectativa do mercado, que contava com uma decisão ainda esta semana, o Ibovespa se firmou no terreno positivo, se saindo melhor que as Bolsas no exterior.
Analistas destacam uma combinação de indicadores dos EUA que ajudou o Ibovespa hoje. A segunda estimativa do Produto Interno Bruto (PIB) americano para o terceiro trimestre veio em alta de 2,1%, um pouco maior que a primeira estimativa, porém levemente abaixo do esperado pelos economistas. Já o índice de inflação PCE, que é referência para decisões do Banco Central americano (Federal Reserve), avançou 0,6% em outubro, alcançando 5% no acumulado dos últimos 12 meses.
Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo, explica que, por outro lado, o dado de setembro foi revisado para baixo. “E quando esses dados são revisados para baixo, o mercado vê a inflação menos forte do que anteriormente. Isso significa que a elevação de juros não precisa ser tão forte, o que dá mais gás para ativos de renda variável e traz perspectiva de fluxo para mercados emergente”, afirmou. Porém, Franchini diz que o movimento de hoje pode ter sido “um fôlego pontual”, que pode reverter com alguma notícia interna.
Por outro lado, a ata do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), o Copom do Federal Reserve, mostrou que vários membros do colegiado estão dispostos a acelerar o encerramento do programa de compra de títulos (tapering), caso a inflação se mantenha em alta. O documento mostrou também que o Fed poderia agir mais rapidamente para aumentar as taxas de juros.
“Um outro dado importante que ajudou os mercados foi a arrecadação em outubro, que teve novo recorde e ficou em R$ 179 bilhões, acima do esperado. São surpresas fiscais, com superávit primário e queda na relação entre dívida líquida e PIB, que aos poucos vão repercutindo positivamente na Bolsa”, afirmou João Beck, economista e sócio da BRA.
O Ibovespa fechou em alta de 0,83% aos 104.514 pontos. O volume negociado na sessão ficou em R$ 26,5 bilhões. O Ibovespa futuro sobe 0,44% nos últimos negócios do dia, aos 104.965 pontos.
O dólar comercial fechou em queda de 0,25% a R$ 5,594 na compra e R$ 5,595 na venda. O dólar futuro com vencimento em dezembro de 2021 é negociado em alta de 0,63% a R$ 5,611 próximo ao fechamento
No mercado de juros futuros os contratos recuaram após o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sinalizar que não deve acelerar o ritmo de aperto monetário. Na sessão estendida, o DI para janeiro de 2023 recuou 10 pontos-base para 12,16%; DI para janeiro de 2025 caiu 11 pontos-base para 11,84%; e o DI para janeiro de 2027 tinha queda de cinco pontos-base a 11,73%.
Para amanhã, o mercado aguarda a divulgação da prévia do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do mês de novembro.
Nos Estados Unidos, as Bolsas fecharam com tendências mistas após a divulgação dos indicadores e da ata do Fomc. O Dow Jones fechou em queda de 0,03%, a 35.804 pontos; o S&P teve alta de 0,23%, a 4.701 pontos; e a Nasdaq avançou 0,44%, a 15.845 pontos.
Os preços do petróleo fecharam em queda e seguem recuando nos negócios da sessão estendida. O barril do Brent recua 0,21% a US$ 82,12 e o do WTI cai 0,34% a US$ 78.24.