Governo retirou questão do Enem, diz jornal; na 3ª, Mourão negou alterações
Caso é investigado no Senado Federal; vice-presidente afirmou que prova segue metodologia do Inep
Questões consideradas “sensíveis” pelo governo Bolsonaro podem ter sido retiradas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) depois de “leitura crítica” de autoridades do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), segundo informação do jornal O Estado de S. Paulo.
Das 24 questões que foram retiradas, 13 haviam sido recolocadas no exame para manter equilibrado o TRI (Teoria de Resposta ao item), que conta com perguntas consideradas fáceis, médias e difíceis. As comissões técnicas responsáveis pela montagem das provas, depois da retirada, tentaram substituí-las. As outras 11 questões foram vetadas da prova.
O presidente do Inep, Danilo Dupas, havia imposto aos servidores que a prova não poderia ter conteúdo que não estivesse de acordo com o governo, segundo a reportagem. Isso foi uma das motivações que levaram 35 servidores do órgão a pedir demissão conjuntamente em 8 de novembro.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse na 2ª feira (15.nov.2021) em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, que agora as questões do Enem “começam a ter a cara do governo”. Segundo ele, a prova não repetirá “absurdos” do passado.
Danilo Dupas Ribeiro disse nesta 4ª feria (17.nov.2021) que o Enem será realizado normalmente mesmo depois da debandada no Inep, que organiza a aplicação.
“Primeiramente quero garantir que o Enem 2021 será realizado normalmente. Nos próximos domingos, dias 21 e 28 de novembro, não há qualquer risco em relação às aplicações. Estamos preparados e em contato com todas as aplicadoras, com a Polícia Federal e com todas as entidades envolvidas na aplicação para quaisquer eventualidades.”
Procurado pelo Poder360, o Inep não se pronunciou.
Na 3ª feira (16.nov.2021), o vice-presidente Hamilton Mourão disse que o governo não alterou nenhuma questão e que a prova segue a metodologia do Inep.
“O governo não mexeu em nenhuma questão [da prova]”, afirmou Mourão, que está como presidente interino do país durante a viagem de Bolsonaro ao Oriente Médio.
“O presidente fez menção, simplesmente, a algo que é a ideia dele. Tem liberdade para isso. E o Enem está baseado em um banco de dados que foi construído há muito tempo, as questões não estão variando. O governo não mexeu em nenhuma questão do Enem.”